sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

Vladimir Lossky - Ensaios sobre a Teologia Mística da Igreja do Oriente - Capítulo VI: A Imagem e a Semelhança




Capítulo VI
A Imagem e a Semelhança


Ainda que o homem contenha em si todos os elementos de que se compõe o universo, não é nisso que reside sua verdadeira perfeição, seu título de glória. “Não há nada de notável, diz São Gregório de Nissa, em que se queira fazer do homem a imagem e a semelhança do universo; pois a terra passa, o céu muda e todo seu conteúdo é tão transitório quanto o continente (...) Diz-se que o homem é um microcosmo (...) e, pensando exaltar a natureza humana com esse nome grandiloquente, não nos damos conta de que o homem é gratificado com as mesmas qualidades que os mosquitos e os camundongos[1]”. A perfeição do homem não está naquilo que o assimila ao conjunto das criaturas, mas naquilo que o distingue do cosmos, assimilando-o ao Criador. A Revelação nos ensina que o homem foi criado segundo a imagem e a semelhança de Deus.

Todos os Padres da Igreja, tanto do Oriente como do Ocidente, concordam em ver no fato da criação do homem à imagem e semelhança de Deus uma certa coordenação, um acordo primordial entre o ser humano e o Ser divino. Entretanto, a valorização teológica dessa verdade revelada será, no mais das vezes, diferente, embora nunca contraditória, nas tradições oriental e ocidental. O pensamento de Santo Agostinho, partindo da imagem de Deus em nós, buscará formar uma noção de Deus tentando descobrir Nele aquilo que encontramos na alma criada à sua imagem. Isso constituirá um método de analogias psicológicas aplicado ao conhecimento de Deus, à teologia. Um São Gregório de Nissa, ao contrário, escolherá como ponto de partida aquilo que a Revelação nos diz de Deus, para encontrar no homem o que nele corresponde à imagem divina. Será um método teológico aplicado ao conhecimento do homem, à antropologia. O primeiro caminho tentará conhecer a Deus a partir do homem criado à sua imagem; o segundo tentará definir a verdadeira natureza do homem a partir da noção de Deus, à imagem de quem o homem foi criado.

Quando tentamos encontrar nos escritos dos Padres uma definição clara daquilo que em nós corresponde à imagem divina, corremos o risco de nos perdermos em meio a afirmações diversas, que, sem serem discordantes, não podem ser referidas a uma parte qualquer do ser humano. Com efeito, ora se atribui o caráter de imagem de Deus à dignidade real do homem,  à sua superioridade dentro do cosmos sensível, ora se pretende vê-la na sua natureza espiritual, na sua alma, ou então na parte principal e governante (hgemonikon)de seu ser, no espírito (nous), ou nas faculdades superiores tais como a inteligência ou a razão (logos), ou na liberdade própria do homem, na faculdade de se autodeterminar desde dentro (autexousia), em virtude da qual o homem é o próprio princípio de seus atos. Às vezes Deus é assimilado a uma qualidade da alma, à sua simplicidade, à sua imortalidade, ou Ele é identificado à faculdade de conhecer a Deus, de viver em comunhão com Ele, ou com a possibilidade de participar de Deus, com a habitação do Espírito Santo na alma. Às vezes, como nas Homilias espirituais atribuídas s São Macário do Egito, a imagem de Deus se apresenta sob um duplo aspecto: primeiramente, a liberdade formal do homem, o livre arbítrio ou faculdade de escolha, que não pode ser destruída pelo pecado; por outro lado, está a “imagem celeste”, o conteúdo positivo da imagem, que é a comunhão com Deus em virtude da qual o ser humano anterior ao pecado estava revestido do Verbo e do Espírito Santo[2]. Enfim, como em Santo Irineu, São Gregório de Nissa e São Gregório Palamas, não apenas a alma, mas também o corpo humano participaria do caráter de imagem, teria sido criado à imagem de Deus. “O nome de homem, diz São Gregório Palamas, não se aplica à alma ou ao corpo separadamente, mas ao conjunto dos dois, pois juntos eles foram criados à imagem de Deus”. O homem, segundo Palamas, é “mais à imagem de Deus[3]” do que os anjos, porque seu espírito unido ao corpo possui uma energia vivificante por meio da qual ele anima e governa o corpo – faculdade da qual os anjos, espíritos incorpóreos, estão privados, ainda que estejam mais próximos de Deus graças à simplicidade de sua natureza espiritual[4].

A multiplicidade e a variedade dessas definições nos mostram que o pensamento dos Padres evita limitar a imagem de Deus a uma parte qualquer do ser humano. Com efeito, o relato bíblico não fornece nenhuma precisão sobre o caráter da imagem, mas apresenta a própria criação do homem como um ato à parte, diferente da criação dos outros seres. Como os anjos, que foram criados “em silêncio”, segundo a expressão de Santo Isaac o Sírio, o homem não é produto de uma ordem divina dirigida à terra. O próprio Deus o formou do barro da terra, com suas próprias mãos – ou seja, pelo Verbo e o Espírito Santo, segundo Santo Irineu[5] – e lhe insuflou o sopro da vida. São Gregório de Nazianze interpreta o texto do Gênesis da seguinte maneira: “O Verbo de Deus, tendo tomado uma porção da terra novamente criada, formou com suas mãos imortais nossa figura e lhe comunicou a vida: pois o espírito que Ele lhe insuflou é um jorro da invisível Divindade. Assim, da poeira e do sopro foi criado o homem, imagem do Imortal, pois em um e outro reina a natureza espiritual. É por isso que em minha qualidade de terra eu me encontro ligado à vida aqui de baixo, mas, possuindo também uma parcela divina, trago no seio o desejo da vida futura[6]”. E, na mesma homilia dedicada à alma, ele diz: “A alma é um sopro de Deus, e, sendo celeste, ela se deixa misturar com a terra. É a luz encerrada numa caverna, mas que nem por isso deixa de ser luz divina e inextinguível[7]”. Tomando essas palavras ao pé da letra deveríamos, ao que parece, deduzir dessas duas passagens o caráter Incriado da alma e ver no homem um Deus que se torna pesado pela natureza corporal, ou, a rigor, um composto de Deus e animal. Assim interpretada a criação à imagem de Deus seria uma contradição com o ensinamento cristão que vê no homem uma criatura chamada a alcançar a união com Deus, a tornar-se deus pela graça, mas que não é um deus por sua própria origem. Sem falar de outras consequências monstruosa, o problema do mal seria inconcebível nessas condições: ou bem Adão não poderia pecar, por ser Deus em sua alma, parcela da divindade, ou bem o pecado original brotaria da natureza divina – ou seja, Deus pecaria em Adão. São Gregório de Nazianze não poderia sustentar tal ponto de vista. Em sua homilia sobre a natureza humana ele de dirige à sua alma, dizendo: “Se você é realmente o sopro de Deus e a sorte divina, como você pensa, rejeite toda iniquidade para que eu possa acreditar em você (...) Como é possível que você seja a tal ponto perturbada pelas persuasões do inimigo, ao mesmo tempo em que está unida ao Espírito celeste? Se, apesar de tal assistência, você ainda pende para a terra – quão grande não será seu pecado![8]”. Misturada (kirnamenh) ao “Espírito celeste”, a alma é assistida por algo maior do que ela. É a presença nela dessa força divina que faz com que ela seja chamada de “parcela da Divindade”, pois ela tem seu princípio no “jorro de divindade” que lhe é insuflado pela graça. O “sopro divino” indica assim um modo de criação em virtude do qual o espírito humano é intimamente ligado à graça, sendo produzido por ela, como o movimento do ar é produzido pelo sopro, contém esse sopro e é inseparável dele. É uma participação à energia divina própria da alma que é designada pela expressão “parcela da divindade”. Com efeito, em uma de suas homilias São Gregório de Nazianze fala de participação a propósito das “três luzes, das quais a primeira é Deus, Luz suprema, inacessível, inefável; a segunda, os anjos, ‘como que um jorro’ (aporron tis) ou participação (metousia) da primeira Luz; a terceira é o homem, também chamado de luz por causa de seu espírito iluminado pela ‘Luz arquetipal’ que é Deus[9]”. A criação segundo a imagem e semelhança de Deus implica assim a ideia de participação ao Ser divino, de uma comunhão com Deus. Vale dizer: ela pressupõe a graça.

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A imagem de Deus no homem, na medida em que é perfeita, é necessariamente incognoscível, segundo São Gregório de Nissa, pois, ao refletir a plenitude de seu Arquétipo, ela deve também possuir a incognoscibilidade do Ser divino. É por isso que não podemos definir em que consiste a imagem de Deus no homem. Não podemos concebê-la senão por meio de uma ideia de participação dos bens infinitos de Deus. “Deus, por natureza, é todo bondade, diz São Gregório de Nissa, Ele é toda a bondade concebível, ou antes, ele ultrapassa toda bondade que se possa conceber e compreender. Ele não criou a vida humana por outro motivo senão porque Ele é bom. Sendo Ele assim, e tendo por isso mesmo empreendido da formação da natureza humana, Ele não quis manifestar pela metade a força de Sua bondade, dando ao homem uma parte de seus bens, e recusando-lhe ciumentamente a comunhão de outros. A perfeição da bondade aparece Nele pelo fato de que ele traz o homem do nada à existência e o cumula com todos os Seus bens. Ora, a lista desses bens é tão longa que não é possível enumerá-los todos. É por isso que todos eles estão contidos resumidamente na palavra que faz do homem “imagem de Deus”. Pois é como se se dissesse que Deus fez a natureza humana partícipe de todos os bens (...) Mas se a imagem fosse inteiramente semelhante à beatitude de seu Modelo, ela já não seria Sua imagem, mas se confundiria com Ele. Que diferença então percebemos nós entre o Divino e aquilo que se lhe assemelha? Essa: que o Divino é Incriado, enquanto que o homem existe por criação[10]”. É evidente que São Gregório de Nissa entende aqui como imagem de Deus a perfeição final, o estado deificado do homem que participa do pleroma divino, da plenitude dos bens. É por isso que, falando da imagem limitada à participação de alguns bens – da imagem em porvir – ele verá o caráter próprio do  homem enquanto criado segundo a imagem de Deus, sobretudo “no fato de estar liberto da necessidade e de não estar submetido à dominação da natureza, mas de poder se determinar livremente segundo seu próprio julgamento. Pois a virtude é uma coisa independente e mestra de si mesma[11]”.  É a imagem “formal”, por assim dizer, condição necessária para atingir a assimilação perfeita a Deus. Na medida em que foi criado à imagem de Deus, o homem se apresenta como um ser pessoal, como uma pessoa que não deve ser determinada pela natureza, mas que pode determinar a natureza assimilando-se ao seu Arquétipo divino.

A pessoa humana não é uma parte do ser humano, assim como as Pessoas da Trindade não são partes de Deus. É por isso que a qualidade de imagem de Deus não pertence a um elemento qualquer do composto humano, mas se refere a toda a natureza humana em sua integridade. O primeiro homem, que continha em si toda a natureza humana, era também a pessoa única. “Pois o nome de Adão, diz São Gregório de Nissa, não foi dado ao objeto criado, como nos relatos que se seguiram. O homem criado não é um nome particular, ele é o homem universal. Portanto, por meio dessa designação universal da natureza, somos convidados a compreender que a Providência e o Poder divinos abarcam todo o gênero humano já na primeira criação (...) Pois a imagem não está numa parte da natureza, nem a graça está num indivíduo dentre aqueles que ele vê, mas é sobre toda a raça que essa virtude se estende (...) Dessa perspectiva, não existe diferença entre o homem formado quando da primeira criação do mundo, e aquele que virá perto do fim do universo: eles trazem consigo igualmente a imagem divina (...) Portanto, o homem feito à imagem de Deus consiste na natureza compreendida como um todo. É ela que traz em si a semelhança divina[12]”. A imagem divina própria à pessoa de Adão se referia ao conjunto da humanidade, ao homem universal. É por isso que, na raça de Adão, a multiplicação das pessoas (das quais cada uma é a imagem de Deus) – poderíamos dizer, a multiplicação da imagem divina na pluralidade das hipóstases humanas – não se oporá absolutamente à unidade ontológica da natureza comum a todos os homens. Bem ao contrário: uma pessoa humana não poderá realizar a plenitude para a qual foi chamada, tornar-se a imagem perfeita de Deus, se se apropriar de uma parte da natureza, considerando-a como seu bem particular. Pois a imagem só atinge sua perfeição quando a natureza humana se torna semelhante à de Deus, quando ela adquire a participação total dos bens incriados. Ora, não há mais do que uma natureza comum a todos os homens, embora ela nos pareça esfacelada pelo pecado, dividida entre inúmeros indivíduos. Essa unidade primordial da natureza, restabelecida pela Igreja, se apresentará a São Paulo sob um aspecto tão absoluto, que ele a designará pelo nome de “corpo” de Cristo.

Assim é que os homens possuem uma natureza comum, uma só natureza em inúmeras pessoas humanas. Essa distinção entre a natureza e as pessoas no homem não é menos difícil de entender do que a distinção análoga entre a natureza única e as três Pessoas em Deus. Antes de tudo, é preciso se dar conta de que ignoramos a pessoa, a hipóstase humana em sua expressão verdadeira, pura e sem mistura. O que chamamos comumente de “pessoas”, de “pessoal”, designa na realidade os indivíduos, o individual. Estamos habituados a ver nesses dois termos – pessoa e indivíduo – quase que sinônimos; servimo-nos indiferentemente de um ou de outro para exprimir a mesma coisa. Ora, num certo sentido, indivíduo e pessoa têm um significado contrário, em que o indivíduo expressa uma certa mistura da pessoa com os elementos que pertencem à natureza comum, e onde a pessoa designa, ao contrário, aquilo que se distingue da natureza. Em nosso estado atual, só conhecemos as pessoas através dos indivíduos, enquanto indivíduos. Quando queremos definir, “caracterizar” uma pessoa, procuramos pelas suas propriedades individuais, os “traços de caráter”, que na verdade se encontram também em outros indivíduos, e que jamais são “pessoais”, porque pertencem à natureza. Finalmente nos damos conta de que aquilo que nos é mais caro numa pessoa, o que faz com que ela seja ela mesma, permanece indefinido, pois não existe nada em sua natureza que pertença realmente à pessoa, que seja sempre única e incomparável, “não semelhante”. O homem que é determinado por sua natureza e que age em virtude de suas propriedades naturais, de seu “caráter”, é o menos pessoal. Ele se afirma como um indivíduo, proprietário de uma natureza sua que ele opõe às naturezas dos outros como sendo seu “eu” – a confusão entre a pessoa e a natureza. Essa confusão, própria da humanidade decaída, é designada na literatura ascética da Igreja do Oriente por um termo especial: autoths, jilautia, (em russo: “samost”), cujo verdadeiro sentido não pode ser traduzido por “egoísmo”; seria preferível utilizar um barbarismo latino, e traduzi-lo por “ipseidade”.

Sentimos uma certa dificuldade diante do dogma cristológico que encara a vontade como uma função da natureza; é mais fácil para nós imaginar a pessoa que quer, que se impõe pela sua vontade. No entanto, a ideia de pessoa implica a liberdade em relação à natureza: a pessoa é livre de sua natureza, não é determinada por ela. A hipóstase humana não pode se realizar na renúncia à vontade própria, aquilo que nos determina e nos sujeita a uma necessidade natural. A individualidade, a afirmação de si mesma na qual a pessoa se confunde com a natureza e perde sua verdadeira liberdade, deve ser quebrada. Esse é o princípio fundamental do ascetismo: uma renúncia livre à vontade própria, ao simulacro de liberdade individual, para encontrar a verdadeira liberdade – a da pessoa que é a imagem de Deus própria a cada um. É por isso que, segundo São Nilo do Sinai, um monge perfeito “estimará, depois de Deus, a todos os homens como se fossem o próprio Deus[13]”. A pessoa do outro aparecerá como a imagem de Deus a quem souber se liberar de sua limitação individual para encontrar a natureza comum, realizando com isso sua própria pessoa.

Aquilo que em nós corresponde à imagem de Deus não é, portanto, uma parte da nossa natureza, mas a pessoa que compreende em si a natureza. Leôncio de Bizâncio, um teólogo do século VI, designou a natureza compreendida numa pessoa pelo termo especial enupostaton, “enipostático”, “aquilo que se encontra numa hipóstase ou numa pessoa”. Toda natureza se encontra numa hipóstase, ela é a natureza de uma hipóstase e não pode existir de outra forma, declara Leôncio[14]. Mas nos graus inferiores do ser as hipóstases significam os indivíduos, os seres individuais; elas não recebem o sentido de pessoas a menos que se trate de seres espirituais, tais como os homens, os anjos e Deus. Enquanto pessoa (e não indivíduo) a hipóstase não divide a natureza, dando lugar a muitas naturezas particulares. A Trindade não são três deuses, mas um só Deus. Se a multiplicação das pessoas humanas esfacela a natureza, dividindo-a em muitos indivíduos, é porque não conhecemos outra geração senão aquela que veio depois do pecado, na natureza humana que perdeu sua semelhança com a natureza divina. Vimos que, para São Gregório de Nissa e São Máximo, a criação de Eva já se apresentava como um ato cumprido por Deus prevendo o pecado e suas consequências para a humanidade. Entretanto, tomada da natureza de Adão, “ossos de seus ossos e carne de sua carne”, Eva, a nova pessoa humana, complementou a natureza de Adão, sendo com ele uma mesma natureza, “uma mesma carne”. Somente depois do pecado essas duas primeiras pessoas humanas se tornaram duas naturezas separadas, dois seres individuais, tendo entre si relações exteriores – os desejos da mulher dirigidos ao seu marido, e a dominação do marido exercendo-se sobre a mulher, segundo as palavras do Gênesis[15]. Depois do pecado original, a natureza humana se tornou dividida, esfacelada, desdobrada em inúmeros indivíduos. O homem passa a se apresentar sob um duplo aspecto: enquanto natureza individual ele se torna parte de um todo, um dos elementos constitutivos do universo; mas, enquanto pessoa, ele não é em absoluto uma parte, mas contém em si o todo. A natureza é o conteúdo da pessoa, a pessoa é a existência da natureza. Uma pessoa que se afirma como indivíduo, fechando-se dentro dos limites de sua natureza particular, não pode se realizar plenamente – ela se empobrece. É quando renuncia ao seu conteúdo próprio, oferecendo-o livremente, é quando cessa de existir para si mesma, que a pessoa se exprime plenamente na natureza una de todos. Ao renunciar ao seu bem particular, ela se dilata infinitamente e se enriquece por meio de tudo o que pertence a todos. A pessoa se torna a imagem perfeita de Deus ao adquirir a semelhança que é a perfeição da natureza comum a todos os homens. A distinção entre as pessoas e a natureza reproduz na humanidade a ordem de vida divina expressada pelo dogma trinitário. É o fundamento de toda a antropologia cristã, de toda moral evangélica, pois o cristianismo é uma “imitação da natureza de Deus”, segundo as palavras de São Gregório de Nissa[16].

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Enquanto imagem de Deus, o homem é um ser pessoal colocado diante de um Deus pessoal. Deus se dirige a ele como a uma pessoa, e o homem lhe responde. O homem, dizia São Basílio, é uma criatura que recebeu a ordem de se tornar deus[17]. Mas essa ordem, dirigida à liberdade humana, não é uma obrigação. Sendo um ser pessoal, o homem pode aceitar ou rejeitar a vontade de Deus. Ele seguirá sendo uma pessoa, mesmo se distanciando indefinidamente de Deus, tornando-se dissemelhante a Ele por sua natureza: isso significa que a imagem de Deus é indestrutível no homem. Ele também seguirá sendo um ser pessoal se cumprir a vontade de Deus, realizando a semelhança perfeita com Ele em sua natureza, pois, segundo São Gregório de Nazianze, “Deus honrou o homem conferindo a ele a liberdade, a fim de que o bem pertença àquele que o escolher, tanto quanto Àquele que estabeleceu as primícias do bem na natureza[18]”. Assim sendo, quer escolha o bem ou o mal, quer realize a semelhança ou a dissemelhança, o homem possuirá livremente sua natureza, porque ele é uma pessoa criada à imagem de Deus. Porém, por ser a pessoa inseparável da natureza que existe nela, toda imperfeição, toda “dissemelhança” da natureza limitará a pessoa, obscurecendo a “imagem de Deus”. Com efeito, se a liberdade nos pertence na medida em que somos pessoas, a vontade por meio da qual agimos é uma faculdade da natureza. Segundo São Máximo, a vontade é “uma força natural que tende para aquilo que é conforme à natureza, força que abarca todas as propriedades essenciais da natureza[19]”. São Máximo distingue essa vontade natural (qelhma jisikon), que é o desejo do bem para o qual tende toda natureza racional, da vontade de escolha (qelhma gnwmikon) que é própria da pessoa. A natureza quer e age, a pessoa escolhe: ela aceita ou rejeita o que quer a natureza. Entretanto, segundo São Máximo, essa liberdade de escolha é já uma imperfeição, uma limitação da verdadeira liberdade: uma natureza perfeita não tem necessidade de escolher, pois ela conhece o bem naturalmente; sua liberdade se fundamenta nesse conhecimento. Nosso livre arbítrio (gnwmh) denota a imperfeição da natureza humana decaída, a perda da semelhança divina. Tendo essa natureza sido obnubilada pelo pecado, já não conhecendo o verdadeiro bem, tendendo no mais das vezes para o que é “contrário à natureza”, a pessoa humana se vê sempre diante da necessidade de escolher; ela progredirá tateando. Chamamos a essa indecisão na ascensão para o bem de “livre arbítrio”. A pessoa chamada à união com Deus, à assimilação perfeita de sua natureza à natureza divina pela graça, está ligada a uma natureza truncada, deformada pelo pecado, esfacelada pelos desejos contrários. Conhecendo e querendo pela natureza imperfeita, ela é na prática cega e impotente, e já não sabe escolher direito, cedendo frequentemente aos impulsos da natureza que se tornou serva do pecado. Assim, aquilo que em nós à imagem de Deus, é arrastado para o abismo, ainda que permaneça livre para escolher e se voltar novamente para Deus.

O homem foi criado perfeito. Isso não quer dizer que seu estado primitivo coincidisse com seu fim último, que ele tenha estado unido a Deus desde o momento da criação. Antes do pecado, Adão não era nem uma “natureza pura”, nem um homem deificado. Como já dissemos, a cosmologia e a antropologia da Igreja do Oriente possuem um caráter dinâmico que exclui qualquer justaposição nas noções de natureza e de graça: ao contrário, elas se interpenetram, uma existe dentro da outra. São João Damasceno enxerga um mistério insondável no fato de que o homem foi criado “deificando-se”, tendendo para uma união com Deus[20]. A perfeição da natureza primeira se expressava antes de tudo nessa capacidade de se comunicar com Deus, de aderir cada vez mais à plenitude da divindade, que deveria penetrar e transfigurar a natureza criada. São Gregório de Nazianze entendia essa faculdade suprema do espírito humano quando ele falava de Deus inspirando com seu sopro da “parcela de Sua Divindade”, a graça presente desde o começo na alma capaz de receber em si e de tornar sua essa energia deificante. Pois a pessoa humana era chamada, segundo São Máximo, “a reunir pelo amor a natureza criada com a natureza incriada, fazendo-as aparecer na unidade e na identidade pela aquisição da graça[21]”. A unidade e a identidade se referem aqui à pessoa, à hipóstase humana. O homem deveria assim reunir pela graça duas naturezas em sua hipóstase criada, tornar-se um “deus criado”, um “deus pela graça”, ao encontro de Cristo, a pessoa divina que assumiu a natureza humana. O concurso das duas vontades é necessário para alcançar esse fim: de um lado, a vontade divina deificante que confere a graça pelo Espírito Santo presente na pessoa humana; de outro, a vontade humana que se submete à vontade de Deus ao receber a graça, adquirindo-a ao mesmo tempo em que a deixa penetrar inteiramente sua natureza. Sendo a vontade uma força agente da natureza racional, ela agirá pela graça na medida em que a natureza participe da graça, na medida em que ela se tornar semelhante pelo “fogo da transformação[22]”.

 Os Padres gregos representam a natureza humana, seja como um composto tripartite – espírito, alma, corpo (nous, ysich, swma) –, tanto como como a união da alma e do corpo. A diferença entre os partidários do tricotomismo e do dicotomismo se reduz, em suma, a uma questão de terminologia: os dicotomistas consideram o nous como a faculdade superior da alma racional, faculdade por meio da qual o homem entra em comunhão com Deus. A pessoa ou hipóstase humana abarca as partes desse composto natural e se expressa no conjunto do ser humano que existe nela e por ela. Imagem de Deus, a pessoa é o princípio estável da natureza, dinâmica e mutante, que sempre tende por sua vontade para um objetivo exterior. Podemos dizer que a imagem é um selo divino que marca a natureza, colocando-a numa relação pessoal com Deus, relação que é absolutamente única para cada ser. Essa relação se efetivará, se realizará, pela vontade que ordena o conjunto da natureza em direção a Deus, no qual o homem deve encontrar a plenitude de seu ser.

“A alma humana, diz São Thikon de Voronej (século XVIII), sendo um espírito criado por Deus, não pode encontrar seu contentamento, seu repouso, sua paz, sua consolação ou sua alegria em nada que não seja Deus, que a criou segundo sua imagem e semelhança. Uma vez separada Dele, ela tenta se comprazer nas criaturas e se alimenta das paixões como se fossem vagens – comida para porcos. Mas, não encontrando seu verdadeiro repouso, nem seu contentamento verdadeiro, ela finalmente morre de fome. Pois o espírito necessita de um alimento espiritual[23]”. O espírito deveria encontrar seu alimento em Deus, viver de Deus; a alma deveria se nutrir do espírito; o corpo deveria viver da alma – essa seria a ordenação primitiva da natureza imortal. Ao se desviar de Deus, o espírito, em lugar de comunicar seu alimento à alma, começa a viver às expensas da alma, nutrindo-se de sua substância (é o que chamamos habitualmente de “valores espirituais”); a alma, por sua vez, começa a viver da vida do corpo – essa é a origem das paixões; enfim, o corpo, obrigado a buscar alimento no exterior, na matéria inanimada, acaba por encontrar a morte. E o composto humano se desarticula.

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O mal entrou no mundo pela vontade. Ele não é uma natureza (jfusis), mas um estado (exis). “A natureza do bem é mais forte do que o hábito do mal, diz Diádoco de Foticéia, pois o bem é, enquanto que o mal não é, ou melhor, ele não existe senão no momento em que é exercido[24]”.  O pecado é uma doença da vontade eu se engana ao tomar por bem um fantasma do bem, segundo São Gregório de Nissa. É por isso que o próprio desejo de provar do fruto do conhecimento do bem e do mal era já um pecado, pois, segundo Gregório, o conhecimento pressupõe uma certa predisposição para o objeto que se deseja conhecer; e o mal, que é em si não-existente, não deveria ser conhecido[25]. O mal só se torna realidade por meio da vontade, vontade para um bem inexistente, para um objetivo ilusório – ele que era naturalmente predisposto a conhecer e amar a Deus – isso só pode ser explicado por uma influência exterior, pela persuasão de uma vontade estranha, à qual a vontade humana consentiu[26]. Antes de penetrar no mundo terrestre pela vontade de Adão, o mal teve seu início no mundo espiritual. A vontade dos espíritos angélicos, eternamente determinada em sua inimizade a Deus, foi a primeira a dar nascimento ao mal, que consiste numa atração da vontade para o nada, uma negação do ser, da criação, sobretudo de Deus – uma raiva furiosa da graça, à qual a vontade rebelde resiste encarniçadamente. Transformados em espíritos das trevas, os anjos decaídos ainda assim continuaram sendo seres criados por Deus, e sua determinação contrária à vontade divina se tornou uma obsessão desesperada pelo nada que eles jamais irão encontrar. Sua queda eterna em direção ao não-ser jamais terá fim. São Serafim de Sarov, o grande místico russo do século XIX, dizia, falando dos demônios: “Eles são horrorosos; sua resistência consciente à graça divina os transformou em anjos das trevas e de horrores inimagináveis. Criaturas angélicas, eles possuem um poder imenso. O menor dentre eles poderia destruir a terra, se a graça divina não tornasse impotentes sua raiva contra a criação de Deus. Assim, eles tentam destruir a criatura por dentro, inclinando a liberdade humana para o mal[27]”. O mesmo São Serafim, referindo-se sobre o homem: a primeira, vontade de Deus, perfeita e salvadora; a segunda, a do homem, que, sem ser perniciosa, tampouco é salvadora por si só; enfim, a terceira, a vontade demoníaca que busca a nossa perda.

A ascética ortodoxa possui termos específicos para designar as diferentes ações exercidas pelos espíritos do mal na alma. Os logismoi são pensamentos ou imagens que sobem das regiões inferiores da alma, do “subconsciente”. O termo prosbolh não poderia ser traduzido como “tentação”: antes ele se referiria à presença de um pensamento estrangeiro, vindo do exterior, introduzido pela vontade inimiga em nossa consciência; “não se trata de um pecado, diz São Marcos o Eremita, mas de um testemunho da nossa liberdade[28]”. O pecado só começa onde existe a sugkaqatesis[29], a adesão do espírito a um pensamento ou a uma vontade intrusa, a um certo interesse, uma atenção que marca desde logo o começo do acordo com a vontade inimiga. Pois o mal pressupõe sempre a liberdade, senão ele não seria mais do que uma violência, uma possessão exterior.

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O homem pecou livremente. No que consistiu o pecado original? Os Padres distinguem muitos momentos nessa determinação da vontade livre que separou o homem de Deus. O momento moral, e, enquanto tal, pessoal, consistiu, segundo todos, na desobediência, na transgressão da ordem divina. Se o homem tivesse recebido esse mandamento com espírito de amor filial, ele teria respondido à vontade divina com um sacrifício total; ele teria evitado voluntariamente não apenas os frutos proibidos, como ainda todo objeto exterior, para viver apenas de Deus, para aspirar unicamente à união com Ele. O mandamento divino assinalava à vontade humana o caminho a seguir para alcançar a deificação – um caminho de desligamento de tudo o que não é Deus. A vontade humana escolheu o caminho contrário; ao se separar de Deus, ela se submeteu à tirania do demônio. São Gregório de Nissa e São Máximo deram atenção sobretudo ao lado físico do pecado: em lugar de seguir sua disposição natural para Deus, o espírito humano se desviou para o mundo; ao invés de espiritualizar o corpo, ele entrou na corrente da vida animal e sensível, submetendo-se às condições materiais. São Simeão o Novo Teólogo[30] viu no pecado um desenvolvimento progressivo pelo fato de que o homem, em vez de se arrepender, tentou se justificar diante de Deus: Adão declinou de toda responsabilidade, culpando a Eva – a “mulher que me destes”, fazendo assim de Deus a causa primeira de sua queda. Eva acusou a serpente. Recusando-se a reconhecer a origem do mal exclusivamente na sua vontade livre, os homens renunciaram à possibilidade de se libertar do mal e submeteram sua liberdade à necessidade exterior. A vontade se endureceu e se fechou para Deus. “O homem deteve em si a efusão da graça divina”, dirá Filarete de Moscou[31].

Terá sido a privação da graça a causa da decadência da natureza? A noção da graça supererrogatória que se acrescentaria à natureza para ordená-la em direção a Deus é estranha à tradição da Igreja do Oriente. Enquanto imagem de Deus, a pessoa humana estava ordenada na direção de seu Arquétipo; sua natureza tendia para Deus espontaneamente pela vontade que consiste numa força espiritual e racional. A “justiça primitiva” repousava sobre o fato de que o homem, tendo sido criado por Deus, não poderia ser senão uma natureza boa, ordenada para o bem, ou seja, para a comunhão com Deus, para a aquisição da graça incriada. Se essa natureza boa entrou em desacordo com seu Criador, isso não pode ter ocorrido senão em virtude de sua faculdade de se determinar desde dentro, em seguida à sua autezousia, que conferia ao homem a possibilidade de agir e querer, não somente em conformidade com suas disposições naturais, como também contrariamente à sua natureza, a qual ele podia perverter, tornando-a “contra a natureza”. A decadência da natureza é a consequência imediata da livre determinação do homem que se quis assim, que se colocou deliberadamente nesse estado. Um estado contrário à natureza deveria conduzir à desagregação do ser humano, que levaria finalmente à morte – última separação da natureza desnaturada, separada de Deus. Não existe mais lugar para a graça incriada na natureza pervertida, na qual, segundo São Gregório de Nissa, o espírito, como um espelho invertido, ao invés de refletir a Deus, recebe em si a imagem da matéria informe[32], onde as paixões subvertem a hierarquia primeira do estado humano. A privação da graça não é a causa, mas a consequência da decadência da natureza. O homem obstruiu em si a faculdade de comungar com Deus, fechou o caminho à graça que deveria, através dele, se espalhar por toda a criação.

Essa concepção “física” do pecado e de suas consequências não exclui, na doutrina da Igreja do Oriente, um outro momento que se faz sempre sentir: o aspecto pessoal, moral, aquele da falta e do castigo. Os dois aspectos estão inseparavelmente ligados, por ser o homem não apenas uma natureza, mas também uma pessoa colocada diante de um Deus pessoal, numa relação pessoal com Ele. Se a natureza humana se desagrega em consequência do pecado, se o pecado introduz a morte no universo criado, isso não acontece apenas porque a liberdade humana criou um novo estado (exis), um novo modo existencial no mal, mas é também porque Deus colocou um limite ao pecado, permitindo que ele desembocasse na morte. “Stipendia enim peccati, mors...”.

“Nós somos os filhos de uma linhagem obscurecida”, dizia São Macário do Egito. No entanto, nada na natureza – nem mesmo os demônios – é essencialmente mau. Mas o pecado, esse anti-graça que penetra a criatura, que vive nela e a torna cativa do demônio, ela própria cativa de sua vontade petrificada para sempre no mal. Um novo polo, contrário à vontade de Deus, foi criado no mundo, ilusório em si mas real pela vontade (o paradoxo de ter sua existência na própria não-existência, segundo São Gregório de Nissa). Pela vontade do homem o mal se tornou uma força que contaminou a criação (“a terra é maldita por causa do homem”, diz o Gênesis). O cosmo que reflete sempre a magnificência divina adquire ao mesmo tempo traços sinistros, “o aspecto noturno das criaturas”, segundo o teólogo e filósofo russo príncipe Evgenii Nikolaievitch Trubetskoy. O pecado se introduziu no lugar onde deveria reinar a graça e, ao invés da plenitude divina, um abismo se abriu, escancarando, em plena criação de Deus, as portas do inferno pela vontade livre do homem.

***

Adão não cumpriu sua vocação. Ele não soube alcançar a união com Deus e a deificação do mundo criado. Aquilo que ele não realizou quando estava de posse da plenitude de sua liberdade, tornou-se impossível para ele a partir do momento em que ele se sujeitou à força exterior por sua própria vontade. A partir da queda, e até o dia do Pentecostes, a energia divina, a graça incriada e deificante permaneceu estranha à natureza humana, e não agiu sobre ela senão exteriormente, produzindo na alma efeitos criados. Os profetas e os justos do Antigo Testamento foram instrumentos da graça. A graça agiu por meio deles, mas não era apropriada aos homens como sua força pessoal. A deificação, a união com Deus pela graça, se tornara impossível. Mas o plano divino não foi abolido pela falta do homem: a vocação do primeiro Adão seria preenchida por Cristo, o segundo Adão. Deus se fez homem para que o homem possa se tornar deus, segundo as palavras de Irineu e de Atanásio, repetidas pelos Padres e pelos teólogos de todos os séculos[33]. Entretanto, essa obra realizada pelo Verbo encarnado se apresenta antes de tudo à humanidade decaída sob seu aspecto mais imediato – como obra de salvação, de redenção do mundo cativo do pecado e da morte. Fascinados pela felix culpa, esquecemos com frequência que, ao destruir a dominação do pecado, o Salvador nos abriu novamente a via da deificação que consiste no fim último do homem. A obra de Cristo chama pela obra do Espírito Santo[34].


[1] De hominis opifício, XVI, P.G., t. 44, col. 177D-180A.
[2] Hom. Spiriti, XII, I, 6, 7 etc., P.G., t. 34, col. 557-561.
[3] Prosopopeiae, P.G., t. 150, col. 1361C (obra atribuída a Palamas).
[4] Capita physica, theologica, etc., (38-39), ibid., col. 1145-1148.
[5] Contra Haereses, IV, praefatio, P.G., t., 7, col 975B.
[6] Poemata dogmática, VIII, Peri yuchs, vv. 70-75, P.G., t. 37, col. 452.
[7] Ibid., vv. 1-3, col. 446-447.
[8] Poemata moralia, XIV, Peri ths anqrwpinhs jusews, vv. 76-84, ibid., col. 761-762.
[9] In sanctum baptisma., or. XL, 5, P.G., t. 36, col 364BC.
[10] De hominis opifício, XVI, P.G., t. 44, col. 184AC.
[11] Ibid., col. 184B.
[12] Ibid., col. 185-204.
[13] Peri proseucjuhs, c. 123, P.G., t. 79, col. 1193C.
[14] Contra Nestorium er Etychium, P.G., t.86, col. 1277CD. Cf. São Máximo, P.G., t. 91, col. 557-560, e São João Damasceno, De fide orth., I, IX, 53.
[15] Gênesis 3: 16.
[16] De professione christiana, P.G., t., 46, col. 244C.
[17] Cf. São Gregório de Nazianze, In Laudem Basilii Magni, or. XLIII, §48, P.G., t. 36, col. 560A.
[18] In sanctum Pascha, or. XLV, 8, P.G., t. 36, col 632C.
[19] Opuscula theologica et polemica, Ad Marinum, P.G., t. 91, col. 45D-48A.
[20] De fide orth., II, 12, P.G., t. 94, col. 294A.
[21] De ambiguis, P.G., t. 91, col. 1308B.
[22] A expressão pur ths allaghs é de Diádoco de Foticéia, Discurso Ascético, LXVII, t. 1, pg. 363.
[23] São Thikon de Voronej, Obras, t. II, 192.
[24] Discurso Ascético, cap. III, I, 24-25, ed. Popov.
[25] De hominis opifício, XX, P.G., t. 44, col. 197-200; De oratione dominica, IV, ibid., col. 1161D-1164A.
[26] Ibid., col. 200C.
[27] Revelações de São Serafim de Sarov, Paris 1932.
[28] De baptismo, P.G., t. 65, col. 1020A.
[29] São Marcos o Eremita, Peri nomou pneumatikou, CXLII, P.G., t. 65, col. 921-924.
[30] Homilia 33, P.G., t.120, col. 499AB.
[31] Discursos e sermões, I, 5.
[32] De hominis opifício, XII, P.G., t. 44, col. 164.
[33] Santo Irineu, Adv. Harereses, V, praef. P.G., t. 7, col. 1120; Santo Atanásio, De incarn. Verbi, cap. 54, P.G., t. 25, col. 192B; São Gregório de Nazianze, Poem. Dogm., X, 5-9, P.G., t. 37, col. 465; São Gregório de Nissa, Oratio Catechetica, XXV, P.G., t. 45, col. 65D.
[34] Lucas 12: 49.

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