O autor está plenamente
consciente do quanto é inadequada essa exposição. Não se trata aqui de um
ensaio teológico em senso estrito. Essa é apenas uma mensagem ocasional escrita
apressadamente algum tempo depois de ter sido improvisada. A única intenção do
autor foi a de sugerir uma maneira pela qual o objeto poderia ser enfocado, de
modo a abrir uma discussão. O principal objetivo desse estudo foi o de provar que
a Mariologia pertence ao próprio corpo da doutrina Cristã, ou, se podemos nos
expressar assim, a um consenso doutrinal minimamente essencial, fora do qual
nenhuma verdadeira unidade de fé poderá ser reclamada.
(Georges Florovsky)
Todo o ensinamento dogmático a respeito de nossa Senhora pode ser
condensado nesses dois nomes atribuídos a ela: Mãe de Deus e Sempre Virgem
– qeotokos e aeiparqenos. Ambos os nomes possuem a autoridade formal da
Igreja Universal, bem como uma autoridade ecumênica. O Nascimento Virginal está
claramente atestado no Novo Testamento e constitui uma parte integra da
tradição Católica desde então. “Encarnou-se pelo Espírito Santo e a Virgem
Maria” (ou “nascido da Virgem Maria”) é uma frase do Credo. Não é apenas uma
afirmação de um fato histórico. Trata-se precisamente de uma afirmação do
Credo, uma solene profissão de fé. O termo “Sempre Virgem” foi formalmente
adotado pelo Quinto Concílio Ecumênico (553). E Theotokos é mais do que um nome ou título honorífico. Trata-se
antes de uma definição doutrinal – numa única palavra. Ele foi a pedra de toque
da fé verdadeira e uma marca distintiva da Ortodoxia mesmo antes do Concílio de
Éfeso (432). Já São Gregório de Nazianze alertava Cledonius: “se alguém não
reconhece Maria como Theotokos, está distanciado de Deus[1]”.
De fato, o nome foi amplamente empregado pelos Padres do século IV, e
possivelmente também do século III[2].
Ele já era tradicional quando foi contestado e repudiado por Nestorius e seu
grupo. A palavra não aparece nas Escrituras, assim como o termo omoousios também não aparece. Mas,
certamente, nem em Nicéia, nem em Éfeso, a Igreja estava inovando ou impondo um
novo artigo de fé. Uma palavra “não escriturária[3]”
foi escolhida e utilizada, precisamente para vocalizar e salvaguardar a crença
tradicional e a convicção comum às eras. É verdade, sem dúvida, que o Terceiro
Concílio Ecumênico se referia primariamente ao dogma Cristológico, e que não
formulou nenhuma doutrina Mariológica em especial. Mas, exatamente por essa
razão, é verdadeiramente notável que um termo Mariológico tenha sido
selecionado e estabelecido como o teste último da ortodoxia Cristológica, para
ser utilizado, digamos, como uma “palavra de ordem”, uma “senha” ou “jargão[4]”
na discussão Cristológica. Tratava-se realmente de uma palavra-chave para toda
a Cristologia. “Esse nome, dizia São João Damasceno, contém todo o mistério da
Encarnação[5]”.
Como habilmente colocou Petavius: Quem in
Trinitatis explicando dogmate omoousiou vox, eundem hoc in nostro Incarnationis
usum ac principatum obtinet Qeotokou nomen[6].
O motivo e propósito dessa escolha é óbvio. A doutrina Cristológica não pode
ser correta e adequadamente estabelecida sem incluir um ensinamento cabal a
respeito da Mãe de Cristo. De fato, todas as dúvidas e todos os erros
Mariológicos dos tempos modernos dependem em última precisamente de uma
absoluta confusão Cristológica. Eles revelam um irremediável “conflito em
Cristologia”. Não existe espaço para a Mãe de Deus numa “Cristologia reduzida”.
A teologia Protestante simplesmente não tem nada a dizer a respeito dela. Mas
ignorar a Mãe implica interpretar erroneamente o Filho. Por outro lado, a
pessoa da Bendita Virgem pode ser propriamente entendida e corretamente
descrita apenas num contexto Cristológico estabelecido. A Mariologia consiste
em adicionar um capítulo no tratado da Encarnação, jamais em estabelecer um
“tratado” independente. Claro, não será um capítulo casual, nem um apêndice.
Ela pertence ao próprio corpo da doutrina. O Mistério da Encarnação inclui a
Mãe do Encarnado. Algumas vezes, entretanto, a perspectiva Cristológica foi
obscurecida por um exagero devocional, por um pietismo desbalanceado. A piedade
deve ser sempre guiada e verificada pelo dogma. Mais uma vez, deve haver um
capítulo Mariológico no tratado sobre a Igreja. Mas a doutrina da Igreja em si
não passa de uma “Cristologia estendida”, a doutrina do “Cristo total”, totus Christus, caput et corpus.
O nome Theotokos enfatiza o fato de que a Criança a quem Maria deu à
luz não era um “simples homem”, não era uma pessoa humana, mas o Filho
Unigênito de Deus, “Um da Santíssima Trindade”, ainda que Encarnado. Essa é
obviamente a pedra de ângulo da fé Ortodoxa. Vamos relembrar a fórmula de
Calcedônia: “Seguindo assim os santos Padres, confessamos um único e mesmo
Filho (ena kai ton auton), nosso Senhor
Jesus Cristo (...) gerado pelo Pai como Divindade antes de todos os séculos,
mas que nos últimos dias, por nós e para nossa salvação, o mesmíssimo (ton auton), nascido de Maria, a Virgem Mãe de
Deus, como Humanidade”. Toda a ênfase está na absoluta identidade da Pessoa: o
Mesmo, o Mesmíssimo, unus identique
segundo São Leão. Isso implica uma dupla
geração do Verbo divino (mas enfaticamente não uma dupla Filiação; essa seria precisamente a perversão
Nestoriana). Não existe senão um Filho:
Aquele que nasceu da Virgem Maria é,
em sentido pleno, o Filho de Deus. Como disse São João Damasceno, a Santa
Virgem não gerou “um homem comum, mas o verdadeiro Deus[7]”,
“não nu, mas encarnado[8]”.
O Mesmo, nascido do Pai desde toda eternidade, “nos últimos dias” nasceu da
Virgem “sem nenhuma alteração[9]”.
Não existe confusão de naturezas. A “segunda genhsis”
é de fato a Encarnação. Nenhuma nova
pessoa veio à existência quando o Filho de Maria engravidou e deu à luz: apenas
o Eterno Filho de Deus se tornou homem. É nisso que consiste o mistério da
divina Maternidade da Virgem Maria. Pois, de fato, a Maternidade constitui uma relação pessoal, uma relação entre
pessoas. Porém, o Filho de Maria era em verdade uma Pessoa divina. O nome Theotokos é uma consequência inevitável
do nome Theantropos, o Deus-Homem.
Ambos se afirmaram e nasceram juntos. A doutrina da União Hipostática implica e
solicita a concepção da divina Maternidade. Infelizmente, o mistério da
Encarnação foi tratado modernamente com frequência de modo demasiado abstrato,
como se não passasse de um problema metafísico, ou mesmo de um enigma
dialético. É fácil entregar-se à dialética do Finito e do Infinito, do Temporal
e do Eterno, etc., como se esses fossem termos de alguma relação lógica ou
metafísica. Corre-se o risco de passar por cima, ou de perder de vista, o ponto
essencial: a Encarnação foi precisamente uma ação poderosa do Deus Vivo, sua
intervenção mais pessoal na
existência criada, de fato uma “descida” da pessoa Divina, de Deus em pessoa. Mais uma vez, existe aqui um
sabor docético[10]
sutil, mas real, nas tentativas mais recentes de reescrever a fé tradicional em
termos modernos. Existe uma tendência a enfatizar excessivamente a iniciativa
divina na Encarnação, a tal ponto que que a própria existência histórica do
Encarnado desaparece num “Incógnito Filho de Deus”. A identidade direta do
Jesus histórico de do Filho de Deus é negada explicitamente. Todo o impacto da
Encarnação é reduzido a símbolos: o Senhor Encarnado é visto mais como um
expoente de algum nobre princípio ou ideia (seja a Ira de Deus ou o Amor, a
Cólera ou a Misericórdia, o Julgamento ou o Perdão), do que como uma Pessoa
viva. Em ambos os casos as implicações pessoais da Encarnação são passadas por
alto ou negligenciadas – falo de nossa adoção na verdadeira filiação de Deus no
Senhor Encarnado. Ora, algo de muito real e definitivo aconteceu com o homem e
para o homem quando o Verbo de Deus “se fez carne e habitou entre nós”, ou
antes, “fez sua morada em nosso meio” – de fato, uma transformação pictórica, eskhnwsen em hmin[11].
“Mas quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho,
nascido de uma mulher[12]”.
Essa é uma afirmação escriturária a respeito do mesmo mistério pelo qual os
Padres disputaram em Calcedônia. Mas qual é o sentido pleno e o propósito da
expressão “nascido de uma mulher”? A Maternidade, em geral, n]ao se esgota no
mero fato da procriação física. Seria de uma cegueira lamentável se
ignorássemos esse aspecto espiritual. De fato, a procriação em si estabelece
uma relação espiritual íntima entre a mãe e a criança. Essa relação é única e
recíproca, e sua essência consiste na afeição ou amor. Podemos nós ignorar essa
implicação do fato de que nosso Senhor “nasceu da Virgem Maria”? Certamente,
nenhuma redução docética é permissível nesse caso, assim como deve também ser
evitada em qualquer outro aspecto da Cristologia. Jesus era (e é) o Deus
Eterno, e também Encarnado, e Maria era Sua Mãe em sentido pleno. De outra
forma, a Encarnação não teria sido genuína. Mas isso significa precisamente que
para o Senhor Encarnado existe uma pessoa humana específica em relação à qual
Ele possui uma relação especial – em termos precisos, uma pessoa em relação à
qual Ele não é apenas o Senhor e Salvador, mas também o Filho. Por outro lado,
Maria era a verdadeira mãe de seu Filho – a verdade de sua maternidade humana
não é menos relevante e importante do que o mistério de sua maternidade divina.
Mas a Criança era divina. Ainda assim, as implicações espirituais de sua
maternidade não poderiam ser diminuídas pelo caráter excepcional do caso, nem
poderia Jesus deixar de ser verdadeiramente humano em sua resposta filial ao
afeto materno daquela de quem Ele nascera. Isso não é uma especulação vã. De fato,
seria uma impertinência violar o sagrado campo dessa intimidade sem paralelo
entre a Mãe e seu divino Filho. Mas seria não menos impertinente ignorar o
mistério. Em qualquer caso, equivaleria a um empobrecimento da ideia se
víssemos a Virgem Mãe apenas como um instrumento físico para que o Senhor
tomasse a carne. Ademais, tal erro de interpretação é formalmente excluído pelo
ensinamento explícito da Igreja, atestado desde os primeiros tempos: ela nunca
foi um “canal” através do qual veio o Senhor Celestial, mas, realmente, a mãe
de quem Ele obteve Sua humanidade. São João Damasceno resume precisamente com
essas palavras o ensinamento Católico: Ele não veio como “através de um
conduto” (ws dia swlhnos), mas assumiu dela
(ex auths) uma natureza humana consubstancial
à nossa[13].
Maria “encontrou favor em Deus[14]”.
Ela foi escolhida e foi-lhe ordenado que servisse ao Mistério da Encarnação. E,
por causa dessa eleição eterna ou predestinação, ela foi, de certo modo,
colocada à parte e recebeu um privilégio e uma posição únicos em toda a
humanidade, e mesmo em toda a criação. É como se ela tivesse recebido um grau
transcendente. Em primeiro lugar, ela era representativa da raça humana, e foi
assim colocada à parte. Existe uma antinomia aqui, implicada na divina eleição.
Ela foi colocada à parte. Ela foi colocada numa posição única e sem paralelo
com Deus e com a Santíssima Trindade, mesmo antes da Encarnação, em sua
condição prospectiva de Mãe do Senhor Encarnado, exatamente porque isso não
iria constituir um acontecimento histórico ordinário, mas a importante
consumação do decreto eterno de Deus. Ela ocupava uma posição única, mesmo
dentro do plano divino da salvação. Através da Encarnação, a natureza humana
foi restaurada novamente à amizade com Deus, que havia sido destruída e
ab-rogada depois da Queda. A humanidade sagrada de Jesus foi a ponte que
superou o abismo do pecado. E essa humanidade foi recebida da Virgem Maria. A
própria Encarnação constituiu um novo começo no destino do homem, o começo de
uma nova humanidade. Na Encarnação nasceu o “homem novo”, o “Último Adão”: Ele
era verdadeiramente humano, mas era também mais do que homem: “o segundo homem
é o Senhor dos céus[15]”.
Enquanto Mãe desse “Segundo Homem”, a própria Maria estava participando do
mistério da recriação redentora do mundo. Certamente, ela deve ser contada
entre os redimidos. Ela evidentemente necessitava a salvação, Seu Filho é seu
Redentor e Salvador, assim como é o Redentor do mundo. Sim, ela é o único ser
humano para quem o Redentor foi também um filho, seu verdadeiro filho, a quem
ela gerou. Jesus realmente nasceu “não da vontade da carne, nem da vontade
humana, mas de Deus[16]”,
mas, ao mesmo tempo, ele é o “fruto do ventre” de Maria. Seu nascimento
sobrenatural constitui o modelo e a fonte da nova existência, do novo e
espiritual nascimento de todos os fiéis, que não é outra coisa do que a
participação em sua santa humanidade, uma adoção à filiação de Deus – no
“segundo homem”, no “último Adão”. A Mãe do “segundo homem” necessariamente
deveria ter seu caminho específico e peculiar nessa nova vida. Não é demasiado
dizer que, para ela, a Redenção foi, em certo sentido, antecipada no próprio
fato da Encarnação em si – e antecipada de um modo peculiar e pessoal. “O
Espírito Santo desceu sobre ela, e o poder do Altíssimo ocultou-a com Sua
sombra[17]”.
Isso constituiu uma verdadeira “presença
teofânica” – na plenitude da graça e do Espírito. A “sombra” é precisamente um
símbolo teofânico. E Maria estava realmente “cheia de graça”, gratia plena, kecaritwmenh. A Anunciação foi para ela uma espécie de
Pentecoste antecipado. Somos compelidos a arriscar esse ousado paralelismo pela
inescrutável lógica da eleição divina. Pois, de fato, não podemos encarar a
Encarnação apenas como um milagre metafísico sem qualquer relação com o destino
pessoal e a existência das pessoas envolvidas. O homem jamais lidou com Deus
como se não passasse de uma ferramenta nas mãos do mestre. Pois o homem é uma
pessoa viva. De modo algum pode ter havido uma graça “instrumental”, quando a
Virgem foi “coberta pela sombra” do poder do Altíssimo. A posição única da
Virgem Maria não foi obviamente uma aquisição sua, não uma mera “recompensa”
por seus “méritos” – nem mesmo foi a plenitude da graça dada a ela em
“previsão” de seus méritos e virtudes. Tratou-se acima de tudo de um dom
gratuito de Deus, em sentido estrito – gratia
grátis data. Foi uma eleição eterna e absoluta, embora não incondicional –
pois estava condicionada e relacionada ao mistério da Encarnação. Maria obteve
sua posição única e constituiu-se numa “própria categoria”, não como mera
Virgem, mas como Virgem-Mãe, parqenomhthr,
como a Mãe predestinada do Senhor. Ela possuiu uma dupla função na Encarnação.
De um lado, ela assegurou a continuidade da raça humana. Seu Filho foi, em
virtude de seu “segundo nascimento”, o Filho de Davi, de Abrahão e de todos os
“antepassados” (o que é enfatizado nas duas versões da genealogia de Jesus). Na
frase de Santo Irineu, Ele “recapitulou em si o longo registro da humanidade[18]”,
“reunindo em si todas as nações, que estavam dispersas desde Adão[19]”,
e “tomou sobre si o caminho antigo da criação[20]”.
Mas, por outro lado, Ele” manifestou um novo tipo de geração[21]”.
Ele era o Novo Adão. Esse foi a mais
drástica solução de continuidade, a verdadeira reversão do processo anterior. E
essa “reversão” começa precisamente com a Encarnação, com o Nascimento do
“Segundo Homem”. Santo Irineu fala de recirculação
– de Maria a Eva[22]. Enquanto
Mãe do Novo Homem, Maria teve antecipada sua participação nessa novidade.
Naturalmente, Jesus Cristo é o único Senhor e Redentor. Mas Maria é Sua mãe.
Ela é a estrela da manhã que anuncia o nascer do sol, o nascimento do
verdadeiro Sol salutis: asthr emjainwn ton Hlion. Ela é a “aurora do
dia místico”, augh mustikhs hmeras (ambas as frases são do Hino
Akathisto). E, em certo sentido, mesmo o nascimento de nossa Senhora pertence
ao mistério da salvação. “Teu nascimento, ó Mãe de Deus e Virgem, encheu de
alegria todo o universo – pois de ti nasceu o Sol de Justiça, Cristo nosso Deus[23]”.
O pensamento Cristão se move sempre na dimensão das personalidades, não no
domínio de ideias gerais. Ele apreende o mistério da Encarnação enquanto
mistério da Mãe e da Criança. Essa é uma salvaguarda definitiva contra qualquer
docetismo abstrato, uma salvaguarda contra a concretude evangélica. O ícone
tradicional da Bendita Virgem, na tradição Oriental, é precisamente um ícone da
Encarnação: a Virgem está sempre com o Menino. E, certamente, nenhum ícone,
isso é, nenhuma imagem da Encarnação, será jamais possível sem a Virgem Mãe.
Mais uma vez, a Anunciação é “o começo de nossa salvação e a revelação
do mistério que existe desde a eternidade: o Filho de Deus se tornou Filho da
Virgem, e Gabriel proclamou as boas novas da graça[24]”.
A vontade divina foi proclamada e declarada pelo arcanjo. Mas a Virgem não
permaneceu em silêncio. Ela respondeu ao chamado divino, respondeu com
humildade e fé. “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a Sua
vontade”. A vontade divina foi aceita e recebeu sua resposta. A obediência de
Maria contrabalança a desobediência de Eva. Nesse sentido, a Virgem Maria é a
Segunda Eva, assim como seu Filho é o Segundo Adão. Esse paralelo foi estabelecido
desde muito cedo. O mais antigo testemunho foi dado por São Justino[25],
e em Santo Irineu encontramos uma concepção elaborada, organicamente conectada
com a ideia básica da recapitulação. “Assim como Eva foi seduzida pela fala de
um anjo, também Maria recebeu as boas novas por meio da fala de um anjo, para
que carregasse a Deus em seu seio, sendo obediente a essas palavras. E, embora
a primeira tenha desobedecido a Deus, a outra foi atraída no sentido de
obedecer a Deus; assim, a Virgem Maria se tornou a advogada de Eva. E assim
como a raça humana foi levada à morte por uma virgem, por uma virgem foi salva,
e assim o equilíbrio foi preservado, entre a desobediência de uma virgem e a
obediência de outra[26]”.
E ainda: “Assim o nó que constituiu a desobediência de Eva foi desatado pela
obediência de Maria; e o que foi amarrado pela incredulidade de Eva, soltou-se
pela fé de Maria[27]”.
Essa concepção era tradicional, especialmente no ensinamento catequético, tanto
no Leste como o Oeste. “Trata-se de um grande sacramento (magnum sacramentum) que, por causa de uma mulher, a morte tenha se
tornado nosso fado, e que a vida tenha nascido de uma mulher”, diz Santo
Agostinho[28]. “A
morte veio por Eva, a vida por Maria”, declara São Jerônimo[29].
Permitam-me citar ainda uma passagem admirável e concisa de um dos sermões do
Metropolita Filarete de Moscou (1782-1867), no dia da Anunciação: “Durante os
dias da criação do mundo, quando Deus proclamou suas palavras vivas e
poderosas: “Faça-se...”, Suas palavras trouxeram as criaturas à existência. Mas
no dia, único na existência do mundo, em que a Santíssima Maria expressou seu
humilde e obediente “faça-se”, eu não ouso expressar o que se passou então – a
palavra da criatura causou a descida do Criador ao mundo. Também Deus proclamou
sua palavra então: “Você irã conceber em seu seio e gestar um filho (...) Ele
será grande (...) Ele reinará sobre a casa de Jacó para sempre[30]”.
E mais uma vez acontece aquilo que é divino e incompreensível – a própria
palavra de Deus posterga sua ação, permitindo-se ser recusada pela palavra de
Maria: “Como pode ser isso?”. Seu humilde “faça-se” era necessário para a
realização do poderoso “Faça-se” de Deus. Que secreto poder está contido nessas
simples palavras: “Eis aqui a serva do Senhor: faça-se em mim segundo a Sua
vontade” – para produzir um efeito tão extraordinário? Esse poder maravilhoso é
a pura e perfeita autodedicação de Maria a Deus, a dedicação de sua vontade, de
seu pensamento, de sua alma, de todo o seu ser, de todas as suas faculdades, de
todas as suas ações, de todas as suas esperanças e expectativas[31]”.
A Encarnação foi de fato um ato soberano de Deus, mas foi uma revelação não só
de seu poder onipotente, como, acima de tudo, de seu amor e compaixão
paternais. Ali estava implicado mais uma vez um chamado à liberdade humana,
assim como um apelo à liberdade esteve implicado no próprio ato da criação,
especificamente na criação dos seres racionais. Naturalmente, a iniciativa era
divina. Porém, como os meios de salvação escolhidos por Deus consistiam numa
verdadeira assumpção da verdadeira natureza humana pela Pessoa divina, era
preciso que o homem tivesse uma participação ativa no mistério. Maria estava
vocalizando a resposta obediente do homem ao decreto redentor do amor divino, e
dessa maneira ela se tornou representativa de toda a raça humana. É como se ela
exemplificasse em sua pessoa toda a humanidade. Sua aceitação obediente e
alegre do propósito redentor de Deus, tão belamente expresso no Magnificat, foi um ato de liberdade. De
fato, foi uma liberdade de obediência, não de iniciativa – mas ainda assim uma
verdadeira liberdade, uma liberdade de amor e adoração, de humildade e crença –
e uma liberdade de cooperação[32].
É isso que significa a liberdade humana. A graça de Deus jamais pode ser
acrescentada, como que mecanicamente. Ela precisa ser recebida em livre
obediência e submissão.
Maria foi escolhida e eleita para ser a Mãe do Senhor Encarnado.
Devemos assumir que ela foi moldada para esse ofício temível, que ela foi
preparada para esse chamado excepcional – e preparada por Deus. Podemos definir
com propriedade a natureza e o caráter dessa preparação? Estamos aqui diante de
uma antinomia crucial (de que já falamos acima). A Virgem Abençoada era representativa da raça, isso é, da raça
humana decaída, do “velho Adão”. Ela foi colocada à parte
pelo plano eterno de Deus, mas essa “separação” não tinha como objetivo
destruir sua solidariedade essencial para com o resto da humanidade. Será
possível resolvermos esse mistério antinômico por meio de algum esquema lógico?
O dogma Católico Romano da Imaculada Concepção da Virgem Maria constitui uma
nobre tentativa de sugerir uma solução. Mas essa solução só é válida no
contexto de uma doutrina específica e altamente irregular a respeito do pecado
original, e não funciona fora desse quadro particular. Estritamente falando,
esse “dogma” consiste numa complicação desnecessária, e sua terminologia
infeliz só obscurece a indiscutível verdade da crença Católica. Os privilégios
da divina Maternidade não dependem de uma “libertação do pecado original”. A
plenitude da graça foi verdadeiramente concedida à Virgem Maria, e sua pureza
pessoal foi preservada pela assistência perpétua do Espírito. Mas isso não
implicou a abolição do pecado. O pecado só foi destruído no lenho da Cruz, e
nenhuma isenção era possível, simplesmente pelo fato de que ele constituía a
condição geral e comum a toda a existência humana. Ele não foi destruído nem
mesmo aquando da Encarnação, embora a Encarnação tenha sido a inauguração da
Nova Criação. A Encarnação não foi outra coisa que a base e o ponto de partida
da obra redentora do Senhor. E o próprio “Segundo Homem” entrou em Sua plena
glória pela porta da morte. A Redenção constituiu um ato complexo, e é preciso
distinguir cuidadosamente seus diversos momentos, embora eles fossem
supremamente integrados no único e eterno plano de Deus. Estando integrados no
plano eterno, esses momentos se refletem em cada representação temporal, e sua
consumação final está prefigurada e antecipada desde os primeiros estágios.
Existiu de fato um progresso real na história da Redenção. Maria recebeu a
graça da Encarnação, enquanto Mãe do Encarnado, mas essa não foi ainda a graça total, uma vez que a Redenção ainda não
havia se realizado. Ainda assim, sua pureza pessoal
era possível mesmo num mundo não redimido, ou melhor – num mundo que estava em
processo de Redenção. A verdadeira questão teológica é a da eleição divina. A
Mãe e o Menino estão inseparavelmente ligados no decreto único da Encarnação.
Enquanto evento, a Encarnação constitui o ponto de mutação da história – e esse
ponto de mutação é inevitavelmente antinômico: ele pertence ao mesmo tempo ao
Velho e ao Novo. O resto é silêncio. Devemos permanecer em tremor e temor no
limiar do mistério.
A experiência íntima da Mãe do Senhor está oculta a nós. Ninguém
jamais esteve apto a partilhar dessa experiência única, pela própria natureza
do caso. Trata-se do mistério da pessoa. Isso explica a reticência dogmática da
Igreja em relação à doutrina Mariológica. A Igreja fala dela mais numa
linguagem de poesia devocional, numa linguagem de metáforas e imagens
antinômicas. Não existe necessidade, nem motivo, para assumir que a Virgem
Abençoada tenha realizado desde o início toda a plenitude e todas as
implicações desse privilégio único concedido a ela pela graça de Deus. Não
existe necessidade, nem motivo, para interpretar a “plenitude” da graça num
sentido literal, incluindo aí todas as perfeições possíveis e toda a variedade
dos dons espirituais particulares. A plenitude era para ela, ela estava cheia
de graça. E, inclusive, tratava-se de uma plenitude “especializada”, a graça da
Mãe de Deus, da Virgem Mãe, da “Noiva sem noivo”, Numjh anumjeuth. De fato, ela tinha seu próprio caminho
espiritual, seu próprio crescimento na graça. O significado completo do
mistério da salvação foi apreendido por ela gradativamente. E ela teve sua
própria parte no sacrifício da Cruz: “Quanto a você, uma espada há de
atravessar-lhe a alma[33]”.
Somente na Ressurreição a luz brilhou com toda sua intensidade. Até esse
momento, o próprio Jesus ainda não havia sido glorificado. É depois da Ascensão
que encontramos a Virgem Abençoada entre os Doze, no centro da Igreja
crescente. Um ponto está fora de dúvida. A Virgem Abençoada ficou para sempre
marcada, se podemos nos exprimir assim, pela saudação angélica, pela anunciação
e pelo surpreendente mistério do nascimento virginal. Como poderia ela não ter
sido marcada? Mais uma vez, o mistério de sua experiência se oculta a nós. Mas
podemos nos esquivar a essa piedosa suposição sem trair o próprio mistério? “Maria,
porém, conservava todos esses fatos, e meditava sobre eles em seu coração[34]”.
Sua vida interior estava concentrada nesse evento crucial de sua história.
Pois, de fato, o mistério da Encarnação foi para ela também o mistério de sua
própria existência. Sua situação existencial era única e peculiar. Ela tinha
que se adequar à dignidade sem precedentes dessa situação. Talvez seja aí que
reside a essência de sua dignidade particular, que é descrita como “Sempre
Virgem”. Ela é a Virgem. Ora, a
virgindade não consiste simplesmente numa condição corpórea ou numa
configuração física em si. Acima de tudo está uma atitude espiritual e interior, e, fora dessa, a condição corporal
seria totalmente desprovida de sentido. O título de Sempre Virgem significa
certamente mais do que uma afirmação “fisiológica”. Ele não se refere apenas ao
nascimento virginal. Ele não implica apenas uma exclusão de qualquer intercurso
marital posterior (que, aliás, seria por completo inconcebível se de fato
crermos no nascimento virginal e na Divindade de Jesus). Em primeiro lugar, ele
exclui todo e qualquer envolvimento “erótico”, todo e qualquer desejo ou paixão
egoísta e sensual, toda e qualquer dissipação do coração e da mente. A
integridade corporal, ou a incorrupção, não passam de um sinal exterior de uma
pureza interior. O ponto em questão é precisamente a pureza de seu coração,
essa condição indispensável para “ver a Deus”. Trata-se da libertação em
relação às paixões, da verdadeira apaqeia,
que sempre foi descrita como a essência da vida espiritual. A liberdade em
relação às paixões e desejos constitui a epiqumia,
a impermeabilidade aos maus pensamentos, conforme São João Damasceno coloca. Sua
alma era governada apenas por Deus (Qeogubernhton),
ela estava supremamente ligada a Ele. Todo seu desejo estava voltado para
dignas de desejo e afeição – São João diz tetammenh,
atraída, inclinada. Ela não tinha paixões,
qumon. Ela preservou para sempre a virgindade ne mente, na alma e no
corpo[35].
Tratava-se de uma orientação imperturbável de toda sua vida pessoal para Deus,
uma autodedicação completa. Ser verdadeiramente a “serva do Senhor” significa exatamente
ser sempre-virgem, e não possuir nenhuma preocupação carnal. A virgindade
espiritual é imaculada, sem pecado, mas ainda não consiste na “perfeição”, e
não liberta das tentações. Mesmo o Senhor esteve, nesse sentido, sujeito às
tentações, e foi realmente tentado por Satanás no deserto. Talvez nossa Senhora
tenha também tido suas tentações, mas ela as superou com sua firma confiança no
chamado de Deus. Mesmo o amor materno comum culmina numa identificação
espiritual com a criança, que tantas vezes implica o sacrifício e a
autonegação. Nada menos do que isso deve ser entendido no caso de Maria: seu
Filho seria grande e iria ser chamado de Filho do Altíssimo[36].
Obviamente, Ele era “o que estava por vir”, o Messias[37].
Isso é especificamente professado por Maria no Magnificat, um hino de louvor e ação de graças. Maria não poderia
ter deixado de se dar conta disso, ainda que fracamente, por algum tempo, e
gradualmente, na medida em que ela ponderava todas as gloriosas promessas em
seu coração. Esse era o único caminho concebível para ela. Ela teve que ser
absorvida por esse pensamento único, numa confiança obediente ao Senhor “que
viu a baixeza de Sua serva” e “fez grandes coisas [por ela]”. É exatamente
assim que São Paulo descreve o estado e o privilégio da virgindade: “a mulher
solteira e a virgem meditam nas coisas do Senhor, a fim de serem santas de
corpo e espírito[38]”.
O clímax dessa aspiração virginal constitui a santidade da Virgem Mãe puríssima
e imaculada.
O Cardeal Newman, em seu admirável “Carta ao Ver. E. B. Pusey, D. D.,
por ocasião de seu Eirenicon[39]”
(1865), diz com acerto: “A Teologia se ocupa de assuntos sobrenaturais, e está
sempre caminhando entre mistérios que a razão não é capaz de explicar nem
resolver. Suas linhas de pensamento chegam a um fim abrupto, e tentar
prosseguir com elas equivale a mergulhar no abismo. Santo Agostinho nos alerta
a esse respeito, dizendo que se tentarmos unir as pontas de duas linhas que se
estendem ao infinito, só entraremos em contradição conosco mesmos”. É de geral
acordo que as considerações definitivas que determinam uma verdadeira avaliação
de quaisquer pontos específicos da tradição Cristã, são doutrinais. Nenhum
argumento puramente histórico, seja da antiguidade, seja esquecido, poderá ser
decisivo. São sempre objeto de escrutínios teológicos ulteriores e de revisão
segundo a perspectiva da fé Cristã tomada em sua totalidade. A questão
definitiva é simplesmente essa: somos realmente capazes de conservar a fé na
Bíblia e na Igreja, aceitamos e recitamos o Credo Católico exatamente no
sentido em que ele foi desenhado e no qual se supõe seja entendido, realmente
acreditamos na verdade da Encarnação? Permitam-me citar Newman mais uma vez:
“Eu já disse antes, quando trabalhamos essa ideia, que Maria gerou, amamentou e
carregou nos braços o Eterno em forma de um menino, e assim, qual é o limite
concebível para o dilúvio de pensamentos que essa doutrina envolve? Quanto
espanto e surpresa devemos esperar desse conhecimento, do fato de que uma
criatura tenha chegado tão perto da Essência Divina?[40]”.
Felizmente, o teólogo Católico não está abandonado à lógica e à erudição. Ele é
conduzido pela fé: credo ut intelligam.
A fé ilumina a razão. E a erudição, a memória do passado, é impulsionada pela
experiência contínua da Igreja. O teólogo Católico é guiado pelo ensinamento
sob a autoridade da Igreja, por sua tradição viva. Mas, acima de tudo, ele próprio vive na Igreja, que é o
Corpo de Cristo. O mistério da Encarnação, podemos dizer, continua a ser
representado na Igreja, e suas “implicações” são reveladas e abertas à
experiência devocional e à participação sacramental. Na Comunhão dos Santos,
que é verdadeiramente a Igreja Católica e Universal, o mistério da Nova
Humanidade é revelado como uma nova situação existencial. E nessa perspectiva e
nesse contexto vivo do Corpo Místico de Cristo a pessoa da Abençoada Virgem e
Mãe aparece em sua plena luz e glória. A Igreja a contempla agora num estado de
perfeição. Ela agora é vista inseparavelmente unida ao seu Filho, que “está sentado
à direita do Pai”. Para ela, a consumação da vida já chegou, como uma
antecipação. “Foste além da Vida, tu que és a Mãe da Vida”, reconhece a Igreja,
“nenhum sepulcro ou morte teve poder sobre a Mãe de Deus (...) pois a Mãe da
Vida veio à Vida por Aquele que habitou em seu seio eternamente virgem[41]”.
Mais uma vez, não se trata tanto de uma recompensa celestial por sua pureza e
virtude, mas de uma “implicação” por seu ofício sublime, por ser a Mãe de Deus,
Theotokos. A Igreja Triunfante é,
acima de tudo, a Igreja de adoração, e sua existência constitui uma
participação no ofício de intercessão de Cristo e no Seu amor redentor. A
incorporação a Cristo, que constitui a essência da Igreja e de toda a
existência Cristã, é, antes de qualquer coisa, uma incorporação ao seu amor
sacrificial pela humanidade. E existe aqui um lugar especial para aquela que
está unida ao Redentor pela íntima e única afeição e devoção maternal. A Mãe de
Deus é verdadeiramente a mãe comum a todos os vivos, a toda a raça Cristã, nascida
ou renascida no Espírito e verdade. Uma identidade afetiva com a criança,
consuma-se aqui em sua perfeição última. A Igreja não dogmatiza muito respeito
desses mistérios de sua própria existência. Pois o mistério de Maria é
precisamente o mistério da Igreja. Mater
Ecclesia e Virgo Mater, ambas
deram nascimento à Nova Vida. E ambas são orantes.
A Igreja convida o fiel e o ajuda a crescer espiritualmente nesses mistérios da
fé que são também os mistérios de sua própria existência e de seu destino
espiritual. Na Igreja o fiel aprende a contemplar e a adorar o Cristo vivo,
junto com toda a assembleia e a Igreja do Primogênito, que está inscrita no céu[42].
E nessa assembleia gloriosa ele distingue a eminente pessoa da Virgem Mãe do Senhor
e Redentor, cheia de graça e amor, de caridade e compaixão – “Mais venerável
que os Querubins, e mais gloriosa que os Serafins, que ilibadamente deste à luz
o Verbo de Deus”. À luz dessa contemplação e no espírito de fé, o teólogo deve
realizar seu ofício de interpretar aos fiéis e aos que buscam a verdade, o
mistério insuperável da Encarnação. Esse mistério continua a ser simbolizado,
como o era no tempo dos Padres, por um nome simples e glorioso: Maria, Theotokos, a Mãe do Deus Encarnado.
[1] Epístola 101.
[2]
Por Orígenes, por exemplo, cf. Sócrates, Hist.
Eccl., VII, 32, e nos textos preservados em séries, como In Lucam Hom. 6-7, ed. Rauer, 44. 10 e
50. 9.
[4]
(inglês) Shibbollet.
[5] De Fide Orth., III, 12.
[6] De Incarnatione, liv. V, cap. 15.
[9] De Fide Orth. III, 12.
[10]
Docetismo (do grego δοκέω, "para parecer") é o nome dado a uma
doutrina cristã do século II, considerada herética pela Igreja primitiva.
Antecedente do gnosticismo, acreditavam que o corpo de Jesus Cristo era uma
ilusão, e que sua crucificação teria sido apenas aparente.
[11]
“...e habitou entre nós” (João 1: 14).
[12]
Gálatas 4: 4.
[13] De Fide Orth. III, 12.
[14]
Lucas 1: 30.
[15] I
Coríntios 15: 47.
[16]
João 1: 13. Esse versículo se refere tanto à Encarnação quanto à regeneração
batismal.
[17]
Lucas 1: 35.
[18]
Adv. Haeres, III, 18, 1: longam hominum
expositionem in se ipso recapitulavit.
[19]
III, 22, 3.
[20]
IV, 23, 4.
[21]
V, 1, 3.
[22]
III, 22, 4.
[23]
Tropário da Festa da Natividade de nossa Senhora.
[24]
Tropário da Festa da Anunciação.
[25] Diálogos, 100.
[26]
V, 19, 1.
[27]
III, 22, 34.
[28] De Agone Christ., 24.
[29] Epist. 22.
[30]
Lucas 1: 30-33.
[31] Coletânea de Sermões e Discursos do
Metropolita Filarete de Moscou, pg. 187, Paris, 1866.
[32]
Cf. Santo Irineu, Adv. Haeres., III,
21, 8: “Maria cooperou com a economia”.
[33]
Lucas 2: 35.
[34]
Lucas 2: 19.
[35] Kai nw, kai yuch, kai swmati aeiparweneuousan
(Homil. 1, in Nativitatem B.V. Mariae 9 e 5, Migne, Ser. Ger. XCVI 676A e 668C.
[36]
Lucas 1: 32.
[37]
Lucas 7: 19.
[38] I
Coríntios 7: 34.
[39] Difficulties felt by Anglicans in Catholic
Teaching, 5th ed., page 430.
[40] Op. cit., pg 431.
[42]
CF. Hebreus 12: 23.
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