Orígenes foi um teólogo do período patrístico, nascido em Alexandria no ano 185 e vindo a falecer em Tiro no ano 253. Ele é um dos Padres da Igreja, e considerado o pai da exegese bíblica, por ter comentado todos os livros da Sagrada Escritura, onde distinguiu os três sentidos fundamentais do texto, o sentido espiritual, o moral e o literal, que fez corresponder à constituição do homem, composto de espírito, alma e corpo. Neste texto ele explana brevemente a respeito da oração.
INICIAÇÃO À PRECE
Meios para orar como se deve
Penso que aquele que ora como se deve, ou desperta suas boas
disposições, receberá disto um grande benefício. E, em primeiro lugar, quem de
dedica à oração se dispõe a ela colocando-se na presença de Deus, e conversa
com ele como a alguém que está próximo e escuta. Existem imagens e lembranças
que invadem e perturbam a imaginação e o espírito; ao contrário, é benéfico
lembrarmo-nos do Deus no qual acreditamos, que toca os movimentos mais secretos
de nossa alma, atenta em agradar a esta Presença que a vê, que sonda os rins e
perscruta o coração.
Admitamos agora que aquele que dispõe dessa maneira seu coração para a
prece não retirará desta outro fruto, pois esta disposição espiritual para a
prece já constitui por si só um benefício real. Quantas faltas ela evita,
quantas ações boas provoca, sabem-no os que já fizeram a experiência da prece
contínua. Se somente o exemplo de um home ilustre e sábio é capaz de nos levar
a imitá-lo e pode nos deter numa vertente escorregadia, quanto mais o
pensamento de Deus, nosso Pai comum, unido à prece, não virá em socorro dos que
sabem estar na presença de um Deus, a quem eles se dirigem, e que os vê e os
escuta?
A Escritura confirma o que expusemos aqui. Quem ora deve “erguer ao
céu as mãos puras”, perdoar as faltas aos outros, mesmo aquelas contra si
próprio, e banir de seu coração todo sentimento de cólera ou rancor. Deve desembaraçar
seu espírito no momento da prece, de toda preocupação estranha ou que não se
relacione com a prece. Que fonte de bem-estar! Paulo nos ensina em sua primeira
carta a Timóteo: “Quero que por toda parte os homens orem e ergam aos céus as
mãos puras, sem ódios nem disputas[1]”.
O profeta Davi fala de diversas outras disposições que o justo deve
trazer à oração. Não hesitamos em citar suas próprias palavras, a fim de trazer
à luz a utilidade dessa preparação à prece para quem se confia a Deus, mesmo
que não extraia daí nenhum outro benefício. “Para você voltei meus olhos, a
você que habita os céus[2]”.
E: “A você elevo minha alma, Deus meu[3]”.
Os olhos se erguem em espírito quando não estão percorrendo os bens da terra,
ofuscados por eles; que eles se elevam, então, a tamanha altura que possam
contemplar apenas a Deus e com ele conversar humildemente e com modéstia.
Não estarão tais olhos satisfeitos por haver contemplado sem véus a
glória de Deus, por haver sido transfigurados por esta mesma imagem, mais e mais
resplendente[4]?
Eles a receberam como um raio da inteligência divina, conforme está escrito:
“Você ergueu sobre nós a luz de sua face, Senhor[5]”.
A alma elevada que segue o Espírito e se separa do corpo, não apenas
segue o Espírito, mas nele habita, como está escrito: “A você elevo minha alma[6]”. Não deixa esta alma a sua condição para se
tornar espiritual?
O perdão das injúrias é o maior ato da virtude, a ponto de resumir em
si toda a lei, segundo o profeta Jeremias: “Eu nada ordenei a seus pais em sua
saída do Egito. Mas eis o que eu lhes ordeno: que cada um perdoe a seu próximo
em seu coração[7]”.
Se nós nos dispomos à prece pelo perdão, guardamos o mandamento do Salvador:
“Se vocês estiverem prontos para a prece, perdoem seja lá o que tiverem contra
seja lá quem for[8]”.
Ao fazermos isto, já teremos adquirido o maior de todos os bens.
Falo sempre partindo da hipótese de que o único fruto de nossa prece
consiste em aprender como orar e como agir em decorrência. É claro que quem ora
deste modo, que confia no poder daquele a quem invoca, enquanto fala ouvirá
dizer: “Estou aqui” – com a condição de ter descartado antes de orar toda e
qualquer objeção contra a providência. Este é o sentido das palavras: “... Se
você eliminar de si as cadeias, os gestos de ameaça e toda palavra de
murmuração[9]”.
Aquele que aceita os acontecimento tais como eles são, está, de fato,
livre de todas as cadeias; este não levanta a mão ameaçadora contra Deus, que
conduz todo nosso progresso. Ele não murmura no secreto do seu coração quando
não pode ser ouvido pelos homens. Esta murmuração caracteriza os maus
servidores, que não ousam criticar abertamente as ordens de seu mestre; eles
grunhem surdamente em segredo contra os acontecimentos da providência, como se
quisessem dissimular ao Senhor do universo o objeto de seu descontentamento.
Este é, em minha opinião, o sentido do que está escrito em Jó: “Em
meio a todas as suas infelicidades, Jó não pecou com os lábios diante de Deus[10]”.
Dele foi dito antes de sua provação: “Em tudo isso Jó nunca pecou diante de
Deus[11]”.
O Deuteronômio diz a mesma coisa: “Cuidado para não surpreender no secreto de
seu coração um propósito mesquinho, dizendo: o sétimo ano está próximo”, etc.[12].
O mundo de Deus assiste àquele que ora
Aquele que ora desta maneira, além de outros benefícios, se torna mais
digno de se unir ao Espírito do Senhor, que preenche o universo, a terra e o
céu de que fala o profeta: “Acaso não preencho os céus e a terra?[13]”.
Ademais, a purificação de que falamos permite participar da prece do
Verbo de Deus, que se mantém mesmo em meio daqueles que o ignoram, que não
fecha os ouvidos a nenhuma prece, e pede a seu Pai junto daquele de quem ele é
mediador. O Filho de Deus é, com efeito, o grande sacerdote de nossas
oferendas, nosso advogado junto a seu Pai[14].
Ele ora por aqueles que oram, ele pede pelos que pedem. Mas ele recusa essa
assistência fraterna aos que não rezam a ele com assiduidade. Ele não considera
como sua a causa dos que negligenciam seu preceito: “É preciso orar sempre, sem
jamais desencorajar[15]”.
Nós lemos no Evangelho: “Ele lhes disse ainda uma parábola para
mostrar que é preciso orar sem nunca relaxar: Numa cidade havia um juiz, etc.[16]”.
E um pouco além: “Se um de vocês tiver um amigo que vá procurá-lo no meio da
noite e que lhe diga: Amigo, dê-me três pães, pois um de meus amigos chegou de
viagem e eu nada tenho para lhe oferecer[17]”.
E mais adiante: “Eu lhes digo: mesmo que ele não se levante para lhe dar como
amigo, ele se levantará ao menos por causa da importunação e lhe dará aquilo de
que ele precisa[18]”.
Quem crê na infalível palavra de Jesus não deixará de se convencer a
orar com insistência ao ouvir estas palavras: “Peçam, e lhes será dado, pois
quem pede, recebe[19]”.
O Pai que é bom dá o pão vivo aos que lhe pedem, e não a pedra que o diabo
apresentou como alimento a Jesus e a seus discípulos, aos que receberam do Pai
o espírito de adoção. O Pai concede o que é bom e faz chover do céu sobre
aqueles que pedem[20].
Orar sem cessar
A prática da virtude e a fidelidade aos preceitos fazem parte
integrante da prece; ora sem cessar aquele que une a prece à ação e a ação à
prece: esta é a única maneira de “orar sem cessar”. Isto equivale a considerar
toda a vida do santo como uma longa e ininterrupta prece, da qual aquilo a que
chamamos habitualmente de “oração” representa apenas uma parte.
Esta última deve se renovar ao menos três vezes por dia, a exemplo de
Daniel, o qual, três vezes ao dia, se punha em oração, no momento em que o
ameaçava um grande perigo[21].
Também Pedro subia ao terraço, por volta da hora sexta, para orar. A visão da
grande toalha segura pelos quatro cantos e que descia até o chão, marcou a
segunda destas três orações[22].
Antes dele, Davi fazia alusão a isto: “Desde a manhã você ouve minha voz, desde
a manhã eu me coloco diante de você e aguardo[23]”.
Temos ainda uma alusão à terceira dessas orações na passagem: “Eu ergo minhas
mãos como um sacrifício ao entardecer[24]”.
Mesmo à noite não passamos sem orar, pois Davi nos diz: “No meio da noite eu me
levanto para confessá-lo, por causa dos julgamentos de sua justiça[25]”.
Os Atos dos Apóstolos igualmente reportam que Paulo, em Filipeia, “no meio da
noite orava e cantava louvores a Deus junto com Silas; e os demais prisioneiros
os escutavam[26]”.
O próprio Jesus orava e não o fazia em vão, pois obtinha o que pedia
em sua prece, coisas que talvez não obtivesse sem orar. Assim, quem de nós
poderá se permitir não orar? Com efeito, é Marcos que nos ensina: “Na manhã
seguinte, ainda escuro, ele se levantou, saiu e se dirigiu a um lugar solitário,
e lá se pôs a rezar[27]”.
E Lucas, por sua vez: “Um dia, num dado lugar, Jesus estava em oração. Ao
terminar, um dos discípulos lhe disse...[28]”.
E em outra parte: “Ele passou a noite orando a Deus[29]”.
Eis como João descreve sua oração: ”Assim falou Jesus; depois, erguendo os
olhos ao céu, ele disse: Pai, chegou a hora, glorifique a seu Filho a fim de
que seu Filho o glorifique[30]”.
E também esta palavra: “Eu sei que você me atende sempre[31]”,
pronunciada por Jesus e conservada pelo Evangelista, mostra bem que aquele que
ora sempre é sempre atendido.
O que devemos pedir
Meditemos na seguinte palavra: “Peçam as grandes coisas e as pequenas
lhes serão dadas por acréscimo; peçam os bens do céu e os da terra serão
concedidos a mais”. Todas as imagens e todas as figuras comparadas à realidade
dos bens verdadeiros e espirituais são débeis e prosaicas. Ora, o Verbo de Deus
que nos exorta a imitar a prece dos santos, a fim de que peçamos em sua
realidade aquilo que ele obtiveram em imagem, nos lembra que os bens celestes e
importantes são representados por valores terrestres e modestos. Como se
dissessem: vocês querem ser espirituais?
Peçam em suas orações os bens do céu e como consequência, tendo-os
recebido, vocês herdarão o reino dos céus; tornados grandes, vocês desfrutarão
de bens ainda maiores. Quanto aos bens da terra e cotidianos, dos quais vocês
precisam para suas necessidades corporais, o Pai os concederá a vocês por
acréscimo, na medida do necessário.
As quatro formas de oração em São Paulo
Na primeira carta a Timóteo, o Apóstolo utiliza quatro palavras que
caracterizam as quatro formas de oração. Vamos citar o texto para ver se
entendemos bem os quatro termos: “Eu recomendo acima de tudo que façamos
súplicas, orações, intercessões e ações de graças por todos os homens[32]”.
Em minha opinião, a súplica é a prece daquele que pede com insistência
para obter aquilo de que necessita. A prece propriamente dita parte de um
sentimento mais nobre, ela glorifica a Deus e seu objeto é mais elevado. A
intercessão supõe uma maior confiança da parte daquele que se dirige a Deus. A
ação de graças consiste na gratidão, unida à prece pelos bens comuns; ela
pretende expressar a grandeza do benefício aos olhos do beneficiário, ou expõe
ao benfeitor a grandeza de sua benevolência.
Ø
Exemplos
de súplica
Como exemplo da primeira forma, podemos citar as palavras de Gabriel a
Zacarias, que havia pedido a Deus o nascimento de João. O anjo lhe disse: “Não
tema, Zacarias, sua súplica será atendida; sua esposa Isabel lhe dará um filho,
a quem você chamará João[33]”.
Vejam também o que está escrito no Êxodo, a propósito do bezerro de
ouro: “Moisés suplicou ao Senhor Deus e disse: Porque você se encolerizou,
Senhor, contra seu povo que você fez sair do Egito com seu grande poder?[34]”.
No Deuteronômio: “Eu supliquei pela segunda vez ao Senhor, como da primeira:
durante quarenta dias e quarenta noites, não comi pão nem bebi água, por causa
de todos os pecados que vocês cometeram[35]”.
No Livro de Ester: “Mardoqueu suplicou a Deus, lembrando-se de todas as obras
do Senhor, e disse: Senhor, Senhor, rei todo-poderoso![36]”.
A própria Ester “suplicava ao Senhor Deus de Israel, dizendo: Senhor, nosso
rei![37]”.
Ø
Exemplos
de prece
Encontramos a prece propriamente dita em Daniel: “Azarias, em pé, orou
assim, com aboca aberta, no meio do fogo, e disse...[38]”.
E Tobias: “Eu orei com dor, dizendo: Senhor, todas as suas ações, todos os seus
caminhos são misericórdia e verdade. Seu julgamento é sempre justo e verdadeiro[39]”.
A passagem citada de Daniel está riscada pelos judeus, porque não se encontra
na versão hebraica, visto que eles rejeitam o Livro de Tobias como não sendo
canônico; mencionarei então as palavras de Ana no Primeiro Livro de Reis: “Ela
orou ao Senhor e chorou com muitos soluções: Senhor dos exércitos, disse ela,
se lhe agradar, veja a aflição de sua serva, etc.[40]”.
Lemos em Habacuque: “Prece de Habacuque, o profeta, com cântico.
Senhor, eu escutei sua voz e tive medo. Senhor, eu refleti sobre suas obras e fiquei
aterrorizado. Você será reconhecido entre seus dois animais; você será
reconhecido quando os anos se aproximarem[41]”.
Este último exemplo mostra bem que a prece é uma invocação unida a um louvor.
Da mesma forma, no Livro de Jonas: “Jonas orou ao Senhor seu Deus,
desde o ventre da baleia, e disse: De minha angústia eu clamei pelo Senhor e
ele me respondeu; do seio do inferno, você escutou meus gritos. [42]Você
havia me atirado no mais profundo coração dos mares, e as correntes me
rodearam”.
Ø
Exemplos
de intercessão
Eis agora um exemplo da terceira forma de prece. O Apóstolo atribui a
prece a nós e a intercessão ao Espírito, que é mais poderoso e que tem a
confiança de Deus, a quem ele se dirige: “Nós não sabemos como orar; mas o
próprio Espírito intercede por nós com gemidos inefáveis. E aquele que
perscruta os corações conhece os pensamentos do Espírito; ele sabe que este
intercede conforme a Deus em favor dos santos[43]”.
O Espírito intercede com insistência, mas somos nós que oramos.
Podemos também apelar pela intercessão na prece que Josué fez para
deter o sol diante de Gabaon: “Então Josué falou com o Senhor, no dia em que
Deus entregou o Amorreu à mercê dos filhos de Israel, quando ele os destruiu em
Gabaon, e eles foram destruídos diante dos filhos de Israel. E Josué disse:
Sol, detenha-se sobre Gabaon, e a Lua sobre o vale de Ebrom[44]”.
Em Juízes, me parece, Sansão intercedeu quando disse: “Morra minha
pessoa junto com os Filistinos[45]”,
e derrubou as colunas de tal maneira que a casa caiu sobre os chefes e sobre
todo o povo que ali se encontrava. A Escritura não diz explicitamente que Josué
e Sansão “intercederam”, mas que eles “disseram”. Mas interpretando o texto,
vemos que suas palavras equivaleram a uma intercessão.
Ø
Exemplos
de ação de graças
Temos uma ação de graças das palavras de nosso Senhor: “Eu lhe dou
graças, meu Pai, Senhor do céu e da terra, por haver escondido essas coisas aos
sábios e aos hábeis e as tenha revelado aos pequeninos[46]”.
O verbo “eu confesso” é aqui o equivalente a “eu agradeço”.
Todas essas formas de prece devem ser dirigidas de preferência a Cristo
Podemos até dirigir aos santos nossas súplicas, intercessões e ações
de graças; estas duas últimas se dirigem não apenas aos santos, mas até aos
homens. A súplica só é empregada em relação aos santos, a Pedro e Paulo, por
exemplo, para que eles nos tornem dignos de receber o poder que lhes foi
conferido de perdoar os pecados. Mas se por acaso nós ofendemos a alguém que
não seja um santo, podemos, desde que tenhamos consciência disto, pedir a ele
que perdoe nossa ofensa.
Se podemos dirigir aos santos todas essas formas de prece, com maior
razão, devemos dar graças a Cristo, que, pela vontade do Pai, nos cumulou com
tantos benefícios! Devemos também usar a intercessão como Estevão: “Senhor, não
lhes impute este pecado[47]”,
e imitar a prece do pai do endemoniado, que pedia: “Senhor, eu lhe suplico,
tenha piedade de meu filho[48]”,
ou de mim, ou de qualquer outro.
Os bens do céu e os bens da terra
Pedir a Deus bens terrestres e fúteis equivale a desobedecer aquele
que nos ordenou que lhe pedíssemos os bens do céu, os bens de valor, e
desdenhar de pedir o que é terrestre e fútil. Alguém poderá objetar aqui que
Deus concede bens materiais a seus santos, em razão de suas preces, ou lembrar
a palavra do Evangelho, em que os bens terrestres e secundários são prometidos
em acréscimo. Eis minha resposta.
Quando alguém nos dá um objeto material, não podemos dizer que ele nos
dá a sombra deste objeto (pois ele não teve a intenção de nos dar duas coisas
separadas, o objeto e sua sombra, mas acontece que a sombra segue
necessariamente o objeto que nos foi dado); da mesma forma, se considerarmos
com um pouco de elevação as graças importantes que Deus nos concede, poderemos
dizer que os bens materiais são como a sombra que, para os santos, acompanha as
graças espirituais, imensas e celestes, para seu benefício e segundo as
disposições de Deus. O Senhor age sempre com sabedoria, mesmo se não conhecemos
o móvel de cada um de seus dons.
Não deve nos espantar que aqueles que recebem os
bens que, por assim dizer, projetam tais sombras, não obtenham todos
forçosamente uma sombra idêntica, e que alguns sequer recebam sombra alguma. Os
que estudam observam o mesmo fenômeno nos objetos. Os quadrantes solares em
certos momentos não projetam nenhuma sombra, enquanto que em outros a sombra se
retrai ou se alonga. Não devemos nos espantar que a sabedoria divina, que nos
concede os bens mais preciosos, decida, por razões misteriosas que nos escapam,
segundo as circunstâncias e as disposições de quem os recebe, fazê-los
acompanhar de sombra alguma, ou, para uns, de uma sombra maior, e para outros
de uma sombra menor.
Quem busca os raios benéficos do sol, uma vez que
os encontra já não se inquieta com a sombra, porque já encontrou o que buscava,
o essencial. Que lhe importa a presença ou a ausência de sombra? OU se a sombra
é mais longa ou mais curta? O mesmo acontece conosco: se possuímos os bens
espirituais, se somos iluminados por Deus sobre os meios de adquirir as
verdadeiras riquezas, pouco nos importa uma coisa tão fútil como uma sombra.
Todos os bens da terra, todos os encantos do corpo não representam mais do que
uma sombra ligeira e fugidia, comparada com as riquezas da salvação e da
santidade, concedida pelo Deus do universo. Como comparar os bens materiais com
“as riquezas da palavra e da ciência[49]”?
Qual homem, a menos que perca a razão, colocaria numa balança a saúde do corpo
ligado à carne aos ossos com a saúde do espírito, a força da razão e a
liberdade de julgamento? Todos os sofrimentos do corpo não representam sequer
uma picada, e até menos, ante a luz de Deus.
Devemos orar para obter os bens essenciais e
verdadeiramente grandes, os bens do céu; devemos deixar a critério de Deus
dispor as sombras que nos acompanham, pois ele sabe do que temos necessidade,
antes mesmo que lhe peçamos.
[1] I
Timóteo 2: 8.
[2]
Salmo 123: 1.
[3]
Salmo 25: 1.
[4] II
Coríntios 3: 18.
[5]
Salmo 4: 7.
[6]
Salmo 25: 1.
[7]
Jeremias 7: 22-23; Zacarias 7: 10.
[8]
Marcos 11: 25.
[9]
Isaías 58: 9.
[10]
Jó 2: 10.
[11]
Jó 1: 22.
[12]
Deuteronômio 15: 9.
[13]
Jeremias 23: 24.
[14]
Cf. I João 2: 1.
[15]
Lucas 18: 1.
[16]
Lucas 18: 1-6.
[17]
Lucas 11: 5-6.
[18]
Lucas 11: 8.
[19]
Mateus 7: 7-8.
[20]
Mateus 7: 11; Levítico 11: 13.
[21]
Daniel 6: 10.
[22]
Atos 10: 9-10.
[23]
Salmo 5: 3.
[24]
Salmo 141: 2.
[25]
Salmo 119: 62.
[26]
Atos 16: 25.
[27]
Marcos 1: 35.
[28]
Lucas 11: 1.
[29]
Lucas 6: 12.
[30]
João 17: 1,
[31]
João 11: 42.
[32] I
Timóteo 2: 1.
[33]
Lucas 1: 13.
[34]
Êxodo 32: 11.
[35]
Deuteronômio 9: 18.
[36]
Ester 13: 8.
[37]
Ester 14: 3.
[38]
Daniel 3: 25.
[39]
Tobias 3: 1-2.
[40] !
Reis 1: 10-11.
[41]
Habacuque 3: 1.
[42]
Jonas 2: 2-4.
[43]
Romanos 8: 26-27.
[44]
Josué 10: 12.
[45]
Juízes 16: 30.
[46]
Lucas 10: 21.
[47]
Atos 7: 60.
[48]
Lucas 9: 38.
[49] I
Colossenses 1: 5.
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