THALASSIUS O AFRICANO
SOBRE O AMOR, A TEMPERANÇA E A CONDUTA DO INTELECTO
Thalassius
o Africano
Nosso santo Padre Thalassius, que se tornou padre e
higoumeno, viveu sob o regime de Constantino Pogonato, por volta do ano 660.
Ele foi contemporâneo de são Máximo, que lhe endereçou um conjunto de questões
escritas e suas soluções. As quatro presentes centúrias de capítulos, redigidas
por ele foram inseridas aqui para grande socorro espiritual de nossos leitores.
*
Thalassius
o Africano, ou o Líbio, higoumeno de um mosteiro na Líbia no século VII, teria
sido um desses grandes monges que parraram quase sem deixar traços, se sua vida
não tivesse sido ligada ao testemunho histórico de Máximo o Confessor. Este,
quando de seu exílio depois de 626, foi beneficiado com sua hospitalidade,
escreveu-lhe inúmeras cartas[1],
dedicou-lhe suas duas centúrias sobre a teologia e, sobretudo, redigiu, para
responder às suas interrogações, uma de suas principais obras, as Questões a
Thalassius. Ele próprio se dizia seu discípulo[2].
É verdade que o higoumeno teve que confortar o errante, mas também é certo que
Thalassius se colocou sob a escola do gênio teológico de Máximo.
Em
todo caso, existe um paralelismo formal entre suas quatro centúrias sobre o
amor, a temperança e a conduta do intelecto, e as quatro centúrias do Confessor
sobre o amor: mesma estrutura, mesmo título, mesmo tema, mesma concisão.
Notaremos apenas o gosto que Thalassius mostra pelas construções rigorosas e
imbricadas. Os capítulos das quatro centúrias são todos reduzidos à sua
expressão mais simples: sentenças breves, muitas vezes feitas de duas frases
complementares ou contrastantes, à maneira dos provérbios bíblicos, e sempre
construídas sobre suas letras iniciais que em conjunto formam um acróstico[3].
Mas a forma lapidar apenas coloca em relevo o fundo comum no qual, ligando-se e
se desligando ao sabor das sentenças, passam os grandes temas filocálico.
Primeiro
o amor absoluto, o eros divino, o
amor tensionado para Deus, portanto o amor igual por todos. E paradoxalmente,
junto com este amor, a temperança (mestra das paixões e totalmente contida) que
permite ao amor a todos se tornar verdadeiramente amor a Deus. Depois a
hesíquia (a retirada do criado, a “bela hesíquia”, como diz Thalassius), a
ascese do corpo, a ascese do intelecto, a prece, a deificação (“Deus está sobre
a terra, o homem está nos céus”). Enfim, para além de toda inteligência, a
teologia, conhecimento apofático[4]
de Deus e contemplação do invisível a partir daí.
Entre
Máximo e Thalassius não existe outra influência do que a da energia divina. É a
mesma literatura filocálica, feita de osmose e de comunhão, dedicada ao
testemunho e à transmissão. Longe de ser um apêndice da obra do Confessor, as
quatro centúrias de Thalassius, como um exercício cotidiano da vida monástica,
podem ser consideradas uma semente pura e dura.
DE NOSSO SANTO PADRE TEÓFORO THALASSIUS O AFRICANO,
SOBRE O AMOR, A TEMPERANÇA E A CONDUTA DO INTELECTO, AO PADRE PAULO
PRIMEIRA CENTÚRIA
ACRÓSTICO
ΠΝΕΥΜΑΤΙΚΩ ΑΔΕΛΦΩ
ΚΑΙ ΑΓΑΠΗΤΩ ΚΥΡΙΩ
ΠΑΥΛΩ,
ΘΑΛΑΣΣΙΟΣ, ΤΩ ΜΕΝ
ΦΑΙΝΟΜΕΝΩ ΗΣΥΧΑΣΤΗΣ, ΤΗ Δ΄ΑΛΗΘΕΙΑ
ΠΡΑΓΜΑΤΕΥΤΗΣ ΚΕΝΟΔΟΞΙΑΣ
Para meu irmão
espiritual amado senhor Paulo. Thalassius, que parece hesiquiasta, mas que é na
verdade um estudioso de vaidades.
1. Um desejo inteiramente tensionado para Deus liga
a Deus e liga entre si os que desejam.
2. Um intelecto que adquiriu o amor espiritual não
leva em conta nada que não convenha ao amor, quando considera o próximo.
3. Quem bendiz com a boca mas despreza com o coração[5] esconde a hipocrisia sob
uma cobertura de amor.
4. Quem adquiriu o amor suporta sem se perturbar as
coisas aflitivas e penosas suscitadas pelos inimigos.
5. Somente o amor une a criação a Deus e os seres
entre si na concórdia.
6. Possui o verdadeiro amor aquele que não tolera
nem suspeitas nem palavras contra o próximo.
7. Quem não empreende nada que possa destruir o amor
é honrado por Deus e pelos homens.
8. É típica do amor sincero uma palavra verdadeira
que provém de uma boa consciência.
9. Quem reporta a um irmão as censuras que vêm de
outro esconde a inveja sob o manto da benevolência.
10. Assim como as virtudes carnais atraem a glória
dos homens, as espirituais atraem a glória de Deus.
11. O amor e a temperança purificam a alma, mas a
prece pura ilumina o intelecto.
12. É um homem forte aquele que, pela ação e o
conhecimento, expulsa o mal.
13. Encontra graça junto a Deus quem adquiriu a
impassibilidade e o conhecimento espiritual.
14. Se você quiser vencer os pensamentos passionais,
adquira a temperança e o amor ao próximo.
15. Guarde-se da intemperança e da raiva, e você não
encontrará nada que seja um obstáculo no momento da oração[6].
16. Assim como não é possível sentir perfumes no
lodo, também é impossível sentir o bom odor do amor numa alma rancorosa.
17. Domine vigorosamente o ardor e a concupiscência
e você logo se livrará dos maus pensamentos.
18. O trabalho oculto suprime a vanglória, e não
desprezar a ninguém expulsa o orgulho.
19. Características da vanglória são a hipocrisia e
a mentira; do orgulho, a presunção e a inveja.
20. Pode comandar a outros quem comandou a si mesmo
e submeteu à razão a alma e o corpo.
21. A autenticidade de um amigo se manifesta na
provação, quando ele comunga de nossa infelicidade.
22. Firme seus sentidos por meio da hesíquia, e
julgue os pensamentos que são colocados no seu coração.
23. Responda sem ressentimento aos pensamentos que o
afligem, mas mostre sua aversão aos pensamentos que amam o prazer.
24. A hesíquia, a oração, o amor e a temperança são
o quádruplo arreio que eleva aos céus o intelecto.
25. Consuma seu corpo por meio dos jejuns e das
vigílias, e você expulsará o carrasco, o pensamento do prazer.
26. Assim como a cera se funde ao fogo[7], também o pensamento impuro
derrete diante do temor a Deus.
27. Faz mal à alma prudente deixar por muito tempo o
intelecto envolvido com uma paixão condenável.
28. Suporte os ataques do que o entristece e aflige,
pois é por meio deles que a providência divina o purifica.
29. Se você rejeitou a matéria e se desligou do
mundo, desligue-se agora dos maus pensamentos.
30. A obra que compete ao intelecto é de sempre
estudar a palavra de Deus.
31. Assim como a obra de Deus consiste em dirigir o
mundo, a obra da alma consiste em governar o corpo.
32. Com que esperança iremos ao encontro de Cristo,
nós que até hoje estamos subjugados aos prazeres da carne?
33. A vida dura e a aflição – voluntárias ou
suscitadas pela Providência – apagam o prazer.
34. O amor ao dinheiro é a matéria das paixões, pois
ele aumenta o prazer que abarca tudo.
35. A perda do prazer engendra a tristeza, mas o
prazer estava ligado a todas as paixões.
36. Você será medido por Deus com a mesma medida que
você usa para medir tudo em relação a seu corpo[8].
37. As obras dos julgamentos divinos são as justas
retribuições daquilo que foi feito pelo corpo.
38. A virtude e o conhecimento geram a imortalidade,
mas sua privação é a mãe da morte.
39. A tristeza conforme a Deus apaga o prazer, e a
desaparição do prazer é a ressurreição da alma.
40. A impassibilidade é a imobilidade da alma diante
do mal. É impossível atingi-la sem a compaixão de Cristo.
41. Cristo é o Salvador da alma e do corpo; quem
seguir suas pegadas estará livre do mal.
42. Se você quiser obter a salvação, rejeite o
prazer e tome sobre si a temperança e o amor, juntamente com uma prece assídua.
43. O discernimento verdadeiro é típico da
impassibilidade. Faça tudo com tal discernimento, observando a medida e a
regra.
44. Jesus Cristo é nosso Senhor e nosso Deus. O
intelecto que o seguir não andará nas trevas[9].
45. Recolha seu intelecto e guarde seus pensamentos.
E combata os que achar passionais.
46. Existem três canais pelos quais você recebe os
pensamentos: os sentidos, a memória e o temperamento do corpo. Os pensamentos
mais importunos provêm da memória.
47. Aquele a quem foi dada a sabedoria conhece as
razões dos incorporais: qual o começo e qual o fim do mundo.
48. Não negligencie a prática e sua inteligência
será iluminada. Foi dito: “Eu lhe abrirei secretamente tesouros invisíveis[10]”.
49. Quem se liberta das paixões encontra a graça de
Deus. Quem se torna digno do conhecimento encontra sua grande piedade.
50. O intelecto liberto das paixões se torna
luminoso; ele é iluminado sem cessar pela contemplação dos seres.
51. A luz da alma é o santo conhecimento. Privado
disto, o insensato caminha nas trevas[11].
52. Insensato é aquele que vive nas trevas; as
trevas da ignorância o seguem.
53. Quem ama a Jesus será liberto do mal, e quem o
segue verá o verdadeiro conhecimento.
54. O intelecto liberto das paixões vê os
pensamentos nus, quando vela sobre o coro e durante o sono.
55. O intelecto purificado ao extremo sente-se
apertado no meio dos seres; ele quer se afastar de todas as criaturas.
56. Bem-aventurado aquele que alcançou o infinito
sem limites; ele chegou a ultrapassar tudo o que tem um fim.
57. Quem venera a Deus busca as suas razões. Quem é
presa da verdade as encontra.
58. O intelecto movido pela retidão encontra a
verdade; mas o intelecto movido por qualquer paixão a perderá.
59. Assim como Deus não pode ser conhecido em sua
essência, também em sua grandeza ele é infinito.
60. Se uma essência não tem começo nem fim, é
impossível descobrir sua natureza.
61. A salvação de toda a criação é a providência
mais do que boa com a qual o Criador a cerca.
62. Em sua compaixão, o Senhor sustenta todos os que
caem, e levanta todos os que foram derrubados.
63. Cristo dá a justa retribuição aos vivos e aos
mortos, e às ações de cada qual.
64. Se você quiser comandar a alma e o corpo, antes
de tudo afaste as causas da paixão.
65. Una as virtudes às potências da alma, e elas se
afastarão totalmente da tirania das paixões.
66. Refreie os impulsos do desejo com a temperança.
E refreie os impulsos do ardor com o amor espiritual.
67. A hesíquia e a prece são as armas supremas da
virtude. Pois, purificando o intelecto, elas o tornam clarividente.
68. A conversa é útil, mas apenas a conversa
espiritual. Quanto às demais conversas, a hesíquia é preferível elas.
69. Dos cinco modos de conversação, escolha os três
primeiros, não frequente o quarto e evite o quinto.
70. Quem não é afetado pelas coisas do mundo ama a
hesíquia. E quem não ama as coisas humanas, ama a todos os homens.
71. A consciência é um verdadeiro mestre. Quem a
obedece está sempre protegido contra tropeços.
72. A consciência não julga aqueles que sozinhos vão
até o fim da virtude, ou até o fim do mal.
73. A impassibilidade extrema afina os pensamentos,
e o conhecimento extremo conduz até Aquele que é mais do que incognoscível.
74. A perda dos prazeres é uma aflição vergonhosa;
quem despreza os prazeres permanece sem aflição.
75. A aflição geralmente é a privação do prazer,
quer seja concebida segundo Deus, quer seja concebida segundo o mundo.
76. O Reino de Deus é a bondade e a sabedoria; quem
as descobriu é cidadão dos céus[12].
77. É miserável o homem que, em suas obras, preferiu
o corpo à alma e o mundo a Deus.
78. Quem não inveja os bons e se apieda dos maus
traz em si o amor a todos.
79. Quem coloca as coisas da virtude como uma lei na
alma e no corpo deveria sempre comandar.
80. Executa uma obra espiritual aquele que rejeita
do mesmo modo os encantos e as aflições da vida em função das coisas do século
por vir.
81. O amor e a temperança fortificam a alma; a prece
pura e a contemplação espiritual fortalecem o intelecto.
82. Quando você ouvir um discurso útil, não julgue
aquele que fala, a fim de não se privar da advertência que lhe fará bem.
83. A má vontade deseja o mal e, desconhecendo as
ações direitas do próximo, as considera como defeitos.
84. Não dê confiança ao pensamento que julga o
próximo, pois, sendo o mal seu tesouro[13], ele considera o mal.
85. O bom coração carrega bons pensamentos, pois é
em direção ao seu tesouro que vão as reflexões.
86. Guarde seus pensamentos e fuja da malícia, a fim
de que o intelecto entenebrecido não tome uma coisa pela outra.
87. Considere os judeus e guarde a si mesmo, pois,
cegos pela inveja, eles ignoraram seu Senhor e seu Deus e tomaram-no por
Belzebu[14].
88. Uma suspeita maldosa entenebrece o intelecto e o
faz considerar, ao invés do caminho, a via contrária[15].
89. Os vícios foram colados às virtudes. É por isso
que os bandidos ignoram as virtudes e as transformam em vícios.
90. O intelecto que se demora no prazer ou na
aflição logo cai na paixão da acídia.
91. Uma consciência pura eleva a alma; mas um
pensamento imundo a afunda na terra.
92. Quando suscitamos as paixões, elas expulsam a
vanglória. Mas quando as apagamos, elas a fazem retornar.
93. Se você quiser se desembaraçar de todas as
paixões de uma vez, tome sobre si a temperança, o amor e a oração.
94. O intelecto que, pela oração, passa seu tempo
com Deus, liberta as paixões da parte passional da alma.
95. Deus, que fez ser as criaturas, ligou todas as
coisas à sua providência.
96. Ele, que é mestre e se fez escravo[16], revelou à criação o cume
de sua providência.
97. Deus o Verbo, que se encarnou sem se alterar,
uniu-se na carne a toda a criação.
98. Um estranho milagre aconteceu no céu e na terra:
Deus está sobre a terra, e o homem está nos céus.
99. Depois de ter unido os homens aos anjos, ele
concedeu a deificação a todo o mundo criado.
100. A santificação e a deificação dos anjos e dos
homens é o conhecimento da Trindade santa e consubstancial.
101. O perdão dos pecados é a libertação das
paixões. Quem, pela graça, ainda não se viu livre das paixões, é porque ainda
não descobriu o perdão.
SEGUNDA CENTÚRIA
ACRÓSTICO
ΕΥΞΑΙ ΥΠΕΡ
ΕΜΟΥ ΑΔΕΛΦΕ ΤΙΜΙΩΤΑΤΕ,
ΟΤΙ ΜΕΓΑΛΑ ΚΑΚΑ ΠΡΟΣΔΟΚΩ,
ΑΞΙΑ ΤΗΣ
ΕΜΗΣ ΠΡΟΑΙΡΕΣΕΩΣ, ΛΥΠΑΣ ΤΗ
ΨΥΧΗ
ΚΑΙ ΟΔΥΝΑΣ ΤΩ ΣΩΜΑΤΙ.
Ore por mim,
honesto irmão, porque estou esperando coisas muito ruins contra a minha
vontade, tristeza na minha alma e dores no meu corpo.
1. Se você quiser se livrar dos vícios com um só
golpe, rejeite a mãe dos vícios, o amor por si mesmo.
2. A saúde da alma consiste na impassibilidade e no
conhecimento, coisas impossíveis de se atingir enquanto somos escravos dos
prazeres.
3. A temperança unida à paciência e o amor unido à
longanimidade secam os prazeres do corpo e da alma.
4. O começo dos males da alma foi o egoísmo. Ora, o
egoísmo não passa do amor que dedicamos ao corpo.
5. É característico da natureza racional submeter-se
à razão, trabalhar arduamente e sujeitar o corpo[17].
6. A desmedida, para a natureza racional, consiste
em se submeter à irracionalidade e se deixar levar por desejos infamantes[18].
7. A má obra da alma dotada de razão consiste em
desleixar o Criador e servir ao corpo.
8. Foi-nos ordenado fazer do corpo um servidor, e
não sermos submetidos contra a natureza aos seus prazeres.
9. Rompa os laços de amor que você com seu corpo, e
não conceda nada ao seu servidor que não seja absolutamente necessário.
10. Encerre seus sentidos na cidadela da hesíquia, a
fim de que eles não arrastem o intelecto aos seus próprios desejos.
11. As maiores armas daquele que, com paciência,
leva sua vida na hesíquia são a temperança e o amor, a atenção e a leitura.
12. O intelecto não cessa de traçar um círculo em
torno dos prazeres, até conseguir se consagrar à contemplação, depois de haver
sujeitado a carne.
13. Combatamos pelos mandamentos, a fim de nos
livrarmos das paixões. E combatamos pelos dogmas divinos, para que nos tornemos
dignos do conhecimento.
14. A imortalidade da alma consiste na
impassibilidade e no conhecimento. Quem permanece sujeito aos prazeres é
incapaz de obtê-la.
15. Conduza duramente o corpo despojando-o dos
prazeres e livre-o de toda servidão dolorosa.
16. Criado livre e chamado à liberdade[19], não suporta estar
submetido às sugestões da impureza.
17. Por meio das aflições e dos prazeres, dos
desejos e dos medos, os demônios amarram o intelecto ao sensível.
18. O temor a Deus domina os desejos; e a tristeza
conforme a Deus liberta do prazer.
19. O desejo de sabedoria despreza o medo, e o
prazer do conhecimento expulsa a aflição.
20. As Escrituras contêm estas quatro coisas: os
mandamentos, os dogmas, as ameaças e as promessas.
21. A temperança e as penas detêm a concupiscência.
A hesíquia e o eros divino a reduzem.
22. Não fira seu irmão com palavras maldosas. Pois
se você tivesse que sofrer o mesmo tratamento, você não suportaria.
23. A paciência e a ausência de ressentimentos detêm
a cólera. O amor e a compaixão a reduzem.
24. A quem recebeu o conhecimento foi dada a luz do
intelecto. Mas quem, depois de haver recebido esta luz, a desonra, verá as
trevas.
25. A observância dos mandamentos de Deus engendra a
impassibilidade. E a impassibilidade da alma preserva o conhecimento.
26. Faça subir o sensível até a contemplação
intelectual, e você arrastará os sentidos acima do sensível.
27. O sensível feminino simboliza a alma ativa;
quando o intelecto se une a ela, ela gera as virtudes.
28. O estudo das palavras de Deus ensina o
conhecimento de Deus a quem busca a verdade, com desejo e piedade.
29. O que a luz representa para o que vê e o que é
visto, representa Deus para o que pensa e o que é pensado.
30. O firmamento sensível simboliza o firmamento da
fé, no qual os santos brilham como luminares.
31. Jerusalém é o conhecimento celeste dos
incorporais. É nela onde se contempla a paz.
32. Não negligencie a ação quando diminuir o
conhecimento; e se vier a fome, você descerá para o Egito[20].
33. A libertação das paixões é a liberdade
intelectual, à qual ninguém chega sem a compaixão de Cristo.
34. O Reino dos céus é a terra prometida, suscitada
pela impassibilidade e o conhecimento.
35. O entenebrecimento das paixões é o Egito, para
onde ninguém vai se não tiver sentido fome.
36. Se seu ouvido frequenta as palavras espirituais,
seu intelecto se afastará dos pensamentos impuros.
37. Somente Deus é bom e sábio por natureza. Mas o
intelecto se torna bom e sábio por participação, se se aplicar a isto.
38. Domine o ventre, o sono, o ardor e a língua, e
seu pé não se ferirá na pedra[21].
39. Esforce-se por amar todos os homens igualmente,
e você afastará todo o conjunto das paixões.
40. A contemplação do sensível é comum ao intelecto
e aos sentidos. Mas o que é característico do intelecto é o conhecimento do
inteligível.
41. É impossível ao intelecto se consagrar ao
inteligível se ele não tiver rompido toda relação com os sentidos e com o
sensível.
42. Os sentidos têm um pendor natural para as coisas
sensíveis, e eles distraem o intelecto, que se deixa arrastar e passa a girar
em torno deles.
43. Incline os sentidos a serviço do intelecto, e
não lhes dê tempo para arrastá-lo em sentido contrário.
44. Quando ocorrer de o intelecto se ocupar de
coisas sensíveis, arraste os sentidos na direção contrária, conduzindo para o
intelecto tudo o que está próximo.
45. Este é o sinal de que o intelecto se ocupa do
inteligível: ele despreza tudo o que adula os sentidos.
46. Quando o intelecto se abre à contemplação do
inteligível, é difícil arrancá-lo do prazer que ele extrai disto.
47. Quando o intelecto se enriquece com o
conhecimento da unidade, ele mantém sujeitos os sentidos.
48. Impeça seu intelecto de girar ao redor das
coisas sensíveis, a fim de não colher nelas o prazer e a aflição.
49. Naqueles em quem o intelecto se consagra
continuamente às coisas de Deus, mesmo a parte sensível se torna uma arma
divina.
50. É impossível que o intelecto se dedique ao
conhecimento, se primeiro não expulsar para longe de si, por suas próprias virtudes,
a parte sensível.
51. O intelecto se torna estrangeiro às coisas do
mundo quando interrompe totalmente sua relação com os sentidos.
52. É típico da parte racional da alma consagra-se
ao conhecimento de Deus, e é típico da parte sensível consagrar-se ao amor e à
temperança.
53. É impossível que o intelecto se ocupe realmente
do sensível se não houver nenhuma paixão que o arraste para ele.
54. Perfeito é o intelecto afeito ao conhecimento. E
perfeita a alma que se mistura às virtudes.
55. A relação que liga os sentidos ao intelecto o
torna escravo dos prazeres do corpo.
56. Quando a parte sensível da alma é conduzida para
fora das virtudes que lhe são próprias, o intelecto é levado para fora do lugar
do conhecimento.
57. Nós recebemos a faculdade de nos tornarmos
filhos de Deus[22].
Mas se não nos despojarmos das paixões, jamais nos tornaremos tais.
58. Ninguém deve considera que se tornou realmente
filho de Deus se não tiver em si próprio as marcas divinas.
59. Aquilo que permite nos juntarmos ao bem ou ao
mal faz de nós filhos de Deus ou filhos de Satanás.
60. O homem prudente é atento a si mesmo[23]: ele se apressa em se
livrar de qualquer mancha.
61. A alma endurecida não sente quando é fustigada,
e não se dá conta de seu benfeitor.
62. Uma veste manchada nos interdita participar das
bodas divinas e nos atira nas trevas exteriores[24].
63. Quem teme a Deus cuida de sua alma e se afasta
de toda má relação.
64. Quem é desleixado e se sujeita aos prazeres é
incapaz de descobrir a compaixão de Deus.
65. Foi Jesus quem disse, mesmo que não acreditemos,
que não se pode servir a dois senhores[25].
66. A alma manchada de paixões se torna endurecida;
sem amputação e sem cauterização, ela não suporta crer.
67. Julgamentos terríveis aguardam os corações duros.
Pois sem grandes penas eles não aceitam amolecer.
68. O homem prudente vela sobre si mesmo, e por meio
de penas voluntárias ele evita as penas involuntárias.
69. A alma deve assumir a vida dura e a humildade,
pois é por meio delas que Deus perdoa os nossos pecados.
70. Assim como as concupiscências e cóleras
multiplicam os pecados, a temperança e a humildade os apagam.
71. A tristeza conforme a Deus parte o coração; mas
ela é gerada pelo temor do castigo.
72. A tristeza conforme a Deus purifica o coração e
afasta dele as manchas do prazer.
73. A paciência é o amor às penas na alma. Onde
existe o amor às penas, o amor ao pecado é banido.
74. Todo pecado provém do prazer, e todo perdão nos
vem da vida dura e da aflição.
75. A providência faz cair nas penas involuntárias a
quem não se aplica a se arrepender pelas penas voluntárias.
76. Cristo é o Salvador do mundo inteiro, e ele deu
para a salvação dos homens o arrependimento.
77. A observância dos mandamentos gera o
arrependimento e purifica a alma.
78. A purificação da alma é a libertação das
paixões, e a libertação das paixões gera o amor.
79. É pura a alma que ama a Deus. Do mesmo modo, é
puro o intelecto que se desembaraçou da ignorância.
80. Combata até a morte pelos mandamentos de Cristo.
Pois, purificado por eles, você entrará na via.
81. Trate o corpo como um servidor dos mandamentos,
guardando-o tanto quanto possível longe de todo o prazer e de toda enfermidade.
82. A revolta da carne provém da negligência em
relação à prece, à frugalidade e à bela hesíquia.
83. A bela hesíquia faz nascer lindas crianças: a
temperança, o amor e a oração pura.
84. A leitura e a oração purificam o intelecto. O
amor e a temperança purificam a parte sensível da alma.
85. Mantenha a temperança sempre igual, a fim de não
cair nos caminhos contrários por falta de equilíbrio.
86. Quem estabelece uma lei para si mesmo não a
transgrida. Pois quem engana a si mesmo se ilude.
87. As almas passionais são ocasos inteligíveis; é
sobre elas que se põe o Sol de justiça.
88. Filho de Deus é quem se faz semelhante a Deus
por meio da bondade e da sabedoria, do poder e da justiça.
89. O estado de malícia é a enfermidade da alma, mas
o pecado ativo é a sua morte.
90. A impassibilidade total é a despossessão
inteligível. Quando o intelecto chega a este ponto ele parte para longe das
coisas daqui.
91. Mantenha num mesmo acordo as virtudes da alma,
pois é daí que nascerá o fruto da justiça.
92. Diz-se que a contemplação dos inteligíveis é
incorpórea, pois ela é inteiramente desprendida da matéria e da forma.
93. Assim como os quatro elementos nascem da matéria
e da forma, também nascem assim os corpos feitos de matéria e de forma.
94. Quando o Verbo se fez carne[26] em seu amor pelo homem,
ele não mudou aquilo que ele era, nem modificou aquilo no que se tornou.
95. Assim como dizemos que o único e mesmo Cristo
nasceu da divindade e da humanidade, e que ele existe em sua divindade e sua
humanidade, também afirmamos que ele nasceu das duas naturezas e que existe nas
duas naturezas.
96. Nós confessamos em Cristo uma única hipóstase
indivisivelmente unida em duas naturezas.
97. Nós pensamos que a única hipóstase de Cristo é
sem divisões, e que a união das naturezas é sem confusão.
98. Nós adoramos a essência da Divindade, uma em
três Pessoas, e confessamos a santa Trindade consubstancial.
99. As três hipóstases têm cada qual como
característica a paternidade, a filiação e a sucessão. E elas têm em comum a
essência, a natureza, a divindade e a bondade.
TERCEIRA CENTÚRIA
ACRÓSTICO
ΠΛΗΝ ΚΑΚΑ ΚΥΡΙΩΣ ΟΥ
ΤΑ ΤΗΝ ΣΑΡΚΑ
ΜΕΝ ΚΑΚΟΥΝΤΑ, ΤΗΝ ΔΕ ΨΥΧΗΝ ΚΑΘΑΙΡΟΝΤΑ. ΤΑ ΔΕ ΤΗΝ ΣΥΝΕΙΔΗΣΙΝ
ΛΥΠΟΥΝΤΑ, ΤΕΡΠΟΝΤΑ ΔΕ ΤΗΝ
ΣΑΡΚΑ.
Mas as coisas
ruins não são as dores do corpo, mas as que quebram a alma, entristecem a
consciência, mas dão prazer ao corpo.
1. Pense somente o bem daquele que é bom por
natureza; e tenha belos pensamentos a respeito de todos os homens.
2. No dia do Juízo Deus nos pedirá contas de nossas
palavras, nossas obras e nossos pensamentos.
3. O costume da virtude ou do vício nos leva a
pensar, dizer ou fazer o que é bom ou o que é mau.
4. O intelecto dominado pelas paixões pensa o que é
inconveniente; depois as palavras e as ações manifestam o pensamento.
5. A paixão precede o mau pensamento; os sentidos
são a causa da paixão; e a causa do mau uso dos sentidos é manifestamente o
intelecto.
6. Firme os sentidos, combata a presunção e destrua
as paixões por meio das armas dos mandamentos.
7. O vício inveterado precisa de uma longa ascese.
Pois o hábito enraizado não muda de um golpe.
8. A ascese mantida pela temperança e o amor, pela
paciência e a hesíquia, suprime aquilo que nos oprime.
9. Leve continuamente o intelecto à oração e você
destruirá os pensamentos que chegam ao coração.
10. A ascese requer paciência e longanimidade. Pois
o amor durável às penas bane o amor pelo prazer.
11. É fácil se dedicar às penas da ascese se você o
fizer moderadamente e entro das regras.
12. Mantenha sempre igual a medida da ascese, e você
não romperá a regra sem necessidade.
13. Assim como o amor e a temperança purificam os
pensamentos, a contemplação e a oração abatem as alturas do orgulho[27].
14. As penas da ascese, como o jejum, a vigília, a
paciência e a longanimidade tornam a consciência pura.
15. Quem suporta os ataques das tentações
involuntárias se torna humilde, possui a boa esperança e é experiente.
16. A paciência é na alma um amor sem sofrimento que
nasce das penas voluntárias e das tentações involuntárias.
17. A constância nas vicissitudes faz afundar a
malícia, e manter-se até o fim paciente acaba por destruí-la por completo.
18. A intrusão das penas aflige os sentidos, e a
irrupção da tristeza arranca o prazer.
19. Existem quatro paixões gerais, das quais a
providência se serve opondo-as entre si.
20. Pois a intrusão da tristeza reduz o prazer e o
medo do castigo derruba a concupiscência.
21. Um intelecto prudente exercita sua alma e
acostuma o corpo à ascese.
22. Livrando-se das paixões, esforce-se por mostrar
que o monge não é o homem exterior, mas o interior.
23. A primeira renúncia é se desembaraçar das coisas.
Mas a segunda e a terceira renúncias consistem em se desprender das paixões e
da ignorância.
24. Para quem quer, é fácil se desprender das
coisas. Mas é muito difícil se desprender dos pensamentos voltados para as
coisas.
25. Dominando o desejo você se tornará mais forte do
que o ardor, porque o desejo é a causa que suscita o ardor.
26. Já nos desembaraçamos dos pensamentos passionais
e recebemos em troca a prece pura e imaterial, ou ainda não?
27. Grande é o intelecto que se desprendeu das
paixões, que se separou dos seres e que vive com Deus.
28. É um filósofo quem progride nestas três vias:
nos mandamentos, nos dogmas e na fé na Santíssima Trindade.
29. O intelecto separado das paixões se encontra
aqui: nos pensamentos simples, na contemplação dos seres e na sua própria luz.
30. As piores paixões estão escondidas em nossa
alma, e elas aparecem quando afastamos as coisas.
31. O intelecto que descobriu uma impassibilidade
parcial eventualmente escapa à perturbação, mas ainda não possui a experiência
da ausência das coisas.
32. As paixões são suscitadas por estas três coisas:
pela memória, pela compleição do corpo e pelos sentidos, conforme já dissemos.
33. O intelecto que fechou os sentidos e acalmou a
compleição do corpo permanece em guerra apenas com a memória.
34. Quando faltam a temperança e o amor espiritual
as paixões são suscitadas pelos sentidos.
35. O jejum calculado, a vigília e a salmodia
apaziguam naturalmente a compleição do corpo.
36. Estas três causas alteram, e evidentemente
degradam a compleição do corpo: a desordem do regime alimentar, a mudança de
ares e o contato com os demônios.
37. Despojamo-nos das lembranças passionais por meio
da prece, da leitura, da temperança e do amor.
38. Primeiro feche os sentidos por meio da hesíquia,
e então combata as lembranças com as armas das virtudes.
39. O vício da reflexão é o mau uso dos pensamentos,
e o pecado ativo é o mau uso das coisas.
40. O mau uso dos pensamentos e das coisas consiste
em não utilizá-los com piedade e justiça.
41. As paixões vergonhosas são entraves ao
intelecto, pois o encerram nas coisas sensíveis.
42. Existe uma impassibilidade perfeita, que não é
afetada nem pelas coisas nem pelas suas lembranças.
43. Uma boa alma faz o bem ao próximo. Se este é
ingrato para com ela, ela é paciente a respeito; se a faz sofrer, ela suporta o
mal que lhe é feito.
44. Os maus pensamentos são males reais: quem não se
desembaraçar deles não poderá ser instruído pelo conhecimento.
45. Quem escuta a Cristos se ilumina, e que o imita
se endireita.
46. O ressentimento é lepra da alma. Ele chega a ela
por causa de uma desonra, de uma aflição, ou de uma suspeita gerada em seus
pensamentos.
47. O Senhor cega o intelecto invejoso, pois este se
aflige injustamente diante dos bens do próximo.
48. Uma alma maledicente tem uma língua de três
pontas. Pois ela faz mala si própria, a quem a escuta e até aquele em quem ela
pensa.
49. Quem ora por seu opressor não tem
ressentimentos, e quem doa com generosidade se livra do ressentimento.
50. A morte da alma é o ódio ao próximo. É ele que
possui e faz a alma do caluniador.
51. A acídia é a negligência da alma. A alma
negligente é aquela doente de amor ao prazer.
52. Quem ama a Jesus se exercita sofrendo; a
resistência aos sofrimentos expulsa a acídia.
53. A alma se fortalece pelas penas da ascese. E,
fazendo tudo com medida, ela expulsa a acídia.
54. Quem domina o ventre submete a concupiscência, e
seu intelecto não é mais sujeito aos pensamentos da prostituição.
55. O intelecto do homem temperante é um templo do
Espírito Santo. Mas o intelecto do guloso é um ninho de corvos.
56. A saciedade faz desejar a variedade de
alimentos, enquanto que a sua falta faz considerar delicioso o próprio pão
seco.
57. Livra-se da inveja o homem que se diverte
secretamente com quem é invejado; afasta a inveja o homem que cobre o que é
invejado.
58. Afaste-se de quem leva uma vida negligente,
mesmo que ele tenha muito renome perante muitos.
59. Tenha por amigo um homem que ama as penas, e
você encontrará uma proteção para os seus olhos.
60. O homem negligente passa por muitos mestres, e
vive como eles o conduzem.
61. Ele é benevolente como um amigo quando você está
em paz, e lhe combate como um inimigo quando você passa por uma provação.
62. Ele dá a sua vida por você antes que cheguem as
paixões, mas quando elas chegam, ele toma a sua vida.
63. A terra inculta se cobre de espinheiros[28], e a alma negligente se
cobre de paixões impuras.
64. O intelecto prudente coloca um freio à sua alma.
Ele trata o corpo com dureza e subjuga as paixões[29].
65. Os movimentos manifestados são sinais dos
movimentos interiores, assim como os frutos que nascem em árvores que não
conhecemos bem são sinais que nos permitem reconhecer estas árvores.
66. As palavras e as obras denunciam o hipócrita e
desmascaram o falso profeta que se oculta nele.
67. Um intelecto que perdeu a razão já não corrige
sua alma. Ele se afasta do amor e da temperança.
68. A causa dos falsos pensamentos é o mau hábito
feito de orgulho e de presunção.
69. São características dos vícios mencionados acima
a hipocrisia e a astúcia, a enganação, a dissimulação e toda ilusão mentirosa.
70. As virtudes devem subjugar a inveja, a querela e
a cólera, a tristeza e o ressentimento.
71. Lá está o caminho dos que levam a vida na
negligência. E aqui o tesouro do que está oculto em mim.
72. A vida dura e a humildade salvam a alma e a
libertam das paixões mencionadas acima.
73. Característica de um pensamento prudente é uma
palavra útil, e de uma alma boa uma ação virtuosa.
74. O intelecto iluminado profere palavras de
sabedoria. E a alma pura cultiva pensamentos divinos.
75. Os pensamentos do homem fervoroso se aplicam à
sabedoria, e suas palavras iluminam aos que o escutam.
76. Quando as virtudes estão no fundo da alma esta
cultiva pensamentos bons. Mas quando são os vícios que estão no fundo da alma,
ela engendra falsas ideias.
77. A alma do passional é uma fábrica de maus
pensamentos, e ele extrai coisas malignas de seus próprios tesouros[30].
78. O bom tesouro é o costume das virtudes. O bom
intelecto retira deste costume as coisas do bem.
79. O intelecto dirigido pelo amor divino cultiva os
bons pensamentos em torno de Deus. Mas quando ele é dirigido pelo amor a si
próprio ele faz o contrário.
80. O intelecto levado pelo amor ao próximo não
cessa em pensar no bem deste. Mas quando ele é levado pelo contrário, imagina o
mal.
81. As causas dos bons pensamentos são as virtudes,
e as causas das virtudes são os mandamentos. Já a causa da prática das virtudes
está na resolução.
82. As virtudes e os vícios que vêm e vão dispõem a
alma para o bem ou para o mal, levando-a a ter pensamentos que correspondem a
um ou outro.
83. As causas dos maus pensamentos estão nos vícios.
A causa destes está na desobediência, e a causa desta está num erro dos
sentidos. Mas a causa do erro dos sentidos é a negligência do intelecto que não
vigia por sua segurança.
84. Naqueles que progridem, as disposições dos
adversários são firmes. Mas nos perfeitos, os hábitos são difíceis de mudar dos
dois lados.
85. A força da alma está no estado inflexível da
virtude. Quem alcançou este estado disse, como um homem a quem nada mais é
capaz e corromper: “Quem nos separará do amor de Cristo?”.
86. O amor por si próprio precede todas as paixões,
e o orgulho ainda permanece ao final de tudo.
87. Os três pensamentos fundamentais da
concupiscência têm sua origem na paixão do amor por si mesmo.
88. Queremos dizer com isto as paixões da gula, da
vaidade e da avareza, que seguem todos os pensamentos passionais, embora não
com a mesma intensidade.
89. O pensamento da prostituição se segue ao da
gula. O pensamento do orgulho se segue ao da vaidade. E os demais seguem-se
comumente aos três.
90. Os que seguem os três são os pensamentos da
tristeza, da cólera, do ressentimento, da inveja, da acídia e todos os demais.
PRECE
91. Mestre de tudo, ó Cristo, livra-nos de todos
estes males,
das paixões que nos destroem
e dos pensamentos nascidos
das paixões.
92. Por causa sua fomos criados,
para usufruirmos das
delícias em que nos colocou no jardim do Paraíso
por você plantado.
93. Mas atraímos sobre nós a desonra presente
porque preferimos às
delícias bem-aventuradas a ruína
94. da qual recebemos em nós a retribuição
em nós, que trocamos a vida
eterna pela morte.
95. Agora, ó Mestre, como nos olhou então,
olha-nos agora.
assim como você se fez
homem, salve-nos agora.
96. Porque você veio nos salvar, a nós que estávamos
perdidos.
Não nos separe da parte dos que
se salvam.
97. Ressuscite as almas e salve os corpos,
purifique-nos de toda
mancha.
98. Quebre os laços das paixões que nos mantêm,
você que destruiu as
falanges dos demônios impuros.
99. E livre-nos de sua tirania,
a fim de que possamos servir
apenas a você, Luz eterna,
100. ressuscitados dentre os mortos e com os anjos,
dançando a bem-aventurada
ronda,
eterna e indissolúvel. Amém.
QUARTA CENTÚRIA
ACRÓSTICO
ΟΜΩΣ ΟΥΝ ΚΑΙ ΕΚ ΤΩΝ ΚΥΡΙΩΣ
ΚΑΚΩΝ, ΚΑΙ ΤΩΝ
ΜΗ ΚΥΡΙΩΣ, ΝΟΜΙΖΟΜΕΝ ΔΕ, ΕΥΞΑΙ
ΕΚΤΕΝΩΣ ΠΡΟΣ ΚΥΡΙΟΝ
ΤΟΝ ΘΕΟΝ ΗΝΩΝ
ΛΥΤΡΩΘΗΝΑΙ ΗΜΑΣ.
Mas, não
importa se essas coisas são muito ou pouco ruins, eu penso em você para que ore
profundamente por mim para que o nosso Senhor Deus nos salve.
1. Quem afastou o intelecto do amor e da adulação
pela carne leva à morte, pela ação do Espírito vivificante, as ações do corpo.
2. Não creia que você deixou de estar ligado à carne
se seu intelecto ainda se ocupa das coisas da carne.
3. Assim como os sentidos e o sensível são próprios
à carne, o intelecto e o inteligível são próprios à alma.
4. Retire sua alma da sensação do sensível e seu
intelecto se encontrará em Deus no inteligível.
5. As naturezas intelectuais perceptíveis apenas
pelo intelecto são próprias da divindade. Os sentidos e o sensível foram feitos
para servir ao intelecto.
6. Que os sentidos e o sensível o ajudem a encontrar
a contemplação espiritual, e que, inversamente, o que conduz à concupiscência
da carne não sirva aos seus sentidos.
7. Foi-nos ordenado que matássemos as ações do corpo[31], a fim de ressuscitarmos
por meio das penas a alma destruída pelos prazeres.
8. Seja dominado por Deus e domine os seus sentidos.
Você traz o melhor em si; não entregue o poder ao pior.
9. Deus é eterno, sem fim, sem limites, e ele
prometeu bens eternos, sem fim, inefáveis, aos que o escutarem.
10. É próprio do intelecto viver em Deus, pensar
nele, em sua providência, em seus julgamentos terríveis.
11. Você tem o poder de se inclinar para um ou outro
lado. Dê o melhor de si, e você submeterá o pior.
12. Os sentidos são belos e o sensível é belo, como
todas as obras do bom Deus. Mas eles não se comparam ao intelecto e ao
inteligível.
13. O Mestre criou o ser dotado de razão e de
intelecto para receber o universo e o conhecimento de si próprio, e suscitou os
sentidos e o sensível para servir à razão e ao intelecto.
14. Assim como não convém que um mau servidor
submeta seu bom mestre, não convém que um corpo corruptível submeta um
intelecto racional.
15. O intelecto que não domina os sentidos cai no
mal por causa deles. Pois, iludido pelo prazer do mundo, ele engendra em si
próprio a falsidade.
16. Se você dominar os sentidos, coloque também num
lugar seguro sua memória. Pois as noções adquiridas pelos sentidos suscitam as
paixões.
17. Conduza com dureza seu corpo[32], ore continuamente, e logo
você se libertará dos pensamentos nascidos das noções adquiridas.
18. Jamais deixe de se consagrar às palavras
divinas. Pois as penas que você suporta por elas consomem as paixões.
19. A leitura e a vigília, a oração e a salmodia
colocam o intelecto acima do erro das paixões.
20. Assim como a primavera faz crescer as plantas, a
impassibilidade leva o intelecto ao conhecimento dos seres.
21. Observe os mandamentos[33] e você encontrará a paz,
amará a Deus e obterá o conhecimento.
22. É em meio às penas, ao sofrimento e ao suor do
seu rosto que você foi condenado a comer o pão do conhecimento[34].
23. Foi a negligência que levou o Ancestral à
transgressão. Em lugar das delícias do Paraíso, ele foi condenado à morte[35].
24. Seja mais forte do que Eva. Vigie a serpente,
para que ela não o engane e não lhe transmita o fruto da árvore[36].
25. Assim como a alma vivifica o corpo de acordo com
a natureza, a virtude e o conhecimento vivificam a alma.
26. Uma nuvem sem água[37] é como o intelecto cheio
dos fumos da presunção e levado pelos espíritos da vaidade e do orgulho.
27. Se você dominar a vaidade, guarde-se da
prostituição, para que ao fugir das honrarias você não caia na desonra.
28. Se você fugir da vaidade, volte seus olhos para
Deus. Senão você poderá cair na presunção ou na prostituição.
29. É típica da vaidade a busca da ostentação.
Típicos do orgulho são o desprezo e a animosidade.
30. Se você fugir da gula, guarde-se de tentar
sensibilizar os homens mostrando ostensivamente a palidez do seu rosto.
31. O jejum conveniente é aquele que se satisfaz com
uma alimentação frugal, que se contenta com uma comida simples e que não tenta
agradar aos homens.
32. Se você jejua até o entardecer, não coma então
até se saciar, para não reconstruir o que você demoliu[38].
33. Se você não bebe vinho, não se sacie de água.
Senão você estará entregando a mesma matéria à prostituição.
34. O orgulho afasta o socorro divino, faz com que
confiemos em nós mesmos e nos voltemos contra os homens.
35. Duas coisas se opõem ao orgulho. Quem não acolhe
estas duas coisas receberá uma terceira, extremamente violenta.
36. Destroem o orgulho a oração entre lágrimas, não
desprezar ninguém e as infelicidades involuntárias.
37. Aprender com as tentações é como um açoite
espiritual, que ensina a humildade a quem se levanta na irracionalidade.
38. É obra característica do intelecto não suportar
nenhum pensamento que calunie insidiosamente o próximo.
39. Assim como o jardineiro que não arranca as ervas
daninhas sufoca os legumes, o intelecto que não purifica os pensamentos perde
sua pena.
40. O homem salvo é aquele que escuta o conselho, e
em especial o conselho que seu pai espiritual lhe dá segundo Deus.
41. Aquele que sucumbiu às paixões não percebe o
conselho e não suporta a instrução espiritual.
42. Quem não recebe o conselho não vai reto pelo
caminho, mas é engolido pelas valas e os abismos.
43. Monge é o intelecto que renunciou aos sentidos e
que não suporta sequer o pensamento do prazer.
44. Médico é o intelecto que curou a si próprio e
que cura os demais daquilo que ele mesmo se curou.
45. Procure a virtude e não lhe cause nenhum dano, a
fim de não viver vergonhosamente e de não morrer miseravelmente.
46. Nosso Senhor Jesus trouxe a luz a todos, mas os
que não se confiam a ele cobrem a si próprios de trevas.
47. Não creia que não é grave o mal que causamos à
virtude. Pois é por causa dele que o mal penetrou no mundo.
48. A obediência ao mandamento é a ressurreição dos
mortos, pois a vida acompanha a virtude, não a natureza.
49. Quando o intelecto morre pela transgressão do
mandamento, a morte do corpo se segue por necessidade.
50. Do mesmo modo como Adão, depois de haver
transgredido[39],
caiu sob o domínio da morte, o Salvador, depois de haver obedecido[40], destruiu a morte.
51. Mate o vício a fim de não ressuscitar morto, e
para não passar da pequena morte para a grande.
52. Por causa da transgressão de Adão o Salvador se
fez homem, para ressuscitar todos os seres apagando a condenação.
53. Quem deu morte às paixões e se separou da
ignorância passa da vida à vida.
54. Sonde as Escrituras e você encontrará os
mandamentos; faça o que está dito ali e você se livrará das paixões.
55. A obediência aos mandamentos purifica a alma, e
a purificação da alma permite participar da luz.
56. A árvore da vida[41] é o conhecimento de Deus.
O homem puro que recebe sua participação nesta árvore se torna imortal.
57. O começo da prática é a fé em Cristo, e seu fim
o amor de Cristo.
58. Cristo, nosso Senhor e nosso Deus, é Jesus, que
nos deu a fé e nos conduziu à vida.
59. Ele nos apareceu numa alma e num corpo e em sua
divindade, a fim de nos livrar da morte da alma e do corpo, ele que é Deus.
60. Adquiramos a fé a fim de alcançarmos o amor, do
qual nascem a iluminação e o conhecimento.
61. O temor a Deus, o domínio dos prazeres, a
paciência nas penas, a esperança em Deus, a impassibilidade e o amor se seguem,
nesta ordem, à aquisição da fé.
62. Do amor puro nasce o conhecimento natural. A
este sucede a última aspiração do desejo, que é a graça da teologia.
63. O intelecto que domina as paixões certamente as
domina pelo temor: ele se confia a Deus nas coisas que espera, das quais
recebeu a promessa.
64. A quem foi dada a fé é pedida a temperança. Com
o tempo, esta engendra a paciência, que é um estado que suscita muitas penas.
65. O sinal da paciência é o amor às penas.
Confiando-se a elas, o intelecto espera descobrir o que foi prometido, e fugir
do que o ameaçava.
66. A espera do bens por vir liga o intelecto àquilo
que ele espera. De tanto viver com estes bens, ele esquece as coisas presentes.
67. Quem provou das coisas que espera abandona as
coisas presentes, pois dedica àquelas todo o seu desejo.
68. Deus é quem nos prometeu as coisas que virão. O
homem temperante que crê nele deseja estes bens como se eles estivessem
presentes.
69. O sinal de que o intelecto vive nos bens que ele
espera é que ele esquece totalmente das coisas aqui de baixo, e se apaga no
conhecimento das coisas por vir.
70. Bela é a impassibilidade que nos ensina o Deus
da verdade, o qual, a partir dela, cumula de certeza a alma a que ama.
71. Mais alto que os séculos, antes de todos os
séculos, além do intelecto e da razão, estão os bens reservados aos herdeiros
da promessa.
72. Regremo-nos a partir dos modelos da piedade,
para não descambarmos da esperança desviando-nos pelos caminhos das paixões.
73. Jesus é Cristo, um dos da Trindade, da qual
também você deve se tornar herdeiro[42].
74. Quem aprendeu com Deus o conhecimento dos seres
não tem dificuldade em crer na Escritura quanto ao que já referimos.
75. Quando encontra um intelecto despojado de
paixões o Espírito Santo o inicia, conforme o grau de seu despojamento, nos
bens que ele espera.
76. A alma recebe o conhecimento das palavras
divinas conforme o grau de purificação do intelecto.
77. Quem submete seu corpo à regra e passa a vida no
conhecimento, purifica-se a cada dia por meio deste conhecimento.
78. O intelecto que se dedica ao estudo do divino
começa pela fé, depois continua pelas coisas intermediárias e termina por
desembocar na fé mais elevada de todas.
79. No começo do estudo do divino vemos conforme o
temor; no final, vemos preceder o amor.
80. O intelecto que se dedica ao estudo do divino
vai da fé atenta à teologia, que está para além de toda inteligência e que
podemos definir coo a fé sem fim e coo a contemplação da realidade invisível.
81. As palavras que dizemos sobre Deus são
consideradas pelos santos não como se referindo a ele, mas ao que está ao redor
dele.
82. Todas as palavras que designam as coisa que
estão ao redor de Deus também se referem a Deus, umas por afirmação, outras por
negação.
83. A essência, a divindade, a bondade, tudo o que é
dito de maneira catafática[43] é dito por afirmação.
84. Sendo a Santíssima Trindade uma essência única
que ultrapassa o intelecto e a razão, bem como uma divindade oculta, podemos
afirmar que as qualidades supracitadas que vemos ao redor dela são semelhantes.
85. Assim como os Padres afirmam que existe apenas
uma divindade na Santíssima Trindade, eles pensam que existem três hipóstases
da divindade única.
86. Os Padres consideram que as qualidades
mencionadas por afirmação ou por negação são comuns à Santíssima Trindade
consubstancial, salvo os caracteres próprios, uma vez que eles falam da maioria
deles por afirmação, mas de alguns por negação.
87. Eles dizem, de resto, que os caracteres próprios
das hipóstases divinas são a paternidade, a filiação e a sucessão, e toda
denominação particular.
88. Eles definem a hipóstase como sendo a essência
somada aos caracteres próprios. Assim, cada hipóstase tem em comum a essência,
e como própria a sua hipóstase.
89. Eles consideram igualmente fundamental aquilo
que, por negação, foi dito do que é comum à Santíssima Trindade. Mas o mesmo
não acontece com os caracteres próprios, pois eles falam de alguns por
afirmação e de outros por negação, conforme dissemos. É o que acontece com o
engendrado e com o não engendrado, e com outros caracteres semelhantes. Pois não
ter sido engendrado não difere do engendrar senão pelo significado: não ter
sido engendrado se refere ao Pai; e ter sido engendrado se refere ao Filho.
90. Assim é que nos servimos de termos e de nomes
para que fiquem claras as palavras que versam sobre o que está ao redor da
essência da Santíssima Trindade, como foi dito. Estas palavras são
desconhecidas e inefáveis para qualquer intelecto ou razão, e elas só são
conhecidas da Santíssima Trindade.
91. Assim como os Padres dizem que a essência única
da divindade é tri-hipostática, eles confessam que a Santíssima Trindade é
consubstancial.
92. Consideramos também que o Pai não tem começo e
que ele é o começo. Ele não tem começo, porque é não engendrado; e ele é o
começo, pois é o gerador e o processador dos que provêm dele pela essência e
que existem nele por toda eternidade, ou seja, o Filho e o Espírito Santo.
93. A unidade que eles trazem em si na Trindade
permanece Unidade. E, por seu turno, a Trindade reunida na Unidade permanece
Trindade, o que é igualmente paradoxal.
94. Eles pensam também que o Filho e o Espírito
também não têm começo e são eternos. Eles não são sem começo como o Pai, pois
eles remontam a um começo e a uma fonte. Mas eles são eternos, pois existem com
o Pai por toda eternidade, um por ser engendrado, outro por sucessão.
95. Eles mantêm indivisível a divindade única da
Trindade e mantêm inconfundíveis as três hipóstases da Divindade única.
96. Quanto aos caracteres próprios, eles dizem que o
Pai não tem começo e que ele é não engendrado; que o Filho estava no começo e é
engendrado; e que o Espírito Santo estava no começo e procede. Eles dizem que o
começo do Filho e do Espírito Santo não é temporal. De fato, como seria? Eles
mostram a causa pela qual eles existem por toda eternidade, assim como a luz
existe por causa do sol. Eles não existem depois da causa, mas existem por
causa dela na essência.
97. Eles afirmam ainda que as hipóstases tem como
caráter próprio serem sem movimento e sem falha, e que a essência, ou seja, a
divindade, tem como caráter comum ser indivisível.
98. Eles confessam que a Unidade está na Trindade e
que a Trindade está na Unidade, indivisivelmente separada, e unida na
separação.
99. Eles sabem que o começo de tudo é o Pai, pois
ele é o genitor e a fonte eterna do Filho e do Espírito, ele é eterno e
infinito com eles, sem limites, consubstancial, sem divisão. E ele é o criador,
a providência e o juiz dos seres. Ele o é, evidentemente, pelo Filho e pelo
Espírito Santo. Com efeito, foi dito:
“Tudo é dele, por ele e para ele. A ele a glória pelos séculos dos séculos. Amém.
100. Eles dizem ainda que o Filho e o Espírito são
eternos com o Pai, mas não são sem começo do mesmo modo que ele. Eles são
eternos com o Pai, pois existem com ele no infinito, mas não são sem começo da
mesma maneira que ele, pois eles não são sem causa. Eles são dele como a luz é
do sol, mesmo não sendo depois dele, como foi dito. Mas eles acrescentam que
eles não têm começo, se entendemos por começo um começo temporal, para que não
pensemos que estão submetidos ao tempo aqueles de quem o tempo procede. Assim,
eles não são sem começo perante Aquele que é sua causa, mas são sem começo em
relação ao tempo. Pois eles existem antes de todo tempo e de todo século, acima
de todo século e acima do tempo, eles por quem existem todo tempo e todo
século, e tudo o que está no século e tudo o que está no tempo. E eles são
eternos com o Pai, como foi dito. A ele, com eles, a glória e o poder pelos
séculos dos séculos. Amém.
[1] Cartas 9,
26, 40-42.
[4] Apófase: refutação feita pelo autor daquilo que
afirmara anteriormente.
[5] Cf. Salmo 61
(62): 5.
[6] Cf. Evagro, Sobre
a oração, 13.
[8] Cf. Mateus
7: 2.
[10] Isaías 45: 3
LXX.
[11] Cf. Salmo 81
(82): 5; Eclesiastes 2: 14.
[12] Cf. Filipenses
3: 20.
[13] CF. Mateus
6: 21; 12: 35.
[15] Cf. Eclesiastes
3: 24.
[16] Cf. Filipenses
2: 6-7.
[17] Cf. I Coríntios 9:
27.
[18] Cf. Romanos
13: 14.
[19] Cf. Gálatas
5: 13.
[20] Cf. Gênesis
41: 57 e 46: 6.
[21] Cf. Salmo 90
(91): 12.
[22] Cf. João 1:
12.
[23] Cf. Êxodo
23: 21.
[24] Cf. Mateus
22: 12-13.
[25] Cf. Mateus
6: 24.
[26] Cf. João 1:
12.
[27] Cf. II Coríntios
10: 5.
[28] Cf. Isaías
5: 6.
[29] Cf. I Coríntios
9: 27.
[30] Cf. Mateus
23: 35; Lucas 6: 45.
[31] Cf. Colossenses
3: 5.
[32] Cf. I Coríntios 9:
27.
[33] CF. Eclesiástico
15: 14; 37: 12.
[34] Cf. Gênesis 3:
19.
[35] Cf. Gênesis 3:
22.
[36] Cf. Gênesis
3: 1-5.
[37] Cf. Judas
12.
[38] Cf. Gálatas
2: 18.
[39] Cf. Gênesis
3.
[40] Cf. Romanos
5: 19.
[41] Cf. Gênesis
9.
[42] Cf. Romanos
8: 17.
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