quarta-feira, 15 de junho de 2016

Hierotheus de Nafpaktos - Psicoterapia Ortodoxa - Capítulo III - Parte I

1.       Psicoterapia Ortodoxa

Desenvolvendo o tema da psicoterapia Ortodoxa, neste capítulo devemos ver o que é a alma e como ela pode ser curada; secundariamente, veremos qual é a natureza e as inter-relações da imagem, da alma, do nous, do coração e da mente; finalmente, como o nous, o coração e a mente (pensamentos) podem ser curados. Acredito que esses são os tópicos mais importantes e essenciais para um conhecimento da purificação e da terapia da alma, assim como para sua obtenção.

1.1. A alma (psyché)

1.1.1.        O que é a alma

O termo ‘alma’ é uma das mais difíceis palavras da Bíblia e da literatura Cristã. ‘Alma’ tem muitos significados na Sagrada Escritura e na literatura patrística. O Professor Christos Yannaras diz: “Os tradutores da Septuaginta (Antigo Testamento) transpuseram para o grego, com a palavra ‘psyché’, o Hebraico ‘nephesh’, um termo com diversos significados. Tudo o que possui vida é chamado de alma, qualquer animal; porém, na Escritura o mais comum é que ela pertença ao homem. Ela representa o modo como a vida se manifesta no homem. Ela não se refere simplesmente a um departamento da existência humana – o espiritual em oposição ao material – mas indica a totalidade do homem, como uma única hipóstase viva. A alma não apenas reside no corpo, mas é expressa por ele, o qual em si, como a carne ou o coração, corresponde ao nosso ego, ao modo pelo qual temos consciência da vida. O homem é uma alma, ele é um ser humano, ele é alguém”. A alma não é a causa de vida. Melhor dizendo, é ela quem transporta a vida.

A alma é a vida que existe em toda criatura, inclusive nas plantas e nos animais. A alma é a vida que existe no homem, e é também todo homem que possui vida. A alma é também a vida que se expressa no interior do elemento espiritual em nossa existência, ela é o elemento espiritual de nossa existência. Uma vez que o termo ‘alma’ possui tantos significados, existem muitos lugares em que as coisas não foram esclarecidas.

A seguir tentaremos analisar alguns usos do termo ‘psyché’, nos textos do Novo Testamento e nos textos dos Padres da Igreja.

O termo é utilizado pelo Senhor e pelos Apóstolos para significar ‘vida’. O anjo do Senhor diz a José, que estava noivo da Mãe de Deus: “Levante-se, pegue a criança e sua mãe, e vá para a terra de Israel; aqueles que ameaçavam a vida da criança estão mortos[1]”. O Senhor, descrevendo a si próprio, diz: “Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas[2]”. Da mesma forma, o Apóstolo Paulo, escrevendo a respeito de Priscila e Áquila, diz que “eles arriscaram seus pescoços pela minha vida[3]”. Nesses três casos, o termo usado para ‘vida’ foi ‘psyché’.

Psyché’ passou mais tarde a ser usado, como dissemos, para indicar o elemento espiritual de nossa existência. Podemos citar algumas passagens para confirmá-lo. O Senhor diz aos seus discípulos: “Não temam aquele que pode matar seus corpos, mas não pode matar suas almas. Temam aquele que é capaz de destruir o corpo e a alma no inferno[4]”. O homem não pode matar a alma, enquanto que o diabo pode, o que implica que se a alma não estiver com o Espírito Santo, ela estará morta. O diabo é um espírito morto, porque ele não tem parte com Deus, e ele transmite a morte àqueles que se juntam com ele. Ele é uma entidade viva, mas que não existe em relação a Deus. Na parábola do jovem rico, o Senhor diz a ele: “Tolo! Esta mesma noite sua alma lhe será cobrada; então, com quem ficarão as coisas que você preparou?[5]”.

A diferença entre alma (‘psyche’) por um lado, como elemento espiritual da existência humana, que é mortal por natureza, mas imortal pela graça, e, de outro lado, a vida (‘psyche’), aparece em outro ensinamento Cristo: “Aquele que se preocupar com sua própria vida (‘psyche’) estará perdido, mas o homem que perder sua vida (‘psyche’) por mim a encontrará[6]”. Em um caso, o Senhor utiliza o termo ‘psyche’ para indicar o elemento espiritual de nossa existência, e no outro caso o mesmo termo significa vida. O Apóstolo Paulo diz, numa carta aos Tessalonicenses: “Possa o Senhor da paz santificá-los por completo; e possam seu espírito, alma e corpo ser preservados sem mácula à chegada de nosso Senhor Jesus Cristo[7]”. Aqui não se trata da falada divisão tripartite do homem, mas o termo ‘espírito’ é usado para indicar a graça de Deus, o carisma, que a alma recebe. O que queremos destacar aqui é que existe uma distinção entre alma e corpo. João Evangelista escreve isso no Apocalipse: “Eu vi sobre o altar as almas daqueles que foram mortos pelo Verbo de Deus e pelo testemunho que sustentaram[8]”. O corpo foi morto, mas a alma está próxima a Deus e certamente conversa com Deus, como afirma o Evangelista a seguir.

A palavra ‘alma’ é também usada para se referir ao homem completo. O Apóstolo Paulo recomenda: “Deixe que todas as almas se sujeitem ao governo das autoridades[9]”.

Creio que esta breve análise demostra que o termo ‘psyche’ possui muitos significados na Escritura. Ele é usado para designar o homem inteiro, assim como o elemento espiritual em sua existência, e ainda a vida que existe no homem, nas plantas e nos animais, e em todas as coisas que participam da energia vivificante de Deus. São Gregório Palamas, falando a luz incriada que surge naqueles que têm a Deus em si “através da morada de Deus em seu interior”, diz que esta é a energia de Deus e não a sua essência, mas que, assim como a essência é chamada de luz, também a energia é chamada de luz. O mesmo é verdade para a alma. Tanto a vida espiritual como a vida biológica são chamadas de ‘alma’, mas estamos perfeitamente conscientes de que a vida espiritual e a vida biológica são coisas diferentes: “Assim como a alma comunica a vida ao corpo animado – e nós chamamos a esta vida ‘alma’, mesmo sabendo que que a alma que existe em nós e que comunica a vida ao corpo é distinta da vida – também Deus, que a habita na alma que o tem em si, comunica a luz a ela”.

Citamos esta passagem para mostrar que os Padres estavam cientes de que o termo ‘alma’ se refere tanto ao elemento espiritual em nossa existência como à própria vida, e que existe uma grande diferença entre esses dois significados. Veremos isso melhor mais adiante, quando examinarmos a diferença entre as almas dos animais e a do homem.

Para tentarmos uma definição de ‘alma’ no sentido de elemento espiritual em nossa existência vamos buscar São João de Damasco, que diz: “A alma é uma substância viva, simples e incorpórea, por sua própria natureza invisível aos olhos do corpo, que utiliza o corpo como um órgão e lhe dá uma vida dotada de vontade. Ela é livre, dotada de vontade e do poder de agir, e sujeita a mudança, ou seja, sujeita a mudanças de vontade por ter sido criada. E isso ela recebeu por natureza, por meio da graça do Criador pela qual ela recebeu também tanto sua existência como seu ser naturalmente como ele é”.

A alma é simples e boa “porque foi criada por seu Mestre”.

Quase a mesma definição de João de Damasco nos foi dada antes dele por São gregório de Nisse: “A alma é uma essência criada, viva e noética, que transmite por si própria para um corpo organizado e senciente o poder de viver e de captar os objetos dos sentidos, tanto quanto uma constituição natural capaz disto suporta”.

São Gregório Palamas, interpretando São Paulo que diz que “o primeiro homem, Adão, tornou-se uma alma viva”, afirma que ‘alma viva’ significa “sempre viva, imortal, o que quer dizer inteligente, porque o imortal é inteligente; e não apenas isso, mas também divinamente abençoada pela graça. Assim é a alma viva”.

Ele diz que a alma é imortal. Sabemos que essa ideia da imortalidade da alma não é Cristã de origem, mas que os Cristãos a aceitaram sob muitas condições e pressupostos necessários. O Professor John Zizioluas escreve: “A ideia da imortalidade da alma, embora não seja de origem Crista, passou para a tradição de nossa Igreja, permeando inclusive nossa hinografia. Ninguém pode negá-la sem se sentir fora do clima de todo culto da Igreja. Mas a Igreja não aceita essa ideia Platônica sem condições e pressupostos. Esses pressupostos incluem, dentre outras coisas, três pontos básicos. Um é que a alma não é eterna, mas criada. Outro, é que a alma de modo algum pode ser identificada ao homem (a alma do homem não é o homem; a alma é uma coisa, e o homem, que é um ser psicossomático, é outra). E o terceiro e mais importante é que a imortalidade do homem não está baseada na imortalidade da alma, mas na Ressurreição de Cristo e na ressurreição dos corpos”.

Já enfatizamos que a alma humana é imortal pela graça, não pela natureza, e devemos estabelecer que na tradição patrística Ortodoxa a imortalidade do homem não consiste na vida da alma após a morte, mas numa passagem sobre a morte pela graça de Cristo. A vida em Cristo torna o homem imortal, pois sem a vida em Cristo o que existe é a morte, porque é a graça de Deus que dá vida à alma.

Agora que apresentamos diversos elementos para embasar uma definição de alma, vamos aprofundar um pouco a questão da criação da alma. A alma é criada, uma vez que ela foi feita por Deus. Nossa fonte básica é a revelação que foi dada a Moisés: “O Senhor Deus formou o homem do barro do chão, e soprou em suas narinas o sopro da vida; e o homem se tornou um ser vivo[10]”. Essa passagem descreve a criação da alma do homem. Interpretando-a, São João Crisóstomo diz que é essencial olhar o que é dito com os olhos da fé e que essas coisas estão ditas “com muita condescendência e devido à nossa fraqueza”. A frase “Deus fez o homem e soprou sobre ele” é “indigna de Deus, mas a Sagrada Escritura explica desta maneira para nossa salvação devido à nossa fraqueza, concedendo a nós que, sendo dignos dessa condescendência, tenhamos força para nos erguermos até tais alturas”. O modo como Deus formou o corpo do homem e o tornou uma alma viva tal como descrito na Sagrada Escritura é condescendente. Ele é descrito assim por causa de nossa fraqueza.

São João Damasceno escreve que o que quer que seja dito sobre Deus em termos humanos é “dito simbolicamente”, mas possui um sentido superior, uma vez que o “divino é simples e sem forma”. Assim, uma vez que a Escritura diz que Deus soprou sobre a face do homem, devemos nos debruçar sobre a interpretação de São João Damasceno referente à boca de Deus: “Como ‘sua boca e voz’ devemos entender a expressão de Sua vontade, por analogia com nossa própria expressão de nossos pensamentos interiores por meio da boca e da voz”. Certamente boca e sopor são coisas diferentes, mas eu menciono isso como uma indicação, uma vez que existe aí uma relação e uma conexão. Geralmente, como diz João Damasceno, tudo o que é afirmado a respeito de Deus em termos corporais, com exceção do que é dito sobre a presença do Verbo de Deus na carne, “contém significados ocultos que nos ensinam coisas que excedem nossa natureza”.

Assim é que a alma, como o corpo, foi criada por Deus.

São João Crisóstomo interpreta esse sopro de Deus dizendo que “não apenas não faz sentido, como ainda é deslocado” dizer que aquilo que foi assoprado sobre Adão foi a alma e que a alma foi transmitida ao corpo a partir da substância de Deus. Se isso fosse verdade, então a alma não seria sábia num lugar e tola e insensata em outro, ou justa num lugar e injusta em outro. “A substância de Deus não é divisível e mutável, mas é, ao contrário, imutável”. Assim sendo, o sopro divino foi “a energia do Espírito Santo”. Tal como Cristo disse: “Recebam o Espírito Santo”, também o sopro divino “entendido humanamente é o venerado e santo Espírito”. De acordo com o santo, a alma não é um pedaço de Deus, mas a energia do Espírito Santo, que criou a alma sem ter se tornado alma ela mesma. “Esse Espírito veio e não se tornou alma, mas criou a alma; ele não se transformou em alma, mas criou a alma; pois o Espírito Santo é criador, ele teve uma parcela na criação do corpo e na criação da alma. Pois pelo poder divino, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, criaram a criatura”.

Outro ponto enfatizado pelos santos Padres é de que nós não temos existência no corpo sem uma alma, nem existência numa alma sem o corpo. No momento em que Deus criou o corpo, ele criou também a alma. São Atanásio do Sinai escreve: “Nem o corpo existe antes da alma, nem a alma existe antes do corpo”. São João Damasceno enfatiza, em oposição ao ponto de vista de Orígenes: “Corpo e alma foram formados ao mesmo tempo, não um antes e outro depois”. O mesmo afirma São João Clímaco.

O homem foi feito à imagem de Deus. Essa imagem certamente não se refere ao corpo, mas principal e primeiramente à alma. A imagem no homem é mais forte do que nos anjos pois, como veremos, a alma humana dá a vida ao corpo que lhe é ligado. De modo geral, podemos dizer que a alma é a imagem de Deus. E, como Deus é trino – Nous, Verbo e Espírito – também a alma humana possui três potências: nous, alma e espírito. Em toda a natureza existem “exemplos icônicos” da Santíssima Trindade, mas esta transparece principalmente no homem. A imagem no homem é mais forte do que nos anjos. São Gregório Palamas, falando do batismo de Cristo no Jordão, e explicando porque “o mistério do criado e recriado [homem] revela o mistério da Santa Trindade”, escreve que isso acontece não apenas porque somente o homem é um iniciado e um adorador terrestre da Santa trindade, mas também porque “somente ele é à sua imagem”. Os animais sencientes e irracionais possuem apenas um espírito vital e este não pode existir por si próprio; assim, eles não possuem nous nem palavra. Os anjos e arcanjos possuem nous e palavra, visto que são noéticos e inteligentes, mas não possuem o espírito vivificante, porque não possuem um corpo que receba vida do espírito. Então, desde que o homem possui o nous, a palavra e o espírito vivificante que dá vida ao corpo que lhe está ligado, “apenas ele é a imagem da natureza três vezes pessoal”.

São Gregório Palamas desenvolve o mesmo ensinamento em seus capítulos naturais e teológicos. Assim como o Deus Trinitário é Nous, Verbo e Espírito, assim é também o homem. O espírito do homem, o poder vivificador em seu corpo, constitui “o amor noético do homem”, “ele procede do nous e do verbo, existe no verbo e no nous e possui em si tanto o verbo0 como o nous”. Por sua vez, a natureza noética e racional dos anjos possui o nous, o verbo e o espírito, “mas não possui o espírito vivificante”. Como indicamos, a imagem se refere em primeiro lugar à alma, mas uma vez que o corpo recebe a vida do espírito, a imagem no homem é mais forte do que nos anjos.

São Gregório também enxerga a diferença entre a imagem do homem e a imagem dos anjos de outro ponto de vista. É conhecido seu ensinamento de que em Deus existe a essência e a energia, e que estas estão conectadas separadamente e separadas conectadamente. Esse é o mistério da invisível junção entre essência e energia. A essência de Deus não é partilhada pelo homem, enquanto que as energias o são. E, uma vez que o h omem é a imagem de Deus, esse ensinamento sobre a essência e as energias se aplica igualmente à alma. A alma é, portanto, inseparavelmente dividida em essência e energia.

Ao comparar a alma do homem com as dos animais, São Gregório diz que o animal possui a alma não como uma essência, mas como uma energia. “A alma de cada animal irracional é a vida do corpo que é animado por ela, de modo que o animal possui a vida não essencialmente, mas como uma energia, uma vez que essa vida depende de outra coisa e não é auto- subsistente”. Dessa forma, uma vez que a alma dos animais possui apenas a energia, ela morre com o corpo. Ao contrário, a alma do homem não possui apenas a energia, mas também a essência: “A alma possui a vida não apenas como uma atividade, mas essencialmente, uma vez que ela vive por si. Por essa razão, quando o corpo perece, a alma não perece com ele”. Ela permanece imortal. A alma inteligente e noética é composta, mas “desde que sua atividade é dirigida a algo além, ela não produz síntese naturalmente”.

Em seu ensinamento, São Máximo o Confessor estabelece que a alma possui três potências, sendo: a) nutrição e crescimento, b) imaginação e instinto, e c) inteligência e intelecção. As plantas compartilham apenas da primeira dessas potências; os animais partilham também da imaginação e do instinto, enquanto o homem possui as três potências. Isso mostra o grande valor do homem em relação aos animais irracionais. Da mesma forma, o que foi dito previamente mostra como os anjos diferem dos homens. Assim, quando Cristo se tornou homem, ele recebeu um corpo humano e não a forma de um anjo, e ele se tornou um Deus homem, e não um Deus anjo.

Do que foi dito, podemos agora vislumbrar a divisibilidade da alma. Não pretendemos nos estender sobre esse tema, mas apresentaremos as coisas que apresentam aspectos essenciais para o tema geral deste estudo.

São João Damasceno disse que a alma é inteligente e noética. Deus deu ao homem “uma alma inteligente e noética mediante um sopro apropriado”. É um ensinamento básico dos Padres que o nous e a inteligência são duas energias paralelas da alma. São Gregório Palamas, referindo-se ao fato de que a alma é uma imagem da Santa Trindade, e escrevendo que esta consiste em Nous, Verbo e Espírito, diz que a alma, criada por Deus à Sua imagem, “é dotada de nous, verbo e espírito”. Deste modo ela deve guardar sua ordem, inteiramente associada a Deus. Ela deve olhar apenas para Deus, adornar-se constantemente com sua lembrança e contemplação e com o mais cálido e ardente amor por Ele.

A alma é prejudicada por paixões e pecados. Assim, ela deve ser unificada e oferecida da Deus. A unificação acontece de muitas maneiras, em especial quando se colocam em prática as palavras de Cristo. Teolepto, Metropolita de Filadélfia, enfatiza especialmente o valor da prece. “A prece pura, depois de unificar em si o nous, o verbo e o espírito, invoca o nome de Deus em palavras, olha para Deus a quem está invocando, com um nous livre de distrações, e mostra contrição, humildade e amor. então ela inclina para si a eterna Trindade, o Pai, o Filho e o Espírito Santo – Um Deus”. Pela palavra nos recordamos constantemente do nome de Cristo, com um nous livre de distrações olhamos para Deus, e com o espírito nos deixamos possuir pela contrição, a humildade e o amor.

Dessa forma as três potências da alma são unidas e oferecidas à Santíssima Trindade. É assim que a cura da alma tem lugar, e trataremos disso mais extensamente adiante. O desmonte das potências da alma é sua enfermidade, e a unificação sua cura.

Nicetas Stethatos divide a alma em três partes mas fala principalmente de duas, das partes inteligente e passional. A parte inteligente é invisível e não está ligada aos sentidos, “como se existisse tanto dentro como fora deles”. Creio que aqui ele está se referindo ao nous. Mais tarde veremos a distinção entre inteligência e nous, mas agora vamos enfatizar que o nous tem uma relação com Deus, enquanto que a inteligência, enquanto energia, é aquilo que formula e expressa as experiências do nous. A parte passional da alma é dividida entre sensações e paixões. Essa parte é chamada de passional, porque “está sujeita às paixões”.

São Gregório do Sinai, analisando as potências da alma e descrevendo com precisão o que cabe a cada uma delas, diz que os pensamentos malignos trabalham na parte inteligente; as paixões bestiais na parte excitável; lembranças de paixões animalescas, na parte apetente; as fantasias, na parte noética; e as noções na parte racional.

O mesmo santo diz que quando, por seu sopro vivificante Deus criou a alma inteligente e noética, “ele não a criou com ódio ou luxúria animal; ele dotou a alma apenas com o poder concupiscente e com a coragem para ser atraída amorosamente”. Com a criação da alma, “nem a luxúria nem o ódio foram incluídos no seu ser”. Estes foram resultantes do pecado.

Não iremos agora desenvolver mais a fundo o tema da divisão da alma, porque isso será descrito no quarto capítulo, que se refere às paixões. Incluímos algo a respeito da divisão da alma neste capítulo apenas porque estamos tratando especificamente da alma.

Também existe uma relação e uma conexão entre a alma e o corpo. Mas qual é essa relação e até quanto ela existe? É o que veremos a seguir.

O home é feito de corpo e alma. Cada um desses elementos por si não constitui um homem. São Justino, o filósofo e mártir, diz que a alma em si não é um homem, mas é chamada de ‘alma do homem’. Do mesmo modo o corpo não é chamado de homem, mas de ‘corpo de homem’. “Apesar de o homem não ser nenhum dos dois, a combinação dos dois é chamada de homem; Deus chamou o homem para a vida e a ressurreição, e não chamou uma parte, mas o todo, que é a alma e o corpo”.

A alma, como destacamos, foi criada junto com o corpo em sua concepção. “O embrião é dotado de uma alma na concepção”. A alma é criada na concepção e “a alma, nesse instante, é tão ativa quanto a carne. Assim como o corpo cresce, cresce a alma manifestando suas energias”.

Existe uma clara distinção entre alma e corpo, uma vez que “a alma não é um corpo, mas é incorpórea”. Ademais, é completamente impossível para o corpo e a alma existirem ou serem chamados de corpo e alma sem estarem relacionados, ou independentemente um do outro. “Porque essa relação foi fixada”.

Os filósofos antigos acreditavam que a alma possui um lugar específico no corpo, que o corpo é a prisão da alma e que a salvação da alma consiste em se livrar do corpo. Os Padres ensinaram que a alma está em todas as partes do corpo. São Gregório Palamas dizia que os anjos e a alma, sendo incorpóreos, “não estão localizados em um lugar, nem estão em toda parte”. A alma, na medida em que sustenta o corpo junto do qual foi criada, “está em todo lugar no corpo, não como se estivesse em um lugar, nem como se estivesse circunscrita, mas como algo que sustenta, circunscreve e dá vida a ele, porque possui em si também a imagem de Deus”.

O mesmo santo, percebendo que algumas pessoas (helenizantes) localizavam a alma no cérebro como se este fosse uma acrópole, enquanto outras a colocavam no centro do coração, “nesse elemento que foi purificado do sopro da alma animal” como um veículo genuíno (judaizantes), disse que sabemos precisamente que a parte inteligente está no coração, não como num continente, porque é incorpórea, nem fora do coração, visto que está associada a ele. O coração do homem é o órgão controlador, o trono da graça, de acordo com Palamas. Nele devem ser encontrados o nous e todos os pensamentos da alma. Os santos afirmam ter recebido esse ensinamento do próprio Cristo, que fez o homem. Ele nos relembra as palavras de Cristo: “Não é o que entra na boca do homem que o corrompe, mas o que sai dela[11]”, e: “Porque é do coração que procedem os maus pensamentos[12]”. O santo ainda acrescenta que São Macário disse: “O coração dirige todo o organismo, e quando a graça toma posse do coração, ele reina sobre todos os pensamentos e sobre todos os membros, pois é no coração que o nous e a alma têm assento”. Portanto, o objetivo básico da terapia, diz ele, consiste em fazer retornar o nous “que por causa dos sentidos se dissipou algures para fora do coração”, que é a “sede dos pensamentos” e o “primeiro órgão inteligente do corpo”.

Voltaremos ao tema, mas o que desejo em primeiro lugar é sublinhar que de acordo com o ensinamento dos Padres, a alma usa o coração como seu órgão e dirige o corpo. A alma está em união com o corpo; ela não é estranha a ele. Nemésio de Edessa ensina que “a alma é incorpórea, e não está circunscrita a uma porção específica do espaço, mas se alastra toda ela por toda parte: como o sol que se estende até onde alcança sua luz tanto quanto por todo o corpo do próprio sol, não sendo uma parte daquilo que ela ilumina, como aconteceria se ela não estivesse onipresente ali”. Acima de tudo, “a alma está unida ao corpo, mas permanece distinta dele”.

A alma ativa e dirige o corpo e todos os membros do corpo. É um ensinamento da Igreja Ortodoxa que Deus dirige o mundo pessoalmente sem intermediários criados, apenas com sua energia incriada. Portanto, assim como Deus ativa toda a natureza, do mesmo modo a “alma ativa os membros do corpo e move cada um em conformidade com a operação do membro em questão”. Assim tal como é a tarefa de Deus administrar o mundo, “é tarefa da alma guiar o corpo”.

São Gregório Palamas, que se debruçou sobre o  tema das relações entre alma e corpo, diz que aquilo que acontece em Deus acontece na alma. A alma tem em si, em forma simples, “todas as potências providenciais do corpo”. E mesmo quando algum membro do corpo é ferido, se os olhos são removidos ou os ouvidos ensurdecidos, a alma não deixa de possuir as potências providenciais do corpo. A alma não constitui as potências providenciais, mas ela possui essas potências. Apesar da presença dessas potências providenciais nela, ela continua sendo “simples e não formada por partes”, não “composta nem sintética”.

É típico que nessa passagem São Gregório correlaciona o que acontece na alma em relação ao corpo com a relação de Deus com toda a criação. Deus dirige o mundo com suas potências providenciais mesmo antes do mundo ter sido criado. Contudo, Deus, que não apenas possui muitas potências como ainda é todo-poderoso, não fica privado de sua unicidade e simplicidade por causa das potências que há nele. Isso mostra claramente que a alma é “à imagem de Deus”. O que se passa com relação a Deus se passa analogamente em relação à alma do homem.

São Gregório de Nissa diz que a alma é imaterial e incorpórea “operando e se movendo de uma maneira correspondente à sua natureza peculiar, e evidenciando essas emoções peculiares através dos órgãos do corpo”. O mesmo santo ensina epigramaticamente que a alma não é suportada pelo corpo, mas que ela suporta o corpo. Ela não está no interior do corpo como em um vaso ou um saco, ao contrário, é o corpo que está dentro dela. A alma está em toda parte no corpo “e não existe parte iluminada por ela, na qual ela não esteja inteiramente presente”.

A conclusão geral no que se refere ao relacionamento entre alma e corpo é de que a alma está em todo o corpo, que não existe setor do corpo do homem no qual a alma não esteja presente, que o coração é a primeira sede inteligente da alma, que o centro da alma está nele, não como num vaso, mas como num órgão que guia todo o corpo, e que essa alma, embora distinta do corpo, está intimamente ligada a ele.

Todas essas coisas foram ditas, porque estão estreitamente ligadas ao tema deste estudo. Pois não podemos entender a queda e a enfermidade da alma se não soubermos o que é a alma e como ela está ligada ao corpo.

1.1.2.        Enfermidade e morte da alma

Na igreja fala-se com frequência da queda do homem e da morte que chegou como resultado dessa queda. Primeiro veio a morte espiritual, a morte física seguiu-se a ela. A alma perdeu a graça incriada de Deus, o nous deixou de ser relacionar com Deus e se obscureceu. Ele transmitiu este obscurecimento e esta morte ao corpo. De acordo com São Gregório o Sinaíta, o corpo do homem foi criado incorruptível e “assim ele ressuscitará”, e a alma foi criada impassível. Mas como havia uma tenaz ligação entre a alma e o corpo devido à sua interpenetração e à sua comunicação, ambos se corromperam. “A alma adquiriu as qualidades das paixões, ou antes, dos demônios, e o corpo se tornou coo de um animal irracional por causa da condição em que caiu e pela predominância nele da corrupção”. Uma vez que a alma e o corpo se corromperam, eles formaram “um ser animal, irracional e insensato, sujeito ao ódio e à luxúria”. Foi assim segundo as Escrituras, que o homem “se uniu aos animais e se tornou como eles”. Em decorrência da queda, a alma do homem se encheu de paixões, seu corpo se tornou como o dos animais. O homem ornou-se das vestes de uma pele de decadência e mortalidade e se assemelhou aos animais irracionais.

Essa enfermidade, escravidão, impureza e morte da alma é admiravelmente descrita nos textos patrísticos. Todo pecado é uma repetição do pecado de Adão, e com cada pecado mergulhamos mais na escuridão e morte da alma decaída. Vejamos mais de perto esses estados decaídos da alma.

Quando o homem deixa livres seus sentidos e, permeando esses sentidos, o nous se afasta do coração, sua alma se torna cativa. “O descontrole dos sentidos coloca grilhões na alma”. Essa escravidão é o equivalente do obscurecimento. O crepúsculo do sol cria a noite. E quando Cristo se retira da alma e as trevas das paixões a tomam, então “as feras imateriais a fazem em pedaços”. A alma humana cai numa escuridão impenetrável e os demônios passam a operar nela. Ela está como que numa noite sem lua.

Isso também constitui a moléstia da alma. São Thalassius diz: “A doença do coração é uma disposição para o mal, enquanto que sua morte é o pecado posto em ação”. A alma doente é conduzida passo a passo para a morte.

Na realidade, a doença da alma é a impureza. “A impureza da alma reside no fato dela não funcionar de acordo com a natureza. É por isso que os pensamentos passionais se produzem no intelecto”. De acordo com São Máximo, “uma alma cheia de pensamentos de desejo sensual e ódio é impura”.

Hesíquio o Sacerdote descreve o modo como a alma adoece e acaba por morrer. Deus criou a alma simples e boa, mas ela se delicia com as provocações do demônio e, “uma vez que ela se corrompe, ela passa a perseguir algo sinistro como se fosse bom”. Nesse caminho “seus pensamentos se tornam enlaçados com as fantasias provocadas pelo diabo”. Então “a alma consente com a provocação e, para sua própria condenação, tenta fazer com que essa fantasia mental desregrada se torne uma ação concreta por intermédio do corpo”.

São Gregório Palamas, citando passagens da Escritura, como as palavras do Apóstolo Paulo, “mesmo quando estávamos mortos por nossas faltas, Ele nos fez reviver junto a Cristo[13]”, e as palavras de João Evangelista, “existe um pecado que conduz à morte[14]”, e as palavras de Cristo ao seu discípulo, “Deixe que os mortos enterrem os mortos[15]”, diz que, embora a alma seja imortal pela graça, isso não impede que “quando ela se dissipa, se abandona aos prazeres e à autoindulgência, ela morre, ainda que viva”. É assim que ele interpreta as palavras de Paulo: “Ela [a viúva] que vive no prazer está morta, ainda que viva[16]”. Embora a alma esteja viva, ela está morta, uma vez que ela não possui a verdadeira vida que é a graça de Deus. Quando nossos ancestrais se afastaram da lembrança e da theoria de Deus e desrespeitaram seu Mandamento, tomando o partido do espírito mortal de Satanás, eles foram despidos “da vestimenta luminosa e viva da irradiação sobrenatural e também se tornaram espíritos mortos como Satanás”. É assim que sempre acontece. Quando alguém se une a Satanás e faz sua própria vontade, sua alma falece, porque Satanás não é apenas um espírito morto, como ainda ele leva a morte àqueles que dele se aproximam.

Quando a alma não trabalha de acordo com a natureza ela está morta. “Quando ela não está saudável, embora ela mantenha a aparência de vida, ela está morta... Quando, por exemplo, alguém não se preocupa com a virtude, mas é voraz e transgride a lei, como posso dizer que ele possui uma alma? Porque anda? Mas os animais irracionais também andam. Porque come e bebe? Mas as feras selvagens também fazem isso. Está bem, porque a pessoa se mantém sobre seus dois pés? Ao contrário, isso me convence de que ela é uma besta em forma humana”.

Nos ensinamentos do Apóstolo Paulo, o homem ‘morto’ é chamado de             ‘carnal’ ou de ‘não espiritual’. Em sua carta aos Coríntios, ele escreve: “o homem não espiritual não recebe os dons do Espírito de Deus[17]”. Ele também escreve: “Enquanto houver inveja e conflito entre vocês, não serão vocês carnais, apenas caminhando como meros homens?[18]”. De acordo com o Professor Romanides, as palavras usadas para ‘não espiritual’ (psychikos), ‘carnal’ (sarkokos) e ‘caminhando como meros homens’ (kata anthropon peripateite) possuem o mesmo significado. “O homem carnal e não espiritual é o homem inteiro, alma e corpo, que abandonou a energia do Espírito Santo que torna a pessoa incorruptível”. “Quando um homem não segue o Espírito, ele se priva da energia vivificante de Deus e se torna não espiritual”.


1.1.3.        A terapia da alma

Toda a tradição da Igreja Ortodoxa consiste em curar e trazer para a vida a alma morta pelo pecado. Todos os sacramentos e toda a vida ascética da Igreja contribuem para essa cura. Quem não estiver consciente deste fato não será capaz de sentir a atmosfera da Tradição Ortodoxa. Poderemos ver a seguir no que consiste essa saúde e vitalidade da alma, e os muitos modos de se obter isso, e como funciona uma alma viva e saudável.

A saúde da alma consiste na impassibilidade e no conhecimento espiritual. “A alma é perfeita quando está permeada pelas virtudes”. Uma alma é perfeita se “seu aspecto passional está totalmente orientado para Deus”. A alma pura é “aquela que ama a Deus”. A alma pura é “aquela que se libertou das paixões que se se delicia constantemente no amor divino”.

Os santos Padres também descrevem muitos caminhos por meio dos quais a alma pode ser revivida, vitalizada e curada. A divina lamentação, ou arrependimento, conduz ao fim do prazer sensual, mas somente “a destruição do prazer sensual constitui a ressurreição da alma”. Antônio, o grande servo de Deus, dizia ser preciso purificar nossa mente. “Pois eu acredito que quando a mente é completamente pura e se encontra em seu estado natural, ela obtém uma percepção penetrante, e vê mais claramente e mais longe do que os demônios, uma vez que o Senhor lhe revela as coisas”. Vale dizer, o santo servo do Senhor nos conjura a que purifiquemos nossas mentes. Já foi comentado que se alguém mantém seu nous puro de maus pensamentos e de imagens variadas, ele conseguirá manter pura sua alma.

Teolepto, Metropolita de Filadélfia, ensina: “Quando, depois de dar fim às distrações exteriores, você ainda mantém pensamentos interiores, então seu nous está agitado por atos e palavras espirituais”. O esforço para manter a mente pura e para libertar a si mesmo das muitas distrações tem como resultado o aparecimento do nous em nosso interior, ele que estava morto e oculto. Assim é que Teolepto adverte: “Coloque um fim em se misturar com o mundo exterior e lute contra os pensamentos interiores até encontrar a paz da prece pura e a morada onde habita Cristo”. O coração, como veremos adiante, é essa morada. Mas só descobriremos isso quando nos esforçarmos para viver em quietude e quando lutarmos contra os pensamentos que o mantém sob seu jugo dentro de nós. A pureza do nous é muito importante. Esse método é simples, mas abrangente, e traz grande benefício à alma, porque faz dela o templo do Espírito Santo.

A alma se cura quando ela rejeita relações com as coisas inferiores e se abre em amor ao que é superior.

São Gregório Palamas, interpretando a tradição da Igreja Ortodoxa, diz que por meio da transgressão e do pecado perdemos a semelhança com Deus, mas não perdemos a imagem. E é exatamente por não termos perdido a imagem, que podemos restaurar a alma. A alma, liberta das relações com as coisas exteriores e aberta ao amor daquilo que é superior, submissa a ele por meio das obras e caminhos da virtude, “recebe dele a iluminação, o ornamento e o melhoramento, e obedece seus conselhos e exortações, recebendo assim a vida verdadeira e eterna”. Quando a alma obedece a lei de Deus, ela se torna gradualmente mais saudável, é iluminada e recebe a vida eterna.

Paralelamente ao método prático de cura da alma, Nicetas Sthetatos oferece ainda outro método, por meio da theoria. Onde existe o amor a Deus, um nous ativo, e a participação na inalcançável luz, “existe também a paz nas potências do coração, a purificação do nous e a habitação interior da Santíssima Trindade”. Sendo assim, ao lado do esforço para manter puro o nous, é preciso acostumar o nous à ação interior e à prece interior, para adquirir a caridade e o amor a Deus – porque, onde este amor habita, a paz chega para as potências da alma – e a pureza do nous.

Em outra seção deste livro falaremos de modo mais analítico sobre o modo como a alma é curada quando ela se move de acordo com a natureza, e descreveremos o movimento natural de cada parte da alma. Aqui, embora estejamos tratando da cura da alma, apenas sublinhamos alguns fatos.

São Gregório Palamas escreve que nós lutamos para conduzir para fora de nosso corpo a lei do pecado e para instalar em seu lugar a vigilância do nous, e desta forma estabelecer uma lei apropriada para cada potencia da alma e para cada membro do corpo. Para os sentidos, ordenamos o autocontrole. Para a parte passional da alma, o amor. Aumentamos a inteligência rejeitando tudo o que impeça a mente de ascender para Deus, e chamamos isso de ‘nepsis’. Se uma pessoa conseguiu purificar seu corpo por meio do autocontrole, se fez de suas emoções e desejos ocasiões para a virtude, se apresentou a Deus uma mente purificada pela prece, então ela irá “adquirir e ver em si mesma a graça prometida àqueles cujos corações foram purificados”.

São Máximo, dentro da tradição Ortodoxa, exorta: “Refreie a potência irascível de sua alma por meio do amor, extinga seu desejo por meio do autocontrole, dê asas à sua inteligência com a prece, e a luz de seu nous jamais será obscurecida”.

Não são conselhos nem remédios que curam a alma adoecida, que dão vida ao nous morto, que purificam o coração impuro, mas o método ascético da Igreja, o autocontrole, o amor, a prece e a guarda do nous das provocações de Satanás através dos maus pensamentos. É por isso que acreditamos que a tradição Ortodoxa é muito importante em nossos tempos, pois ela é a única coisa que pode libertar o homem e curá-lo de sua ansiedade e insegurança trazidas pela morte de sua alma.




[1] Mateus 2: 20.
[2] João 10: 11.
[3] Romanos 16: 4.
[4] Mateus 10: 28.
[5] Lucas 12: 20.
[6] Mateus 16: 25.
[7] I Tessalonicenses 5: 23;
[8] Apocalipse 6: 9.
[9] Romanos 13: 1.
[10] Gênesis 2: 7.
[11] Mateus 15: 11.
[12] Mateus 15: 19.
[13] Efésios 2: 5.
[14] I João 5: 16.
[15] Mateus 8: 22.
[16] I Timóteo 5: 6.
[17] I Coríntios 2: 14.
[18] I Coríntios 3: 3.

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