A tradição patrística foi obrigada a utilizar
a linguagem filosófica de seu tempo para poder ser compreendida e para poder
combater as distorções heréticas da tradição da Igreja. É claro que isto não
quer dizer que a filosofia foi usada para entender os ensinamentos de Cristo.
Definitivamente, os Padres rejeitaram as especulações abstratas a respeito de
Deus e de sua relação com a criação, e insistiram numa perspectiva empírica da
união com Deus por meio da purificação e da iluminação do coração. É dentro deste
contexto que seus termos praxis
(ação, feito) e theoria (visão),
devem ser entendidos. Não se trata aí da distinção medieval ocidental entre a
vida ativa e a vida contemplativa. Praxis
é a purificação do coração e theoria
é a visão da glória que o coração recebe tanto pela iluminação interna pela fé
como pela glorificação ou theosis. A theosis é a visão da glória de Deus em
Cristo. A theosis não é a iluminação,
nem simplesmente a participação na Sagrada Eucaristia, como alguns Ortodoxos de
hoje pensam.
Essas
distinções pressupõem o fato de que é o coração e não o intelecto o centro da
espiritualidade e o lugar onde se forma o teólogo, e também do fato de que o
coração normalmente não funciona como deveria. Aqueles em quem o coração apenas
bombeia o sangue, pensam naturalmente que o cérebro e o sistema nervoso
constituem o centro da consciência do homem e da sua capacidade de analisar as
suas relações internas e externas com as diferentes realidades, de tal modo que
quando eles leem o modo como no Velho e no Novo Testamentos o coração é visto e
considerado como um centro assim, concluem naturalmente que isto se deve a um
entendimento primitivo e pouco acurado. Todavia, a tradição Ortodoxa está
cônscia de que o coração, além de bombear o sangue, constitui, desde que seja
adequadamente condicionado, o lugar de comunhão com Deus por intermédio de uma
prece incessante, ou seja, da incessante lembrança de Deus. As palavras de
Cristo, “Bem-aventurados os puros de coração porque estes verão a Deus”, são
tomadas muito a sério porque elas se realizaram em todos aqueles que foram
agraciados com a glorificação, tanto antes como depois da Encarnação.
As teologias
pastoral e dogmática são para os Padres uma só realidade e são ensinadas
precisamente quando o intelecto ou razão observa as ações do Espírito Santo no
coração e trabalham pela expulsão dos pensamentos, sejam eles bons ou ruins,
que não pertencem a ele, e os substituem apenas pelo único
pensamento-prece-lembrança de Deus.
Os Padres
deram o nome de nous à faculdade da
alma que opera dentro do coração quando este é restaurado à sua normalidade, e
reservaram os nomes de Logos e dianoia para o intelecto e a razão, ou
para aquilo que hoje em dia seria chamado de cérebro e seu sistema nervoso. Outros
Padres incluíram a função orante do coração dentro do termo nous, incluindo também neste as funções
intelectuais e racionais da alma centradas no cérebro. Para evitar confusões,
usaremos os termos “faculdade noética” e “prece noética” para designar a
atividade do nous no coração,
denominada noera euxé[1].
A prece do
coração pode se tornar contínua, na medida em que a prece abrigada no intelecto
ou cérebro passa a operar por decisão daquele que ora, e nos momentos
escolhidos por ele. Quem possui o dom da prece incessante no coração ora também
em sua mente ou intelecto quando ora com outros e para outros, em sua presença
e por sua edificação. Nestes momentos, ele literalmente ora por si próprio com
seu intelecto e ao mesmo tempo ora em seu coração com o Espírito, com a língua
Pentecostal ou a palavra dada a ele por Deus em Cristo. Uma é a prece do homem
para Deus, a outra é a prece do Espírito Santo em Cristo, a Deus, nele. São
Paulo considera esta dupla oração como tendo sido concedida à Igreja de Corinto
como um fenômeno natural, mas repreende os Coríntios que receberam esse dom por
não rezarem também em benefício de outros presentes, que não eram capazes de
orar senão com a mente[2].
Paulo inclusive nos diz que quando o fiel alcança a filiação ou a adoção em
Cristo, isso significa que “Deus enviou o Espírito de seu Filho ao coração,
clamando: Abba, Pai, de modo que você já não é mais escravo, mas filho; e como
filho, também é herdeiro de Deus através de Cristo[3]”.
Ao falar dessa prece pelo Espírito ou com a língua (glossi), São Paulo não está se referindo à prece que é audível
pelos outros. Pois aquele que ora com a língua não está falando com os homens,
mas com Deus. “Pois ninguém o entende, uma vez que ele fala mistérios pelo
Espírito[4]”.
“Se eu for a vocês falando em línguas, que benefício poderei trazer a vocês, se
não levar a vocês nem revelação, nem ciência, nem profecia, nem ensinamento[5]...”.
Isto não deve ser confundido com o fato de que os apóstolos, no dia de
Pentecostes, eram entendidos por todos, cada qual no seu dialeto. São Paulo
estava se referindo àqueles que, sem a prece do Espírito Santo em seus
corações, não sabem o que está sendo rezado, porque não conseguem ouvir nada.
São Paulo
considera esta prece pelo Espírito ou por línguas no coração como um
pressuposto do dom da profecia. Ele insiste em que aqueles que foram agraciados
por Deus com esta forma de oração estão realmente obrigados a profetizar. “Eu quero
que vocês falem em línguas, mas que também profetizem. Porque aquele que
profetiza é superior ao que fala por línguas, a menos que ele mesmo as
interprete, para a edificação da Igreja[6]”.
Esse dom da prece pelo Espírito equivale à chegada de Deus em Cristo no
coração, e ao erguimento do véu que obscurecia a leitura de Moisés[7].
Porém, esse dom da profecia já não prognosticava para Paulo a chegada do Anjo
do Grande Conselho, mas interpretava a profecia do Velho Testamento como tendo
sido realizada no Senhor da Glória, feito Cristo ao nascer como homem da
Virgem, e cuja obra foi levada à perfeição por sua morte, ressurreição,
ascensão e retorno no Espírito Santo no Pentecostes. Isso é assim porque aquele
que reza por línguas ou pelo Espírito conhece a Cristo ressuscitado
pessoalmente, porque este habita em seu coração junto com o Pai, por ter ele se
tornado o templo de Deus, e não apenas por ter lido a respeito dele na
Escritura.
A prece no
Espírito – ou “prece noética” – também é chamada de lembrança incessante de
Deus. É isto que foi esquecido depois da queda, causando o escurecimento da
faculdade noética e o endurecimento do coração.
Atualmente
existem dois sistemas de memória conhecidos nos seres vivos: uma memória
celular que determina o desenvolvimento e a função do indivíduo em relação a si
mesmo e uma memória cerebral que determina as funções e relações do indivíduo
consigo mesmo e com o meio em que está inserido. Adicionalmente, existe nos
humanos uma memória de Deus, não funcional ou subfuncional, que reside no
coração e que quando é restaurada no seu funcionamento resulta na normalização
de todas as outras relações ao transformar o egoísmo e o amor próprio baseados
no medo, num amor desinteressado e livre de ansiedade[8].
A queda do
homem ou a condição do pecado herdado constituiu, seja a falência da faculdade
noética em funcionar adequadamente (ou simplesmente funcionar), seja sua
confusão com as funções do cérebro e do corpo em geral, seja a escravidão
resultante da ansiedade e o meio. Cada indivíduo experimenta a queda de sua
própria faculdade noética em vários níveis, na medida em que vai sendo exposto
a um meio de disfunções e de não funcionamento das faculdades noéticas. O
inverso normalmente ocorre quando o meio é dominado pela iluminação em Cristo,
também em graus variados.
O resultado do
mau funcionamento das faculdades noéticas são as relações anormais entre Deus e
o homem, bem como entre os homens, e a utilização prática tanto de Deus como do
homem caído para o entendimento que cada um tem a respeito de segurança e
felicidade. O deus ou os deuses que o homem imagina que existem fora da
iluminação não passam de projeções psicológicas de sua necessidade de
segurança. Devido ao medo e à ansiedade, suas relações com os outros e com Deus
são sempre utilitárias. Apesar disso, todo indivíduo é sustentado pela glória,
a luz, o poder, a graça, etc., incriadas, criativas e que o suportam a partir
de Deus, mesmo que ele não seja membro do Corpo de Cristo por não ter sido
conduzido à iluminação pela purificação da faculdade noética em seu coração. A
reação contrária a essa relação direta ou comunhão com Deus vai do
endurecimento do coração – isto é, o sopro que apaga a centelha da graça – à
experiência da glorificação dos santos. Isso significa que todos os homens são
iguais em possuir a faculdade noética, mas não na qualidade ou grau de seu
funcionamento.
É importante
notar a clara distinção que existe entre a espiritualidade, que está enraizada
basicamente na faculdade noética do coração, e a intelectualidade, que está
enraizada no cérebro. Assim sendo, teremos as seguintes quatro categorias de
pessoas: aquelas com poucas aquisições intelectuais e que chegam ao mais alto
nível da perfeição noética, as com as mais altas aquisições intelectuais e que
caem aos mais baixos níveis da imperfeição noética, as que conseguem as maiores
aquisições intelectuais e também a perfeição noética, e finalmente as que
possuem parcas habilidades e aquisições intelectuais e que também têm um
coração endurecido.
Esses fatores
são a chave para o entendimento da doutrina patrística e bíblica, e da
formulação dos dogmas dos Concílios Ecumênicos. Elas não têm nada a ver com a
filosofia ou a metafísica e estão mais próximas do campo da psiquiatria. O
homem tem um mau funcionamento da faculdade noética que deveria funcionar em
seu coração. A cura para esta moléstia também chamada de “pecado original”, é a
incessante lembrança de Deus, também chamada de prece perpétua ou iluminação, e
que não tem nada a ver com o entendimento platônico ou agostiniano da
iluminação por via da intuição ou do conhecimento dos universais.
A correta
preparação para a visão de Deus em Sua glória comum a Cristo consiste em se
tornar um templo para o Espírito Santo por meio da transformação do egoísmo e
do amor utilitário num amor desprendido e não utilitário. Esta transformação
ocorre durante o mais alto nível do estado de iluminação chamado theoria, que significa literalmente
visão, e que neste caso se refere à visão das razões ou energias de Deus na
criação por meio da prece perpétua e da ininterrupta lembrança de Deus. A
faculdade noética é libertada de sua escravidão ao intelecto, às paixões, ao
meio, e passa a ser influenciada apenas pela lembrança de Deus que funciona
simultaneamente às atividades normais da vida cotidiana. Quando a faculdade
noética se encontra neste estágio, o homem se transforma no templo de Deus em
Cristo pelo Espírito Santo.
São Basílio o
Grande escreveu a Gregório o Teólogo que “a moradia de Deus em nós é isto: ter
a Deus estabelecido em nosso interior por intermédio da lembrança. Então nos
tornamos templos de Deus, quando a continuidade da lembrança não é interrompida
pelos assuntos terrenos, nem a faculdade noética é sacudida por sofrimentos
inesperados, mas, escapando a todas essas coisas, esta faculdade amiga de Deus
se retira para Deus, expulsando as paixões que a tentavam com a incontinência,
e se atendo às práticas que conduzem às virtudes”. São Basílio não diz aqui que
uma pessoa se torna o templo de Deus deixando de se ocupar com assuntos
terrestres e pensando ininterruptamente apenas a respeito de Deus, mas que a
lembrança de Deus prossegue simultaneamente com as ocupações dos assuntos
diários e, em especial, quando alguém fica exposto a sofrimentos.
São Gregório o
Teólogo, destinatário desta correspondência, observa que “devemos nos lembrar
de Deus mais ainda do que caminhamos ou respiramos; basta dizer isso, nada mais
precisa ser dito (...). Ou, para usarmos as palavras de Moisés[9],
quando um homem se deita para dormir, quando ele se levanta, quando caminha
pelas estradas, ou seja lá o que faça, ele deve ter isto impresso na lembrança
para se purificar[10]”.
São Gregório
insiste que filosofar sobre Deus “só é permitido àqueles que passaram nas
provas e que alcançaram a theoria, e
que foram previamente purificados em suas almas e corpos, ou, no mínimo, que
estão sendo purificados[11]”.
Esse estado da
theoria possui dois estágios que já
mencionamos: a relação da pessoa com seu meio, pela incessante lembrança de
Deus no coração, e a visão do meio e de si mesmo saturados tanto com a glória
de Deus como com a presença em si da natureza humana de Cristo. A glorificação
da theosis é um dom de Deus que não
se busca, mas que Deus concede a seus amigos de acordo com as necessidades de
cada qual e com as necessidades dos outros.
Durante a
glorificação, as funções normais do corpo, como dormir, comer, beber, mesmo a
digestão, são suspensas. A outros respeitos a mente e o corpo funcionam
normalmente, na medida em que a pessoa vai se aclimatando para ver a si mesma e
o seu entorno saturados pela glória de Cristo, que é tanto escuridão, como luz,
como nenhuma das duas coisas, porque não existe nada assim criado.
Diferentemente da iluminação, a theosis
não constitui um conhecimento, porque ela está acima do conhecimento[12].
A primeira glorificação que a pessoa recebe se realiza com uma perda de
orientação porque inicialmente ela vê apenas o incriado, mas com a aclimatação
ela começa a ver de outro modo seu entorno criado nesta luz, que é o dia do
Senhor e que não tem fim. Então, apesar
de que a prece incessante e o conhecimento sobre Deus tenha terminado, o
conhecimento e a consciência do entorno da pessoa não findam aí.
A justificação
apenas pela fé é o ensinamento da Bíblia. Mas essa fé salvadora consiste num
estado de iluminação do coração, bastante descrita e às vezes chamada de fé
interior. “Porque todos vocês são filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo. Pois
vocês foram batizados em Cristo e de Cristo se revestiram[13]”.
“Porque vocês são filhos, Deus enviou o Espírito de seu Filho aos seus
corações, clamando: Abba, Pai. De tal modo que vocês já não são escravos, mas
filhos, e herdeiros através de Cristo[14]”.
Filiação, justificação e a prece no Espírito Santo no coração são uma, a mesma
e idêntica realidade. Não existe justificação pela lei das obras, mas apenas em
Cristo que dá a lei. A lei não dá a vida, somente Cristo dá a vida. “Pois se
uma lei tivesse sido dada, capaz de criar a vida, então também a justiça viria
desta lei[15]”.
É a fé que se forma naqueles que receberam o dom da prece no Espírito em seus
corações, que dá a segurança do amor de Deus em Cristo, e que resulta num amor
que não busca o seu próprio interesse[16].
Essa terapia e
a transformação da personalidade humana em sua relação com a humanidade faz a
diferença entre aqueles que são curados e os que não se curam muito bem. A fé
em Cristo, sem suportar a cura em Cristo, não é fé alguma. A fé em um médico
sem suportar a cura prescrita por ele resulta na mesma contradição de termos.
Para
colocarmos essa terapia numa perspectiva apropriada em relação ao mundo como um
todo, devemos estabelecer que o Judaísmo profético e seu sucessor, o
Cristianismo, se tivessem aparecido neste século, deveriam ser classificados
não como religiões, mas como ciências médicas na área da psiquiatria, com um
impacto profundo sobre a sociedade, devido ao seu sucesso em curar em graus
diversos a doença do funcionamento parcial da personalidade humana. De modo
algum eles deveriam ser confundidos com religiões, que, por meio de diversas
práticas mágicas e crenças, prometem escapar de um suposto mundo material
maléfico, ou de falsas aparências, para um também suposto mundo de segurança e
felicidade.
Outra maneira
de vermos isto consiste em nos concentrarmos mais profundamente nas implicações
do entendimento bíblico e patrístico a respeito do céu e do inferno. O próprio
Deus é ao mesmo tempo céu e inferno, recompensa e punição. Todos os seres
humanos foram criados para contemplar incessantemente a Deus na glória incriada
de Cristo. Se Deus será para cada um o céu ou o inferno, a recompensa ou a
punição, isso dependerá da resposta de cada um ao amor de Deus em Cristo e da
sua aceitação da prescrição de transformar seu amor egoísta e interesseiro num
amor semelhante ao de Deus, que não busca seu próprio benefício.
Isso significa
que nenhuma religião ou igreja pode reclamar para si o poder de decidir quem
vai para o céu e quem vai para o inferno, uma vez que todos, mais cedo ou mais
tarde, verão a glória de Deus em Cristo, seja como luz, seja com um fogo
consumidor. A verdadeira vida em Cristo constitui uma preparação por meio da
purificação e da iluminação do coração, para que esta visão seja celestial e
não infernal. A responsabilidade primária daqueles que atingiram o estado de
iluminação é a de iluminar as outras pessoas, de modo a que elas possam viver e
trabalhar unidas por meio do amor desinteressado e não utilitário, e ao mesmo
tempo se preparar para a experiência eterna que todos terão.
A partir do
momento em que a pessoa separa céu e inferno e imagina que essas condições
correspondem a lugares diferentes, ou que o inferno é uma perda da visão de
Deus, ela automaticamente introduz aspectos mágicos no entendimento bíblico da
terapia. Assim sendo, a visão de Deus se torna o céu para todos os que, de um
modo ou de outro, adquiriram esse estado. Essa magia pode tomar a forma da
predestinação, da salvação pela fé ou pelas boas obras, ou ainda pela
participação nos sacramentos e pela absolvição sacerdotal, ou por uma
combinação de todas essas coisas. Essas variações da tradição invariavelmente transferem
a necessidade de mudança, do homem para Deus, cuja atitude salvadora em relação
ao primeiro passa a ser determinada por uma obediência escrava à sua Vontade.
Esquece-se de que Deus ama a todas as suas criaturas indiscriminadamente,
incluindo o próprio demônio, com o mesmo amor, esquece-se de que Deus foi e
sempre será o amigo de todos os homens, e que é o homem, e não Deus, que
precisa da reconciliação, isto é, de uma terapia para tratar o mau
funcionamento de parte de sua personalidade.
[1]
Prece do coração.
[2] I
Coríntios 14: 14ss.
[3]
Gálatas 4: 6-7.
[4] I
Coríntios 14: 2.
[5]
Coríntios 14: 6.
[6] I
Coríntios 14: 5.
[7] 2
Corpintios 3: 15.
[8]
Cf. I João 4: 18.
[9]
Deuteronômio 6: 7.
[10]
Oração Teológica I, 5.
[11]
Ibid. I, 3.
[12] I
Coríntios 13.
[13]
Gálatas 3: 26-27.
[14]
Gálatas 4: 6-7.
[15]
Gálatas 3: 21.
[16] I
Coríntios 13: 5.
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